Para
quem não sabe, Belfast fica na Irlanda do Norte – cheguei ao meu décimo nono
país!!!
Até
o século passado, a Irlanda e a Irlanda do Norte eram o mesmo país. Porém, após
alguns conflitos devido a questões religiosas, políticas e econômicas, os dois
se tornaram países independentes. Além da disputa política, havia também a
relação religiosa: os recém-chegados no país eram majoritariamente
protestantes, enquanto os irlandeses seguiam o catolicismo. Como havia, assim,
dois grupos de interesses opostos, os imigrantes britânicos decidiram se
concentrar na região ao norte chamada Ulster para evitar conflitos.
O
clima de hostilidade durou até o século passado, em 1920, quando o parlamento
inglês criou duas regiões com autogoverno limitado na ilha: a de Ulster, ou
Irlanda do Norte, com predomínio britânico e de protestantes, e a dos condados
restantes, a Irlanda, com maioria católica.
Dois
anos depois, a soberania da Irlanda aumentou, o que fez com que ela se tornasse
ainda mais independente da Inglaterra. Foi aí que começaram a se acirrar as
guerrilhas com grupos armados de ambos os lados, como o IRA (Exército
Republicano Irlandês) e os movimentos unionistas.
Após
uma série de atentados, em 1949, foi concedida autonomia ao território da
Irlanda do Norte. Mesmo assim, as
disputas não finalizaram e, em 1972, ocorreu o mais famoso episódio de
conflito: o “domingo sangrento”, cantado pelo U2 (Sunday Bloody Sunday).
Toda
essa violência fez com que houvesse uma necessidade de um Tratado de Paz,
assinado em 1994 por ambos os lados. Embora ainda exista um clima hostil entre
os dois países, acredita-se que tenha diminuído consideravelmente. No dia
seguinte no nosso citytour esse clima ficaria mais evidente, quando ficássemos
frente a frente com o muro que ainda hoje separa católicos de protestantes.
Atualmente,
os dois possuem bandeiras, hinos, sistema político e econômico diferentes – lá a
moeda é a libra e não o euro como na Irlanda. A capital da Irlanda do Norte é
Belfast, enquanto a da Irlanda é Dublin, que conheceríamos no dia seguinte.
Mas
voltando a viagem até Belfast. Não resisti, fui o caminho todo dormindo. O
ritmo de poucas horas de sono por dia estava cobrando seu preço, mas o pessoal disse
que sentiu minha falta e da Elis, pois passamos por várias ovelhas. Rsrsrs
Após
uma breve parada para o lanche, chegamos na Irlanda do Norte. É estranho pensar
que tenho muitas lembranças de notícias que ouvia no Jornal Nacional quando
criança sobre os conflitos da região e saber que agora eu estava lá, quando eu
era criança esse local parecia literalmente em outro planeta, um lugar que eu
nem imaginava que um dia poderia visitar.
Nosso
primeiro compromisso na Irlanda do Norte era conhecer a St. Mary's que foi
fundada em 1900, como a St. Mary's Training College , que se concentrou
principalmente na formação de mulheres como professoras. E depois se uniu ao
St. Joseph's Training College, muitas vezes chamado de Trench House, que foi
criado para formar professores do sexo masculino. A fusão das duas faculdades aconteceu
em 1985 e criou a instituição atual. Que hoje tem quase mil alunos.
A
instituição oferece cursos nos níveis de graduação e pós-graduação para formação
de professores, especialmente para um ethos católico, incluindo um PGCE para
o Ensino Médio Irlandês. A faculdade diversificou suas ofertas há vários anos e
agora oferece um diploma de bacharel em artes liberais também.
Fomos
recepcionados por Peter Finn, o reitor da universidade, e fiquei encantada com
ele logo de cara. É muito bonito ver a seriedade e dedicação com a qual a
licenciatura é tratada na Irlanda. Ele nos contou que os melhores alunos das
classes pensam em serem professores, o que dificilmente acontece no Brasil, e
sabemos que isso se deve a uma série de fatores, entre eles a desvalorização
que a profissão vem sofrendo há décadas no Brasil.
Ouvimos
atentos a apresentação, conversamos um pouco sobre educação e as duas
realidades. Almoçamos com o reitor e é claro que o cardápio era sanduíches!
hahaha
Saindo
da universidade, fomos para o museu do Titanic! Muita gente pode não ter
conhecimento, mas o Titanic foi construído lá. Mas como os irlandeses costumam
falar “Ele saiu daqui funcionando” uauha. O museu é um prédio imenso, do
tamanho original do barco e lá dentro tem tudo, desde a sua construção, a mobília
idêntica à que existia dentro do navio, até salas imensas projetando imagens do
navio naufragado. É uma visita bem legal – quando voltei ao Brasil até mesmo
reassisti o filme, que provavelmente tinha visto pela última vez na década de
90 e foi muito mais emocionante, não apenas por estar mais envolvida com o
navio, mas também por estar mais madura para compreender aquela história de
amor. Huauha
Eu
e Kátia tiramos uma foto simulando que estávamos entrando no navio com nossas
malas, pela imagem vocês podem imaginar em que área do navio nós íamos estar
né? Huahua Resultado da chuva do dia anterior e da preguiça de lavar o cabelo
quando chegamos no alojamento.... eu precisava arrumar minha mala, e acabei não
lavando o cabelo.
O
nosso hotel ficava do lado do museu e ele foi construído no mesmo estaleiro
onde o barco havia sido projetado e construído. Preciso dizer que o hotel era
um luxo só! Eu dividi quarto com a Daisy e aproveitei que chegamos antes para
tomar banho, no banheiro que mais parecia um quarto de tão grande. Sobre os
banheiros, em algumas conversas descobrimos que em alguns quartos tinha box, em
outros banheira, em alguns nem um, nem outro, mas no nosso os dois! Hahaha a
gente riu disso. Outra coisa que acho engraçada sobre o nosso quarto no hotel é
que ele era o número 222, mas como a Daisy não sabia fazer duzentos e vinte e
dois em inglês, ela só dizia “two two two”, “two two two”, era engraçado.
Após
o banho e todos se estabelecerem nos quartos fomos gravar nosso vídeo para o
documentário que Zaldo estava criando, no qual a gente deixou algumas mensagens
sobre educação, sobre nossa experiência na Irlanda e também sobre o Prêmio
Professores do Brasil. Após a gravação fomos jantar. – No final dos relatos
deixo o link do documentário, para quem quiser assistir.
Belfast
é uma cidade bem diferente de Limerick, ela lembra muito cidades da Inglaterra
– sim, é claro que uma série de fatores evidenciam isso, até mesmo o fato da
Irlanda do Norte fazer parte do Reino Unido, eu sei – lá tem até mesmo um mini Big
Ben, que ficava bem em frente ao pub McHughs Bar, onde jantamos. Eu estava tão
feliz nesse dia, fomos rindo durante toda nossa caminhada até o pub que não consigo
relembrar das cenas sem abrir um sorriso, é como se ainda conseguisse sentir o
vento gelado batendo no meu rosto.
Nosso
hotel era tão imenso, que Lorena até mesmo se perdeu lá dentro e ficou para
trás, reencontrando a gente somente mais tarde, já no pub.
Nessa
fase da viagem já estávamos muito entrosados e esses momentos eram de pura
diversão, ríamos sempre muito e conversamos muito também, sobre os mais
diversos temas, dos mais simples aos mais complexos. Foi uma total troca de
experiências e de conhecimentos, sem falar que aumentamos, e muito, nosso
conhecimento sobre cervejas.
Na
janta rimos mais um pouco e tomamos mais alguns litros de cerveja. Bom, eu não
sei também como a gente se informava, mas descobrimos um pub chamado The Thirsty
Goat - O bode sedento -, que diziam que era bem legal e depois da janta parte
da turma foi pra lá: eu, Katia, Elis, Arthur, Graci, Rodrigo, Raquel, Luiza, Matheus,
Holly, Breeda e mais um pessoal que foi chegando aos poucos . No local tinha
uma banda tocando rock ao vivo e foi lá que nosso grupo eternizou a música que
sempre que ouvimos nos faz lembrar da viagem “Don't Look Back In Anger”. Foi
muito gostoso ficar no Bode sedento, cercada de gente bacana, cantando,
acompanhando a banda. O pub já era bem diferente do nosso pub mais frequentado
em Limerick, mais agitado, com mais gente jovem. Ah nostalgia esta enorme.
Raquel até mesmo conseguiu interagir com alguns Irlandeses, um pouco antes de
Holly nos chamar para ir até um bar no “Merchant Hotel”, super sofisticado, que
ficava ali por perto, para a gente tomar caipirinha.
As
pessoas dizem que brasileiro bebe bastante, mas a verdade é que nunca
chegaremos aos pés dos europeus, que podem misturar absolutamente todo tipo de
bebida destilada e não ficar bêbados. Aquela caipirinha foi o golpe final no
meu fígado, que já estava pedindo para voltar ao Brasil, porém, tenho que
admitir que os irlandeses aprenderam a fazer caipirinhas, mas não posso dizer o
mesmo do drink que Elis escolheu, que me arrepia até hoje só de lembrar do gosto.
Hahaha.
Voltamos
a pé, conversando tranquilas pela rua. Chegando no hotel, Daisy já estava
dormindo, então em completo e absoluto silêncio me deitei em minha cama e logo
peguei no sono, porém alguns minutos depois Regina e Luiza bateram em nossa
porta. Eu acordei um pouco confusa, enquanto Daisy me cutucava, olhei para o
lado e não entendia o que uma pessoa estava fazendo na minha cama, levei o
maior susto e quase morri do coração. Na verdade nós não estávamos na mesma
cama, mas as camas estavam bastante próximas. Nós rimos muito disso depois,
pois de fato eu não entendia o que estava acontecendo.
O
último dia completo da viagem estava se aproximando.
2 Comentários
Delicia reviver TD isso! Obgda Carol!
ResponderExcluirEi o meu drinks era o melhor de todos!!!
ResponderExcluir