Personalidade: Anélio Rogério Andersen

 



 
15 de novembro de 1942
    21 de outubro de 2014

Vamos conhecer um pouco sobre a história de uma pessoa muito cativante que viveu em Alfredo Wagner. Conhecido por ter trabalhado no mercado de seu irmão Alcibiades e depois durante décadas na garagem da prefeitura, vamos conhecer a vida de seu Anélio. Através das informações cheias de emoções passadas por sua filha Silvia. 

Anélio nasceu na Barra da Jararaca, em 15 de novembro de 1942. Foi o décimo filho — o caçula — de Benjamim Andersen e Mathilde Montilbeller Andersen.
A história de sua família já está presente no livro, nas histórias de suas irmãs Doralice e Alda. Como já comentado, seu pai era descendente dinamarqueses, sua profissão era feitor de obras do DER e depois passou a ser escrivão, se aposentando nessa profissão. Sua mãe tinha descendência italiana e argentina, sua profissão era costureira.     
Segundo sua filha Silvia: “Como toda família grande, tem-se muitas histórias, mas cabe ressaltar que a hospitalidade dos Andersen é herança dos nossos avós”. Outra das heranças recebidas de seus avós, pais de Anélio, teria sido a bondade, pois sempre foram ensinados a agradecer os benefícios recebidos ajudando com dinheiro ou alimentos os mais necessitados. Porém, tinham o lema “o que o que a mão esquerda fazia a direita não sabia”, pois o mais importante era a humildade e honestidade que serviram de modelo para até hoje a seus descentes e não que os outros soubessem sobre suas ações solidárias.            
 A mãe de Anélio era pura bondade, carinho, doçura e beleza. Muito caprichosa com ela e com os filhos. Além de costureira, era dona de casa, uma mãe zelosa e tão carinhosa que colecionava de cada filho o primeiro cachinho de cabelo. Era uma excelente cozinheira, além da polenta cortada a linha, fazia marmelada, bolinhos, geleias, suas inesquecíveis frutas secas e as deliciosas bolachinhas de natal.                                                             
Anélio foi criado em uma casa com muita fartura, que gostava de celebrar as comemorações de Páscoa, de Natal e Ano Novo com grandes festas, reunindo toda a grande família.                        
Foi em meio a esse lar de amor que Anélio cresceu e foi em uma domingueira no Rio Engano, que ele e a uma jovem, chamada Aládia, começaram a trocar alguns olhares, algumas piscadinhas e sorrisinhos. Porém, a mãe da moça não queria o namoro. Mas o que acontece quando dois jovens se apaixonam? Eles só querem viver esse amor!
O casal resolveu fugir. Para isso, Anélio pediu um jipe emprestado e fugiu com sua amada. Logo depois se casaram, em 15 de maio de 1965. Ele com 22 anos e ela com 19 anos.  
O jovem casal foi morar na Barra com a família de Anélio até se estabelecerem. Depois, os jovens abriram um salão de baile, onde algumas vezes também passava uma companhia de teatro.             
Em 03 de maio de 1967, nasceu a primeira filha, Silvia Maria Andersen. Depois de alguns anos de funcionamento, ele resolveu fechar o salão de bailes e se dedicar apenas à agricultura. 
Em 1977, a família teve que se mudar para o centro de Alfredo Wagner, devido à construção da barragem.                                       
Em Alfredo Wagner, ele trabalhou durante muito tempo no supermercado de seu irmão, Alcebíades, e depois passou a trabalhar na prefeitura, até se aposentar. E mesmo aposentado, continuou trabalhando, pois quem o conhecia sabia, ele tinha uma disposição invejável.                                                           
Anélio era conhecido por sempre contar muitas histórias. Sobre os irmãos mais velhos, sobre as artes que faziam e das vezes que apanhavam quando saíam da linha.                                 
Aládia Terezinha Andersen, sua esposa, era filha de descendentes alemães e portugueses, os conhecidos Thiesen e Costa. Era uma mulher vaidosa e caprichosa e muito admirada por todos.
O amor entre o casal só crescia e, em 12 de dezembro de 1986, nasceu a segunda filha, Mariana Andersen e foi uma alegria imane para toda a família.     
Ele tinha como hobby a pescaria. Adorava contar piadas, visitar os irmãos, em especial suas irmãs, que via quase todo dia.                              
Em 1990, com apenas 45 anos Aládia foi diagnosticada com câncer: linfoma folicular não-Hodgkin, e aí começou uma grande luta. Desde então, Anélio passou a se dedicar a cuidar da doença da esposa. 
Mas a vida ainda reservava algumas alegrias para Anélio. Ele sempre valorizou muito a família, o afeto, o abraço e para completar sua alegria, Cauan, seu primeiro neto, chegou. Anélio ficou imensamente feliz e foi com ele que o neto aprendeu muitas coisas, inclusive a dirigir e a pescar. Eles eram muito apegados e Cauan andava com o vô pra cima e pra baixo. Ele foi um avô muito presente na vida do neto. Um pouco depois, nasceu Bernardo Andersen Moretti, seu segundo neto e ele parecia uma criança, brincando com o netinho, cheio de amor. Foi com o avô que os netos aprenderam o valor de ter respeito pelas pessoas.                                                
Em 2011, a doença de sua esposa Aládia voltou com intensidade. Foram diversas viagens, consultas, internações, quimioterapias, sempre com Anélio a seu lado. 
Sua sogra, que lá no passado não queria o namoro entre ele e Aládia, ganhou muito mais que um genro, ganhou um filho zeloso, que cuidava dela como ninguém.                                       
"Meu pai conseguia fazer tantas coisas ao mesmo tempo que surpreendia, ainda tirava tempo pras visitinhas dele, pra cuidar da vó, pra cuidar da mãe, enfim, ele era impecável. Era tanto carinho que muitas vezes eu chorava de emoção", conta Silvia.    
 Em janeiro de 2014, sua esposa realizou um transplante de medula e os cuidados de Anélio para com ela redobraram. Ele e a filha, em muitos momentos, estavam exaustos, mas não reclamavam de nada mesmo com todas as dificuldades, pois reconheciam que Aládia estava sendo uma guerreira.                                                 
 Tudo estava indo bem com a esposa, mas no dia 16 de outubro de 2014, Anélio passou mal e no dia seguinte foi encaminhado para Florianópolis. Ele teve que passar por um procedimento de cateterismo e angioplastia. 
"No dia 19, quando me despedi, pedi a benção, ele me abençoou, falei que o amava, ele também falou que me amava, como era de costume. Mal sabia eu que essa seria a última vez que íamos nos falar. Então, dia 21, fui para Florianópolis, pois no dia 22 ele iria ganhar alta, chegando no hospital, avistei meu primo Marcos, que se aproximou e disse a pior coisa que eu ouvi até hoje, que o pai havia partido".
A morte de Anélio pegou a todos de surpresa. A filha estava indo para a capital para trazê-lo para casa. Mas um infarto fulminante acabou findando sua vida.  
Aládia acabou falecendo cinco meses após o amado esposo.                                           
"Eu, como filha, posso parecer suspeita para falar, mas ouço todos sempre falando coisas boas sobre meu pai, sobre o quão especial ele foi. Sua educação era mesmo louvável, atencioso, honesto, trabalhador. Na verdade, ele era pequeno só na estatura, mas enorme em qualidades. Também era apaixonado pelas flores e até hoje as que ele plantou eu ainda cuido, para senti-lo perto sempre. Em termos materiais, nós não éramos ricos, porém nunca nos faltou nada, mas éramos ricos daquilo que dinheiro não compra: amor, educação, berço, Deus".                                           
Assim foi a vida de um ser de luz, que hoje brilha em outra dimensão, mas deixou um legado lindo aqui na terra. A vida de Anélio teve momentos difíceis, sim, mas muitos momentos de alegria. 
"Sinto muita saudade e um vazio imenso, mas tenho muito orgulho de poder falar do senhor, pai, para que outras pessoas saibam o quanto fostes especial também nos bastidores da vida".  
Anélio deixou muitas saudades no peito de todos, mas sua história não terminou com sua morte. Sua filha mais nova deu a ele mais dois netos, Giovanna e Gael, que terão a oportunidade de conhecer seu avô através da memória daqueles que o conheciam e também pelas páginas deste livro. Além disso, Cauan ainda possui um dos xodós da vida de Anélio, um fusquinha 1964, que é cuidado e adorado pelo neto. 
A filha Silvia completa, dizendo: "Me sinto honrada em ter feito parte da sua história, da sua vida e de ter sido sua filha. E pra fechar, deixo um trecho da música de Thalles Roberto que me conecta muito com meu pai:"             
          
"Sinto falta da sua voz
Me chamando pra entrar.
Eu sinto tanta saudade
De conversar contigo.
Saudades do meu amigo.
Saudades do meu pai."
 
Biografia presente no livro "Histórias da Nossa gente"
das autoras: Carol Pereira e Manuella Mariani 

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