Nenhum
dos lugares que eu já visitei conseguiu ser tão excêntrico. A cultura,
religião, comida, língua, a forma como as pessoas se vestem e se comportam,
tudo muito distante da realidade que vivo.
Para
quem conheceu o Marrocos através da família da Jade na novela “O Clone” de
2001, estar lá só poderia ser algo mágico!
Quando
os Muezzins, chamam para a reza através dos autofalantes no alto das mesquitas
você percebe que está muito distante de casa.
“Allahu Akbar; Ash-hadu al-la ilaha illa llah;
Ash-hadu anna MuħammaduRasulullah...”, as
palavras ditas em árabe podem não fazer o menor sentido, mas quando se ouve
centenas de vozes falando ao mesmo tempo, conseguimos sentir a força da fé
deles.
No Marrocos, 99% das pessoas são muçulmanas e eles rezam cinco
vezes por dia; Antes do sol nascer, ao meio-dia, durante a tarde, depois do
pôr-do-sol e à noite.
Se você estiver perto de uma mesquita quando o momento de oração
acabar, provavelmente irá ficar de boca aberta, quando vir o tanto
de gente que sai de dentro delas, todos colocando seus sapatos, que em sinal de
respeito, são deixados do lado de fora. São muitas mesquitas na cidade de
Marrakech, onde ficamos a maior parte do tempo.
Você se engana se pensa que a religião é a única coisa
diferente por lá, ela dita a forma como as pessoas se vestem e se comportam,
mas tem muito mais peculiaridades nesse país africano, que fica a menos de 15km da Europa. Podemos começar pelo festival
de cores dos souks, que são grandes mercados de rua, famosos não só
pelas cores, mas também pelos seus cheiros e sabores. Em comparação ao Brasil,
os souks são como uma feira e as medinas, uma barraca da feira. Ficam em ruas
apertadas e cheias de pessoas, onde tudo é transportado com a ajuda de burros,
carrinhos de mão, bicicletas ou motos. Imagine a loucura que é andar por
eles...
A
hora mais concorrida nos souks é ao anoitecer, hora em que uma grande parte da
população sai de casa e os vendedores ambulantes diminuem o preço dos seus
produtos - fruta, peixe, pão, louça, de tudo um pouco. É a hora ideal para
observar o dia-a-dia local e sentir o pulsar da cultura marroquina. Lá vale a
lei da pechincha, se souber negociar você pode economizar muito!
A comida também é um capitulo a parte em uma viagem para lá.
Muitas especiarias, ou seja, muito tempero! Legumes, verduras e grãos são a base da alimentação. Seksou
– cuscuz - é o prato mais tradicional, mas certamente você também irá cruzar
com a Tajine. A grande quantidade de tempero pode não ser a maior aliada de
algumas pessoas, então no nosso caso não demorou para enjoarmos, mas existem
outras, digamos assim, mais ocientais.
A
população do Marrocos é apaixonada por chá. O mais popular é o chá-verde com
menta, em que as folhas são quebradas e ficam em repouso por alguns minutos e é
servido com grande quantidade de açúcar. O modo de servir também é bem
característico, com um movimento de sobe e desce com o bule.
Apesar
do consumo de bebidas alcoólicas ser proibido para os muçulmanos, os
marroquinos são grandes produtores de vinhos e cervejas e como bons
exploradores que somos, provamos da produção local e aprovamos alguns vinhos e
cervejas, apesar de toda a dificuldade para comprá-los. Na noite da virada
comprar uma garrafa de vinho parecia uma profanação das graves, tipo de “arder
no mármore do inferno” e quase ficamos sem ter com o que brindar. A venda sem
restrição só é permitida a turistas, e, ainda assim, é proibido andar com
bebidas na rua mostrando a embalagem. Além disso, os estabelecimentos
autorizados param de vender após as 20 horas.
A
visita ao Marrocos não se limita apenas a comer, passear pela Medina, conhecer
a arquitetura e palácios, a cereja do bolo ainda foi um passeio pelo deserto do
Saara, o maior e mais quente do mundo. Andar de camelo e dormir em uma tenda no
meio do nada deram um “Q” de aventura a essa parte da nossa viagem.
No
caminho até a cidade de Zagora, de onde partimos para o deserto, passamos pela
Atlas Montain, uma cadeia de montanhas com os picos nevados e até mesmo por
Quarzazate, cidade patrimônio da humanidade pela UNESCO que já foi cenário de
muitos filmes e séries, incluindo Lawrence da Arábia, A Múmia, Gladiador,
Alexandre e Príncipe da Pérsia, entre muitos outros; além de uma de minhas
séries favoritas Game Of Thrones. Quem sabe Eva Schneider não vive uma aventura
por lá? Já pensaram?
Para
completar a aventura, que tal uma cobra enrolada no pescoço? Se não estiver
disposto é melhor não ficar de bobeira observando os encantadores de cobras que
ficam na Jemaa el-Fna, pois se ficar, eles vão colocar a cobra em você e cobrar
alguns dihans pela foto. Ainda na praça aproveitamos para ver algumas meninas
dançando a dança do ventre. – Apesar de eu achar que a Jade dançava muito
melhor.
Volto
para casa com o coração encantado diante de tudo que vi e vivi no Marrocos. O
mundo é mesmo muito grande e só saindo da nossa zona de conforto temos a
oportunidade de observar o quão pequenos somos nós.
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