Por Alessandra Cechetto Arruda
Data de falecimento: 15
de outubro de 2008
Neto de imigrantes italianos, dos quais tinha muito
orgulho, Izidoro Cechetto nasceu em 19 de janeiro de 1924, no município de
Orleans, onde vivera com seus pais, Sebastião e Antônia, e seus 6 irmãos,
Anacleto, Amélia, Ângelo, Libera, Cecília e Lauro. Uma família humilde, que
tinha como única fonte de renda o dinheiro recebido pelo pai, um homem cego que
tocava gaita pelos arredores da cidade. O instrumento foi um presente dado pelo
presidente da república na época, Juscelino Kubitschek, à Sebastião.
Ainda quando criança, Izidoro mudou-se com sua família
para Alfredo Wagner, que na época ainda chamava-se Barracão. Parte dos
familiares viajou em um cargueiro, e os demais fizeram todo o percurso a pé,
parando em diversas localidades para "pouso". Chegando ao local, moraram nas Demoras, onde
não desenvolveram grandes atividades agrícolas e a gaita continuou sendo a
fonte de renda da família. Devido a isso, acabaram mudando-se para Barra
Grande, localidade do município de Leoberto Leal. Ainda com dificuldades e com
a falta de interesse dos filhos de trabalharem na lavoura, Sebastião Cechetto
entrou em contato com amigos do Rio de Janeiro, para que seus filhos, Anacleto
e Izidoro, trabalhassem na marinha.
Aos 16 anos, Izidoro embarcou para o Rio de Janeiro,
tempo depois da partida de seu irmão mais velho, Anacleto. Chegando ao Rio de
Janeiro, acabou não encontrando o irmão, e decidiu, então, arranjar um emprego,
começando assim a trabalhar em uma salina. Descontente com a função, procurou
outro emprego, tendo como novo cargo o de cobrador de uma lancha que fazia o
trajeto Rio-Niterói. E foi nesse trajeto que os dois irmãos se reencontraram.
Izidoro, fazendo seu posto como cobrador, percebeu a presença de seu irmão e cobrou
sua passagem. “És tu Izidoro? Eu não
disse que ia te buscar?”- disse
Anacleto, bravo por seu irmão não o ter esperado.
Mas Izidoro insistiu na cobrança da passagem. ”Guri, tu
não banca o corocoxó comigo não!” disse Anacleto, com um sotaque carioca, ao
explicar que a passagem não poderia ser cobrada de um marinheiro.
Após o episódio, Anacleto pediu a Izidoro que buscasse
sua mala para que partissem em definitivo, para que ele pudesse trabalhar no
emprego arranjado por seu pai. Foi quando Izidoro apareceu com suas roupas
dentro de um saco de sal, e seu irmão, morto de vergonha, pediu que ele jogasse
logo aquele saco no mar, fato que rendeu boas risadas à família.
Então, os irmãos partiram à Marinha Mercante, onde
trabalharam durante 6 anos na casa de máquinas do navio, após participarem de
cursos de mecânica aplicada à função. Durante estes 6 anos, fizeram somente uma
visita à família, ainda em Barra Grande. E foi nessa única visita que Izidoro
começou a namorar quem se tornaria, anos mais tarde, sua futura esposa, Anilda.
Quando ele retornou ao Rio de Janeiro, para cumprir os anos que ainda lhe
faltavam de serviço, o casal apaixonado teve de se corresponder por cartas. Até
que o tão esperado noivado aconteceu, desse mesmo modo, por carta. Aos 22 anos, Izidoro retornou do Rio de Janeiro ao
Barracão, onde seus pais haviam voltado a morar, porém agora na localidade de
Santa Bárbara. E foi logo após o retorno de Izidoro ao Barracão que o casamento
aconteceu. A chegada de Izidoro e Anilda à cerimônia foi a cavalo, episódio
esse que é inesquecível para Anilda.
O casal alugou, então, uma casa na cidade e juntos
começaram uma nova vida. Desse laço matrimonial tiveram seus 4 filhos - Marli,
Eliete, Edson e Rita - e foi a partir daí que Izidoro deu início à sua
constante participação na formação do município de Alfredo Wagner.
Como presidente da Igreja, no ano de 1959 participou da construção da casa paroquial e, em 1962, da própria Igreja Matriz. Izidoro manteve-se por cerca de 20 anos neste mesmo cargo e, como católico praticante, frequentava a missa todos os domingos.
Ainda em 1960, montou uma serraria e uma fábrica de óleo sassafrás (óleo retirado da madeira e utilizado na fabricação de perfumes), em sociedade com Paulo Bunn. Com grande investimento nos negócios, compraram terras nas Demoras para a extração de madeira. Izidoro era apaixonado por tais terras, e as cultivou durante anos.
Sendo o primeiro
presidente do hospital-Maternidade, fundado no ano de 1958 como Sociedade
Beneficente Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Maternidade Nossa
Senhora do Parto, Izidoro participou de todo o processo da construção do novo
hospital, ao lado de grandes amigos e companheiros de trabalho.
Até 1961, quando Barracão ainda era distrito, foi
vereador pelo município de Bom Retiro, sendo o único do Barracão a atuar nesse
cargo na época. Em 1962, quando a localidade já havia ganhado o título de
município e passou a se chamar Alfredo Wagner, Izidoro começou a exercer o
mesmo cargo, agora na nova cidade, ao lado do
prefeito Alfredo Wagner Junior (Duca). Manteve-se em tal função até o
ano de 1970, encerrando seu posto de vereador ao lado do prefeito na época,
Rogério Kretzer.
Apesar do fim de sua carreira como vereador, seu
compromisso e dedicação em prol do município não pararam por aí. A partir dos
anos de 1970, Izidoro voltou a trabalhar com o que mais tinha aptidão, a
mecânica. Operou como chefe de obras para a prefeitura de Alfredo Wagner,
participando em paralelo na abertura de diversas estradas municipais, chegando a
sua cooperação a cerca de 80% das estradas. E foi nesse cargo que serviu com
muita vivacidade e competência, pela paixão gigantesca que tinha pelo serviço e
por seu município. Foi servindo ao município que Izidoro aposentou-se, voltando
toda dedicação à sua esposa, aos seus 4 filhos, 11 netos e claro, à adorada
"Invernada", como costumava chamar seu sítio.
Com feitio pacífico, não costumava criar intrigas com ninguém, observava mais do que falava. Muito discreto e simples, tinha com os filhos e netos uma relação amorosa e educada, sendo que estes nunca esqueciam da costumeira forma de pedir a sua benção, beijando sua mão. A repreensão e proibição não faziam parte de seu hábito, o que o tornava o bonzinho da casa. Na visita cotidiana aos bares da cidade, não podia faltar o seu adorado "cafezinho". Em suas idas diárias ao sítio, costumava sempre levar seus netos em cima da carroceria do carro. Na volta para a cidade ao final da tarde, era de praxe a parada no bar do Patinhas para comprar a famosa paçoca de amendoim, a fim de agradar as crianças. Adorava estar cercado de seus amigos e familiares, com muita festa e comida, seu sítio era o local dos maiores encontros como as festas de família, as pescarias e carneações.
Lutando há mais de 20 anos contra um câncer, com muita
força e vontade de viver, conseguiu manter-se presente em nossas vidas. Izidoro
nos deixou em outubro de 2008, com seus 84 anos de muita história e dedicação.
Tornou-se para sua esposa, filhos e netos, fonte inesgotável de orgulho e
honra. Seus atos e obras sempre estarão presentes no município de Alfredo
Wagner. Como grande exemplo, tornou ainda mais forte a vontade dos seus
descendentes de "quererem ser iguais a ele quando crescerem".
Informações transmitidas
por:
Rita de Cássia Cechetto
Arruda (Filha)
Edson Luíz Cechetto
(Filho)
Eliete Maria Cechetto
Andersen (Filha)
Marli Cechetto Medeiros
(Filha)
Anilda de Sousa Cechetto (Esposa)
Cororokojr
ejfijfiure
5 Comentários
Que bela história de vida! Seu Izidoro foi, sem dúvida, um dos maiores benfeitores de nossa cidade! Seu legado perpetuar-se-á para sempre.
ResponderExcluirEstou realizando uma pesquisa genealógica e gostaria de saber o nome dos pais do Sebastião e seus irmãos. Acredito que seu pai tenha se casado novamente, após o falecimento da esposa, com Maria Welter, minha tataravó. Maria Luiza (marialuizasv@gmail.com)
ResponderExcluirOlá Maria Luiza, Maria Welter é mãe da minha bisavó. Favor entrar em contato, pois estou tentando montar a avó genealógica. Maria Welter foi casada com Ângelo Cecchetto, meu triavo. Segue meu cel. 47 99673971
ExcluirAngelo Cecchetto e Maria Welter são meus triavós. Me chamo Soraia, sou de SC, nascida em Criciúma, mas moro há 3 meses em São Paulo.Tenho bastante informações e um grupo no face book "Descendentes de Angelo Cecchetto". Anotem meu celular, podemos manter contato. 12 99683 5005. Abraços!
ResponderExcluirOlá. Sou neta de Firmo Pereira da Cruz e Maria Vieira da Cruz e gostaria de saber se essa Carol Vieira é minha parente? Minha Mãe Marina Vieira da Cruz nasceu em Morretes,Santa Catarina... Pode me ajudar? Desde já agradeço. Meu celular 13. 982082962.
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