Izabela, a Vó Belinha, e os 14 filhos, 7 de setembro de 2005 |
Se estivesse vivo, Cesário Alípio Netto comemoraria 100 anos neste
15 de agosto de 2013. Membro da tradicional Família Netto, pioneira na
colonização de Santa Catarina, Cesário nasceu na localidade de Santa Tereza, em
Petrolândia, no Alto Vale do Itajaí, e faleceu em 19 de março de 1992, em
Alfredo Wagner, meses antes de completar 79 anos – 54 dos quais ao lado de Izabela
Paulino Netto, natural de Indaial, com quem casou em 2 de julho de 1938 e teve
14 filhos.
Filho de Apolonio Henrique Néto e Maria José Néto (conforme
grafia da Certidão de Casamento), Cesário deixou um amplo legado às gerações
seguintes, não só como patriarca deste ramo da tradicional Família Netto –
através dos bons exemplos de homem honrado, solidário e trabalhador –, como
também pela herança cultural, por meio de manuscritos, em prosa e verso, que
resultaram na edição do livro póstumo “Rancho da Alegria e Solidão”.
Num dos textos, Cesário escreve sobre o nascimento e infância:
“Em 1913, a 15 de agosto, dia santificado a ascensão de Nossa
Senhora, minha certidão de batismo confirma que foi o dia do meu nascimento.
Pelo horóscopo do santo dia, o meu nome deveria ser Alípio, mas pelo dever dos
filhos e respeito de meus queridos pais, assinalaram por nome primeiro de
Cesario por parte de meu avô paterno, e ficando Alipio Netto por assinatura. (...)
“Com idade de 4 a 15 meses, diziam minhas tias, 1º tia Marta,
que eu mamei em vosso peito por falta de leite de minha mãe, e por 2º a minha
tia Vicentina, ainda solteira que por ver meu sofrimento, que eu era uma
criança doente e sem esperança de ver, a minha vida parecia muito curta.
Levaram-me para casa de meus avós, para tentar me criar. (...) Com a idade de 5
anos, fiquei definitivo com meus avós (...)”.
Desde muito cedo dedicado ao trabalho, Cesário foi padeiro,
seleiro, lavrador e, logo ao casar, necessitando compor o orçamento doméstico,
caçou borboletas... A vida em comum com Izabela foi iniciada em Petrolândia e, sempre
marcada com muito trabalho, registra passagens em diferentes comunidades e
Municípios de Santa Catarina, onde nasceram seus 14 filhos.
O mais velho, Augustinho nasceu em Petrolândia, em 8 de abril
de 1939. Casado com Tercília, tem 2 filhas e 4 netos, e mora em Palhoça.
Maria Luísa também nasceu em Petrolândia, em 13 de novembro de
1940, e é casada com
José Carlos, com quem tem 2 filhos e 4 netos. Reside em São
José.
Osmair nasceu em Piúrras, em 24 de fevereiro de 1942 e, casado
com Marlene, tem 4 filhos, 8 netos e 3 bisnetos. Mora em Lomba Alta.
Marly nasceu no Pinguerito, em 6 de julho de 1943. Casada com
Gentil, tem 5 filhos, 15 netos e 2 bisnetos. Mora em Bom Retiro.
Cesarinho nasceu em Petrolândia, em 1º de julho de 1944. Casado
em segundas núpcias com Vânia, mora em São
Paulo. Teve 5 filhos com a primeira esposa Iolanda, 10 netos e 3 bisnetos.
Marlene nasceu em Petrolândia, em 24 de junho de 1945. Casada com Sidney, tem 3
filhos e 3 netos, e mora em Alfredo Wagner.
Flora nasceu em Piúrras, em 26 de dezembro de 1952. Viúva de
Jordão, tem 2 filhos e 1 neto. Em segunda núpcias com Adriano, mora na Praia do
Sonho, em Palhoça.
Marízia nasceu em Petrolândia, em 4 de janeiro de 1947. Casada
com Jaime, tem 4 filhos, 6 netos, e mora em Alfredo Wagner.
Joãozinho nasceu em 1º de janeiro de 1948, em Petrolândia, e é
falecido.
Felícia nasceu em Piúrras, em 13 de
maio de 1951. Viúva de Francisco, tem 3 filhas e 2 netos. Em um relacionamento
com Antonio, Mora em Santos, São Paulo.
Elisabete nasceu em Ituporanga, em 4 de novembro de 1956.
Casada com Aldonir, tem 1 filho e mora em Alfredo Wagner.
Juscelino nasceu em Bom Retiro, em 10 de junho de 1954. Casado
com Berenice, tem 3 filhos e mora em Balneário Camboriú.
Vera nasceu em Ituporanga, em 5 de maio de 1959. Casada em
segundas núpcias com Caxá, mora em São Paulo. Do primeiro casamento com
Orestes, tem 2 filhos e 1 neto.
Sandra nasceu na Catuíra, em 10 de dezembro de 1961, e mora em
Santos, São Paulo. É casada com Luiz Carlos.
Clarete nasceu na Catuíra, em 4 de dezembro de 1963. Casada
com Marcos Antonio, tem 3 filhos, e mora em São José.
Depois que a maioria casou,
Cesário e Izabela com as três filhas mais novas, Vera, Sandra e Clarete, foram
morar em Itapevi, na Grande São Paulo. Mas Cesário não se adaptou e a família
voltou para Santa Catarina, exatamente para Alfredo Wagner.
Após a morte de Cesário, Izabela,
a Vó Belinha, permaneceu residindo no Município e, desde então, seu aniversário
em 7 de setembro tornou-se o evento mais importante da família: um encontro
fraterno durante 3, 4 dias, com muita festa ao lado dos filhos e familiares. Nos
últimos anos, essa era a principal preocupação de Izabela: recepcionar os
filhos com alegria e amor.
Vó Belinha faleceu aos 91 anos, em 30 março em 2012, deixando
14 filhos, 39 netos, 54 bisnetos e 7 tataranetos.
Hoje, a Família sente a imensa
falta do amor incondicional de ambos, sempre lembrando e seguindo os bons
exemplos, passando os ensinamentos às gerações que se sucedem.
Os manuscritos deixados por Cesário
foram feitos em diferentes épocas, sobretudo no período em que se isolou no
sítio em Santo Amaro da Imperatriz, apelidado por ele “Rancho da Alegria e
Solidão”.
Izabela guardou e conservou os textos originais e revelou que
ele tinha o desejo de escrever um livro para que os descendentes conhecessem um
pouco seu modo de vida. Assim, confiou os originais à filha Sandra e, em
setembro de 2007, o livro “Rancho da Alegria e Solidão” foi revelado e um
exemplar entregue a cada filho, na festa de seu 87º aniversário.
No livro, Sandra registra agradecimentos:
“Obrigado Pai, pela oportunidade de resgatar sua prosa e verso
e revelá-los ao mundo, especialmente a nossa Família.
Obrigado Mãe, por ter guardado este tesouro.
Obrigado Irmãs e Irmãos, leiam e transmitam os ensinamentos
contidos nas páginas seguintes.
Obrigado aos demais membros da Família, pois a certeza de que
continuamos a crescer é que me animou e ao Luiz a fazermos esforços para
viabilizar esta publicação”.
Na abertura do livro, Sandra destacou a singela união dos pais:
“Cesário Alípio Netto e Izabela se casaram em 2 de julho de
1938. Ficaram casados por 54 anos. “Sou um homem rico de filhos”, dizia
Cesário, com o orgulho de um pai de 14 filhos.
Seus valores eram baseados em honestidade, bondade e
simplicidade. Via a importância das atitudes das pessoas em relação a tudo como
“princípios”, termo que sempre esteve no contexto de suas observações.
Homem de pouca fala, costumava dizer: “Quem muito fala dá bom
dia aos cavalos”. Quando era consultado a dar sua opinião, fazia-se entender.
Tratava o dinheiro com respeito, mas não era apegado a bens
materiais. Sempre gostou de fazer negócio com propriedades e agricultura.
Sabia da importância dos detalhes em casa com a comida, a limpeza,
os trabalhos domésticos. Interagia na cozinha, gostava de comer nos horários
certos e se recolhia na mesma hora para descansar.
Na lavoura era muito caprichoso e seus empregados faziam seu
trabalho tranquilos e recebiam casa, comida e roupa lavada. Eram tratados pelo
nome, sem distinção de cor, raça, religião. Era um homem sem preconceito e bom
parceiro de viagem.
No Natal e no seu aniversário
gostava de receber hóspedes em casa, principalmente, os parentes e os filhos,
que iam morar fora depois de casados”.
O prefácio do livro foi escrito pelo
genro Luiz Carlos e projeta a dimensão da obra de Cesário:
“Diz o ditado que o homem para
tornar-se completo deverá em sua existência fazer um filho, plantar uma árvore,
escrever um livro. O sr. Cesário Alípio Netto, carinhosamente Zalico, fez muito
mais que um filho. Fez 14. Árvore também não foi apenas uma que plantou. Com
certeza foram milhares, de várias espécies, nos diversos solos por onde andou. Livro,
contudo, não chegou a vê-lo pronto em seus 79 anos de vida – muito embora, ao
longo desses anos, sempre tenha escrito em verso e prosa.
Este livro, assim, apenas faz
Justiça ao completar a obra de um homem que hoje continua sendo motivo de
orgulho de uma grande família, das mais tradicionais de Santa Catarina – e da
qual muito me orgulha integrar. Um homem que passou a vida semeando e plantou
uma frondosa árvore, de cujos galhos brotam maravilhosos frutos.
Todos esses frutos, digo, todos
os membros desta família de alguma forma fazem parte das histórias contadas nas
páginas que se seguem. Conhecer o legado intelectual deste homem é conhecer um
pouco mais sobre si mesmo. Louvar os antepassados, dizem os sábios, equivale a
regar a árvore que gerou o nosso ser. Fortalecê-la, portanto, nos fortalece
ainda mais”.
Ao preparar os textos originais, a
neta Flávia deixou registrado no posfácio do livro:
“Foi com grande prazer que recebi o
trabalho de digitar os manuscritos de Cesário Alípio Netto. Embora não o tenha
conhecido pessoalmente, sua história está, de certa maneira, ligada a minha, e
recuperá-la foi parte de um importante processo de aprendizado.
Cesário mostra nestas páginas um
pequeno trecho de sua vida com uma sinceridade muitas vezes desconcertante, traduzindo
seu universo, tão distante e ao mesmo tempo tão próximo de nós, em palavras e
versos ora divertidos e zombeteiros, ora cortantes e angustiados, onde a
alegria e a solidão, conceitos aparentemente excludentes, caminham juntos,
necessários um ao outro.
No decorrer do trabalho, fui aos
poucos me emocionando com a história de Cesário, suas dúvidas, suas certezas,
seus momentos de alegria e de arrependimento. Cesário não se acostumou com a
vida moderna, e esse conflito é um dos principais pontos de seus poemas, onde
ele mostra através da escrita o desejo de voltar às raízes e de recuperar o
passado, mencionando muitas vezes uma tradição, como se escrever fosse antes de
tudo uma necessidade.
Além de qualquer mérito literário, a
escrita de Cesário é um documento pessoal que por vezes emociona e por outras
faz refletir, um recorte da vida de um homem que através de versos simples e
despretensiosos tem, com certeza, muito a ensinar”.
Legendas das fotos:
Foto 02
Julho de 1963 - Festa das Bodas
de Prata do casal Cesário e Izabela – Riozinho
Foto 03
2/07/88 – Cerimônia Bodas de Ouro
do casal Cesário e Izabela
Foto 04
Folha escrita por Cesário:
memórias em prosa e verso
Foto 05
Capa do livro “Rancho da Alegria
e Solidão”
8 Comentários
Parabéns, Sogrão Alípio. Esteja onde estiver, a Família Netto celebra mais um ano, agora em vida eterna. Buen Camino!
ResponderExcluirQuerida Carol, logo cedo eu me lembrei de meu querido Pai, que estaria completando Hoje, 100 anos, rezei por ele e agradeci por tudo que ele fez por mim, por meus 13 irmãos e junto com minha Amada Mãe criaram a gente com muito sacrifício e amor. Em seguida vim ler a historia que você postou sobre a trajetória dele. E claro fiquei muito feliz de ver o lindo trabalho que vc mais vez realizou. O texto publicado em seu blog sobre minha família e é tudo verdade, apesar de ter sido contada em versos. É como escreveu a Flavinha e Luiz a obra deixada por ele é comparada a uma arvore grandiosa de raízes profundas e deu e dará ainda, muitos frutos.
ResponderExcluirPodes apostar que hoje muitos descendentes tomarão conhecimento da integridade e da existência do Cesário Alípio Netto (Vô Zalico) e Izabela Puline Netto, (Vó Belinha), e de seus antepassados. Pessoas de grande caráter. Servirá de exemplo para todos, e por muitas gerações que ainda virão.
ResponderExcluirTambém sou parente do Zalico.
Gostaria de adquirir exemplar do livro de Cesário Alipio Netto.
COmo poderia conseguir?
Aggeo Edson Neto Balneario Camboriu
Olá Carol!
ResponderExcluirParabéns pelo blog! Também gostaria adquirir um exemplar do livro, como faço?
Obrigada
Cristina Iuskow
Muito orgulho de ser filha do Seu Zalico !!
ResponderExcluirObrigado Carol, Sandra e Luiz!!!
Muito orgulho de ser filha do Seu Zalico !!
ResponderExcluirObrigado Carol, Sandra e Luiz!!!
Muito orgulho de ser filha do Seu Zalico !!
ResponderExcluirObrigado Carol, Sandra e Luiz!!!
Exelente trabalho Carol,seu trabalho continua sendo uma grande fonte de pesquisa para os descendentes de Cesário e Isabela do qual me orgulho de ser Neto desse casal que foi muito querido para a família e os que viveram ao seu redor e que guardo só boas lembranças.
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