É difícil definir exatamente onde reside o charme
ou o encanto principal de Amsterdam. Talvez ele esteja em seus canais, ou em
seus prédios de fachadas coloridas, construídos durante o século 17; Ou em suas
pequenas embarcações que servem de moradia a tanta gente; Na liberalidade
cultural e sexual que há décadas deixou de ser novidade por lá; Na sua gente,
com um aspecto tão bonito e saudável que nem parecem reais – será que é por
causa das bicicletas?; Pelo fato dela ser uma cidade construída abaixo do nível
do mar, em um país onde as pessoas têm o hábito de usar sapatos de madeira,
produzir queijos divinos e trabalhar em moinhos de vento.
É claro que estas coisas também existem em outros
lugares do mundo, mas talvez o encanto de Amsterdam esteja exatamente o lugar
onde se pode encontrar todas estas coisas, ao mesmo tempo e no mesmo lugar.
Muita gente deseja visitar Amsterdam, e por razões
bem variadas. Seja a trabalho, romantismo, turismo ou até por razões ligadas ao
Bob, mas acredito que todos saiam de lá com a mesma sensação de encantamento.
Graças à profusão de canais Amsterdam ganhou o
apelido de Veneza do Norte. Por lá tudo está perto e é fácil chegar a qualquer
lugar, mesmo porque o terreno é absolutamente plano, tornando as caminhadas e
os passeios de bicicleta ainda mais agradáveis. Tal é a harmonia entre prédios,
canais e barcos que às vezes se tem a impressão de estar passeando em uma
cidade de brinquedo.
Entre os moradores a bicicleta é o meio de
transporte preferencial, e faixas destinadas às bicicletas, demarcadas em todas
as ruas, devem ser levadas a sério para evitar acidentes. Para distâncias um
pouco maiores os bondes ou trans são a melhores opções.
Em nosso primeiro dia nessa cidade magnifica, a
parada inicial foi na Central Station, para locarmos mais duas bicicletas, já
que a Ana e Gui tem bike, um de nós poderia ficar com a bike do Gui, precisando
assim locar apenas mais duas para termos mais rapidez para andar pelo centro. Para
chegar até a central, eu e Ana seguimos de bike e Bárbara e Alvarino foram de
tram, mas precisávamos antes ter feito um cadastro, então não conseguimos pegar
as bikes, mas prendemos as duas bicicletas que estavam conosco e os 4 a pé
seguiram para a casa de Anne Frank.
Você conhece a história de Anne Frank? Ela tinha 13
anos e durante a segunda guerra mundial viveu escondida por mais de dois anos em
um compartimento secreto localizado nos fundos de um prédio, com sua família,
sem nunca poder sair para brincar, fazer qualquer barulho, nem ser vista por
ninguém. Caso contrário seriam todos enviados para um campo de concentração.
Com a cidade tomada pelos nazistas, a única alternativa para os judeus que
quisessem ficar vivos era se esconder.
O relato deste período está no diário que esta
menina escreveu, chamado O Diário de Anne Frank, sem saber que um dia aquelas
linhas escritas no silêncio de seu quarto se transformariam em um livro que
iria correr o mundo, traduzido em todas as línguas, e considerado como uma
exaltação da tolerância e paz entre povos. O esconderijo da família foi
descoberto pelos nazistas apenas um mês antes da libertação da cidade pelas
tropas aliadas. Hoje o lugar onde ela passou aqueles anos escondida foi
transformado em um museu, e esta é uma das visitas mais emocionantes de
Amsterdam.
Eu havia lido o livro, assistido ao filme dela e
também outros que fazem referência ao filme como o “Escritores da Liberdade”.
Desde que assisti ao filme Escritores da liberdade, fiquei com muita vontade de
conhecer o local. Estar lá estava na minha lista de coisa para fazer antes de
morrer. Foi emocionante.
Toda a visita é narrada por um sistema de áudio em
vários idiomas. O que mais me emocionou foi constatar a inocência de Anne, que
estava prestes a perder a vida, mas que ainda tinha os mesmos desejos e sonhos
de uma adolescente comum. Mais uma vez passei horas indignada com a turma de
Hitler, que ceifou tantas vidas de inocentes e que fez tantas Annes, Margots,
Ediths, Rudys, Hans e Rosas perdessem a vida. Ou pior ainda, pessoas que que
viveram e morreram de forma anônima e hoje nem são lembradas, são apenas um
dígito no enorme número de mortos.
Saímos de lá um pouco deprê e introspectivos, mas
não há melancolia que se propague por muito tempo em uma cidade linda feito
Amsterdam.
Logo já estávamos novamente caminhando pelo centro
e nos deslumbrando com a arquitetura e a alegria do povo.
Uma caminhada pelo centro da cidade certamente faz
você percorrer a avenida Damrak. Por lá estão muitos restaurantes, hotéis,
lojas e se encontra de tudo, o que é muito conveniente para turistas, mas como
este é praticamente o corredor de entrada principal da cidade é ao mesmo tempo
muito movimentado e sem o ar bucólico de outros bairros.
Lá aproveitamos para almoçar e trocar o resto de
nossas libras, por euros. O próximo destino seria o Red Light.
Em Amsterdam a prostituição é um trabalho
legalizado, tratado como qualquer outro. Ali, assim como no resto da Holanda,
prostitutas têm direitos trabalhistas, pagam impostos sobre o que recebem e se
organizam para lutar por melhores condições de trabalho. Nada diferente dos
dentistas, operários ou advogados. Para trabalhar no ramo, é obrigatório ter
mais que 18 anos e ser cidadã legal de qualquer um dos países da União
Europeia.
A cafetinagem é proibida. As meninas não têm
chefes, trabalham por conta própria para evitar a exploração. Além disso,
recebem regularmente a visita de assistentes sociais do governo, que buscam
identificar se as garotas estão ali por
vontade própria ou se estão sendo forçadas por alguém. As que demonstram querer
mudar de ramo profissional recebem aconselhamento. Elas ainda são instruídas
com relação ao sexo seguro e a fazerem exames médicos regulares. Dentro do
quarto que alugam, possuem uma espécie de botão de pânico caso algum dos
clientes passe dos limites.
As casas de prostituição não estão em apenas uma
zona da cidade, mas o maior e mais famoso Red Light District é, sem dúvida, o
De Wallen. Ao contrário de outras zonas de prostituição ao redor do mundo, essa
região não é, nem de longe, degradada e entregue ao crime e à violência. As
ruas de De Wallen são limpas e conservadas, possuem policiamento constante e
prédios charmosos. Mais interessantes que a arquitetura, no entanto, são as
amplas vitrines nas quais as mulheres se exibem, em turnos diurnos e noturnos,
trajando biquínis ou roupas mínimas.
As vitrines são a forma que as mulheres encontraram
de atrair clientes sem desrespeitar a lei, já que elas não podem trabalhar nas
ruas e calçadas. Os quartos onde elas prestam serviços ficam nos fundos dessas
vitrines e são, em geral, lojas alugadas. Os donos dos imóveis, no entanto, não
têm – ou não deveriam ter – qualquer ligação com as meninas além da de
inquilino/proprietário. Além das vitrines, outros postos licenciados de
trabalho são os sex clubs e os atendimentos privados.
A prostituição em Amsterdam se integra à vida da
cidade, e não está à margem dela. A apenas alguns metros das vitrines,
encontramos lojas de roupas para crianças, jardins de infância e igrejas.
Famílias que nada têm a ver com esse mercado moram nas redondezas e não
raramente passam por ali para resolverem suas questões do dia a dia.
Alvarino pediu autorização para a Bárbara, para
andar sozinho e ver se alguma prostituta chamava por ele. A princípio não teve
muito êxito – acho que elas respeitavam, por perceber que ele estava
acompanhado – mas foi só ele se afastar mais um pouco e o assédio começou. Fora
uma mulher um pouco estranha de uma vitrine com a luz azul, duas bonitonas
também bateram na vitrine, desesperadas para chamar a atenção de nosso amigo,
para ele se tornar um cliente, o que é claro, não aconteceu.
Saindo dali fomos fazer mais algumas compras,
depois fomos para casa preparar uma janta, assistir um pouco de friends e
dormir.
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