Personalidades: Alcebíades Frederico Andersen – Seu Pide

Por Izabel Cristina Andersen Kretzer

Data de Nascimento: 06 de agosto de 1928
Data de Falecimento: 21 de setembro de 2009

Alcebíades Frederico Andersen, neto de imigrantes por parte da mãe italiana Matilde Montibeller e por parte do pai Dinamarquês Benjamin Andersen residiam na “Barra da Jararaca”, mais tarde passando a se denominar Distrito de Arnópolis, não exerciam grande atividade como colonos, apenas plantavam para consumo da família e tinham algumas vacas de leite. Benjamin trabalhava como feitor na abertura da estrada, hoje SC 350 – Alfredo Wagner – Ituporanga, e uma das suas preocupações era encaminhar bem cedo os filhos para exercerem profissões diversas.

Alcebíades, o segundo dos 09 filhos, nasceu no dia 06 de agosto de 1928, e aos 12 anos já trabalhava como Galioteiro – motorista de uma espécie de Charrete com caixa para carregar aterro - na construção da estrada. Aos 14 anos foi morar em Bom Retiro para aprender a profissão de mecânico na Oficina do Sr. Mena Schlischting, pai do Sr, Iberê. Com seus 17/18 anos já meio mecânico e motorista, foi residir em Ituporanga, na casa do Seu Lico e Dona Nita Grah, onde recebeu o sugestivo apelido de “chocolate”, que lhe foi dado porque um rapaz levava chocolate para a namoradinha e ele é que se lambuzava.
Aos 19 anos, já motorista profissional, seu pai Benjamin arrumou-lhe serviço no DER para trabalhar em Sorocaba, um lugarejo próximo a Tijuquinha - SC, onde além do trabalho arrumou também uma noiva. Desistindo do noivado, desistiu também do serviço retornando para Alfredo Wagner para trabalhar como motorista de ônibus na 1ª linha de Ituporanga a Florianópolis, empresa de propriedade do Sr. Osvaldo Thiesen e Augusto Felber. Mais tarde, como feitor e pessoa de confiança do Diretor Geral do DER, Engenheiro Felix Schmiegelow, seu pai novamente arrumou-lhe serviço como motorista particular desse engenheiro em Florianópolis, para dirigir seu JEEP. Alcebíades, sempre muito faceiro, foi apresentar-se ao trabalho vestido de bombacha xadrez com faixas laterais cheias de botões, lenço vermelho grande, guaiaca e botas de fole de gaita, impressionando o engenheiro que lhe disse: “Aqui em Florianópolis-Capital, você tem que usar outro tipo de vestimenta”. Com o engenheiro trabalhou por quase 01 ano. Nesta época, desenvolvendo também seu lado esportivo, jogou no Marcílio Dias – Itajaí, como ponta esquerda, participando de apenas dois jogos. Aconteceu então um fato que mudaria seu destino: em cima da Ponte Hercílio Luz, bateu em outro veículo, sendo ele Alcebíades, considerado culpado. O encarregado do Departamento Pessoal do DER fez a seguinte proposta: ou pagava o conserto dos dois carros ou ia ser demitido. Ele optou pela segunda alternativa.
Retornando para Alfredo Wagner, foi trabalhar com Sr. Francisco Claudino Machado em Rio Engano. Neste trabalho passou a conhecer melhor a jovem Ondina, filha do patrão. Apaixonaram-se e após breve namoro e noivado - 08 meses - casaram-se no dia 16/06/1951 e desta feliz união tiveram 04 filhos: Ivan Dorneles, Sandra Terezinha, Antônio José e Izabel Cristina.
Na época em que casaram, fazia Feira no Mercado Público de Florianópolis com o caminhão do seu sogro Chico Machado. Levava milho, feijão, farinha de mandioca, fumo em corda - rolos chamados de tacá -, galinhas, patos, marrecos (vivos), banha de porco, carne salgada, toucinho salgado. Todo mês tinha como encomenda do Sr. Celso Ramos (tempos depois governador do Estado): uma caixa com 25 galinhas para sua Chácara, hoje nas proximidades do Av. Rio Branco- centro- Fpolis.
Em 1953, casado e com seu primeiro filho Ivan com 08 meses de idade, estabeleceu-se com comércio em Passo da Limeira, onde manteve a atividade, até que surgiu a desapropriação dos terrenos pelo DNOS, para construção da Barragem de Ituporanga.

Em 1962, Alcebíades constituiu sociedade com Francisco Ivo Machado, seu cunhado, adquirindo duas serrarias, dois caminhões F8 e um F6 e os pinhais em Barro Preto, Barrinha e Chapadão da Barra e Mosquito. Este foi o início de uma vindoura sociedade. Adquiriram terras em Pinguirito, Riozinho e mudaram uma de suas serrarias para Passo da Limeira. Ainda no ramo dos transportes, a sociedade com a denominação da Empresa Machado & Andersen, entre os anos de 1968 a 1980, chegaram a possuir 05 caminhões Mercedes Bens, 04 deles truck, todos boiadeiros, que transportavam gado para os frigoríficos Pamplona  e Zink – que ficavam respectivamente em Rio do Sul e Presidente Getúlio.  
A Empresa também iniciou atividades no ramo de comércio varejista na sede da cidade de Alfredo Wagner, construindo o 1º prédio do município e nele instalando o 1º supermercado do lugar. Em 1988 o comércio transformou-se em Supermercado “Seu Pide”, apelido que Alcebíades era chamado por seus amigos. Constituiu uma filial no município vizinho de Bom Retiro.
Atuou ainda com muita propriedade na área da pecuária, com criação de gado em Pinguirito, recebendo por diversas vezes premiações em feiras e Exposições, por usar touros melhorados. Adorava cuidar pessoalmente do seu plantel, cuidando especialmente das vacas com terneiros ao pé.
Seu Pide era um grande visionário em negócios. Sua simplicidade, simpatia e honestidade, faziam dele uma pessoa muito querida pelos familiares, amigos e pessoas que negociavam com ele.


Política:
Alcebíades era do PSD, ala da família Ramos, embora tenha herdado de seu pai, ser simpatizante do Presidente Getúlio Dorneles Vargas, do qual ostentava uma fotografia com a faixa presidencial na sala da casa. Tamanha era a admiração que seu primogênito Ivan leva em seu 2º nome “Dorneles”.
Foi vereador em Alfredo Wagner eleito com quase 500 votos quando Alfredo Wagner tinha menos de 2.000 eleitores e os vereadores não eram remunerados. Ocupou o cargo de Presidente da Câmara durante todo o seu mandato – 1967 a 1969.
Candidatou-se a prefeito em 1972 já pela Arena, formada pelos partidos PSD e UDN, mas renunciou por pressão de alguns líderes do ex-PSD. Seu antigo partido assumiu a candidatura e foi eleito o Sr. Norberto Wagner.
Participou ativamente e influentemente como líder da candidatura de seu irmão Ciro Seleste Andersen como vice-prefeito vitorioso na chapa de Rogério Pedro Kretzer.
Em 1982, também foi primordial sua participação na candidatura e eleição vitoriosa de seu filho Ivan Dorneles Andersen como prefeito. Nesta eleição ocorreu fato inédito na urna de Pinguirito, todos os votos a favor, mérito do seu trabalho.
Igualmente teve participação na eleição por duas vezes vitoriosas de sua filha Izabel Cristina como vereadora, sendo a 1ª mulher a ocupar uma cadeira no legislativo municipal.
Em sua Fazenda na comunidade de Pinguirito, tem até hoje a estatueta de Getulio Vargas tomando chimarrão, seu diploma de Vereador, orgulho que ele trazia consigo.
Nos últimos anos era simpatizante de Leonel de Moura Brizola.


Lazer:
Adorava caçar (quando ainda era permitido) e pescar. Participou de diversas excursões para pescar no Estado do Mato Grosso do Sul – nos rios Miranda, Bonito e Coxim e também no Estado do Rio Grande do Sul – nos rios Uruguai e Quaraí.
Fez grandes amizades através deste hobby, especialmente no município de Bombinhas, Praia de Bombas, onde adquiriu imóvel, realizando grandes pescas com linha de mão, arrastões com os pescadores profissionais daquela praia. Todos os anos quando ia veranear levava para os pescadores sebo pra passar nos barcos, além de mel, cebola e carne de gado e ovelha, o que proporcionava a eles um saboroso churrasco. Até hoje sua filha Izabel com seu marido Claudir, realizam este feito. Em Bombas seu Pide era conhecido por “Bide ou Fofão”.

Seu Pide sempre foi muito extrovertido, gostava de uma roda de prosa, sempre mais ouvinte. Quando se manifestava era para contar seus causos para os filhos e netos que tanto adorava, amigos mais íntimos, dos quais arrancava boas risadas de todos.
Destacamos seu carinho especial pelo povo da comunidade de Pinguirito a qual ele dedicou grande parte da sua vida. Era lá que ele realmente se sentia em casa e no meio dos seus. Como ele dizia: “Minha gente!”
Entre tantas das suas façanhas quando criança, conta-se que Alcebíades em uma das noites de natal, comeu quase todos os chocolates dos irmãos e colocou nos seus pratos de presentes, tudo o que eles iam ganhar, até mesmo a sombrinha de sua irmã Doralice.
Alcebíades durante seus 81 anos de vida deixou um legado muito importante para sua família e amigos. Foi exemplo de avô, Pai amoroso e dedicado, marido apaixonado por sua eterna esposa. Na memória de todos, especialmente da sua família, sempre haverá lugar para seu sorriso meigo, o abraço carinhoso, o olhar de quem não precisa falar tudo e a sabedoria expressa nas suas palavras e ações.

Informações transmitidas por:
Izabel Cristina Andersen Kretzer
Ivan Dorneles Andersen
Antônio José Andersen

Correções: Ana Paula Kretzer

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2 Comentários

  1. Alciria da Cunha Kirst28 de junho de 2013 às 22:04

    Tive a oportunidade de conhecer e ter um pequeno período de convivência com a família do Sr. Pide e D. Ondina qdo moravam na Limeira. Eram vizinhos queridos dos meus tios Nézio kloppel e tia Joaquina da Cunha Kloppel. Recebiam muito bem suas visitas com muita alegria e gentilezas, fazendo assim com que todos nós sentíamos prazer em visitá-los. A história de vida do Seu Pide foi uma grande lição de um homem que lutou muito e não desistiu dos seus objetivos apesar de ter passado por muitos percalsos durante a sua vida. Que sua história possa servir de testemunho para as gerações vindouras.

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  2. Foi muito bom fazer esta pequena biografia do meu PAI querido para que outras pessoas possam conhecer um pouco sua historia. Foram momentos de grande reflexão onde sentimentos afloraram batendo forte a saudade na certeza do amor vivido e compertilhado. Agradeço aos meus irmãos que colaboraram na construçao do texto.
    Agradeço ainda a Carol e Ana Paula pela iniciativa de realizarem este importante projeto.
    Izabel Cristina Andersen Kretzer.




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