O Parque Nacional de Cabo Polonio está situado no departamento de
Rocha, banhado pelo Oceano Atlântico. Situado a 150 km de Punta del Este e 264
km de Montevideo, é um pequeno e rústico balneário no qual se pode chegar
atravessando grandes dunas que levam os visitantes até um pequeno vilarejo. O
lugar também é conhecido por ser uma das maiores reservas de lobos e leões
marinhos do mundo e nos últimos anos o vem se popularizando e atraindo turistas
de todo o mundo que ficam encantados não apenas pelas belas paisagens, mas pelo
modo de vida e magia do lugar.
Há três opções para chegar às praias: andar na areia os quase 6 quilômetros
que a separam da rota; fazer a viagem em jipes ou caminhões que fazem a
travessia no valor de 170 pesos; ou chegar a cavalo, que são alugados nos
arredores. São algumas poucas ruas de areia que dividem o povoado, casas e
ranchos de madeira, coloridos e dispersos sobre as dunas e um belíssimo gramado,
um farol e duas extensas praias que se unem em uma ponta rochosa do cabo. No “centrinho”
da vila existe uma espécie de feirinha de artesanato e esse local é
simplesmente fantástico. Resumindo: um povo super alternativo, hippies, pessoas
tocando violão e outros instrumentos estranhos, crianças brincando e uma
energia muito positiva.
Sem luz elétrica nem água corrente, os moradores fixos levam uma vida
como se estivessem em outro tempo, fazendo com que o ritmo de atividades seja
determinado pela luz solar; do nascer ao pôr do sol. Dizem que a noite o local
é iluminado apenas pela luz do luar, por algumas velas e pelos lampejos do
farol, embora existam casas com gerador de energia elétrica. Em algumas casas
percebi também a presença de galões de água sendo aquecidos ao sol para
provavelmente a noite serem utilizados no banho. Isso tudo faz com que os
visitantes desfrutem de uma experiência única.
Como comentei acima, a arquitetura é muito peculiar, as casas parecem
construídas aleatoriamente e pintadas de várias cores o que da um certo charme
ao lugar. Algumas casas são construídas com materiais recicláveis e/ou
reaproveitáveis, como peças velhas de carros e materiais de velhas construções.
São construções pequenas mas parecem muito confortáveis, lembrando conceitos de
sustentabilidade, com placas para captação de energia solar, sistemas de
isolamento térmico feitos com caixas de leite, cheias de janelas e pontos para
entrada da luz do sol.
As duas belas praias largas e quentes (embora com água muito gelada),
a presença do farol, com barracas de artesanato local, fazem deste um lugar
perfeito para passar o dia. O Farol é uma construção de 1881 e fica em uma parte
da costa rochosa repleta de lobos e leões-marinhos, o que o transforma em um
ótimo local para observação, não apenas dos animais, mas também de toda a
paisagem que o cerca. Ele é aberto a visitação e a entrada custa 20 pesos.
Fomos para lá no último sábado e para isso locamos um carro van, mas
também é possível chegar ao local partindo da rodoviária de Tres Cruces. Nosso
grupo era composto por 16 pessoas: Denise, Nina, Maria (filha e mãe de Denise,
respectivamente, que vieram passar alguns dias aqui em Montevideo e resolvemos
arrasta-las para nossa aventura), Agustin, Giuliana, Federico (os três são Uruguaios
e amigos do nosso grupo) Murilo, Manu, Paula, Valéria, Pati, Ju, Marlene,
Atanir, Jessé e eu, é claro. Saímos cedinho mas tivemos que retornar para o
hotel no meio do caminho após perceber que parte de nossos mantimentos tinham
sido esquecidos na geladeira. Fomos alertados sobre os restaurantes serem
caros, então resolvemos que iriamos levar lanches – o que obviamente não
me
agradou muito devido ao fato de lanche envolver pão e bem, eu não gosta de pão,
mas enfim... tinha tomate.
A viagem foi tranquila, ora dormindo, ora cantando ou rindo uns dos
outros. Ao chegarmos fomos direto para a compra dos tickets de passagem que nos
permitiriam ir de 4x4 até a praia. Estávamos em uma ansiedade só e fomos a
viagem quase toda gritando feito loucos em cima dos caminhões, só que
infelizmente esses momentos de felicidade foram os últimos do óculos de Denise
junto a nós: lá em cima tinha uma ventania e sacolejava muito, devido aos
buracos e manobras que o caminhão tinha que fazer, e em um desses buracos o
óculos dela nos deu adeus, deixando uma profunda saudade em nossos corações. =P
Ao chegarmos fomos direto para praia e a procura de guarda-sol, e
assim que estávamos acomodados, lanchamos. Chegamos à praia pouco antes das 14
horas e permanecemos nela até próximo das 21. Fizemos caminhadas pela praia, Murilo
tocou violão, comemos, rimos, contamos histórias, cantamos muito na beira do
mar, caminhamos pela rochas para avistar os lobos marinhos e fizemos uma visita
até o farol, que como já mencionei acima, tem uma vista incrível.
Dona Maria e eu conversamos sobre livros, filmes e séries e é incrível
nossa compatibilidade quando a isso. Outra coisa incrível é a vitalidade dessa
mulher, que mesmo aos 70 anos contagia a todos com sua energia. Falando em
energia, nessa viagem tivemos a Nina que é, com perdão por usar esse bordão
manjado, “a energia em pessoa”: ela nos animou a viagem toda. Giga gigante!
A água estava bastante gelada e cheia de águas-vivas, inclusive,
Denise foi queimada por uma em três lugares o que me obrigou a fazer o mesmo
que Chandler fez com Monica no episódio "The One With The Jellyfish"
(entendedores, entenderão) em uma cena hilária que faz a gente morrer de rir ao
lembrar.
Foi um dia perfeito e para deixar vocês com muita vontade de conhecer
Cabo Polonio, seguem algumas imagens capturadas por Murilo.
1 Comentários
Cabo Polonio deve ser um lugar único nesse mundão! Super rústico, para escapar um pouco do mundo tecnológico e dar de cara com a mãe natureza.
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