A chegada em Paris não poderia ser pior. A rodoviária era imunda,
fedia muito a xixi, não existiam bancos para que a gente ficasse sentados, já
que eram 5:30 da manhã e o nosso apartamento só ficaria disponível à partir das
11:30. Como não tínhamos para onde ir com as malas resolvemos que ficaríamos
por ali até perto da hora de nos dirigirmos para casa. Foram horas horríveis.
Sentamos no chão e para nos protegermos do frio pegamos casacos de dentro das
malas para nos taparmos. Fizemos uma barricada de malas e amontoados dormimos
por alguns minutos.
Existiam muitas pombas por lá, que nos acordavam. Para
finalizar resolvi pôr o meu diário de bordo em dia, mais ou menos no momento
que um cara pediu para ficarmos de olho na mala dele. Sim, caímos nessa.... Perigo
de ter drogas lá dentro e a polícia nos prender, achando que era nossa, mas
isso não aconteceu. Foi nessa rodoviária que tivemos uma boa surpresa, pois foi
ali que recebemos a notícia de que nossas multas das bicicletas seriam estornadas
do cartão. Estávamos 164 libras menos pobres! Eu e Bárbara estávamos dormindo,
quando Alvas gritou “Não vão nos cobrar as bicicletas”, eu meio dormindo
pensei: “O que esse guri quer com mais bicicletas”, mas logo entendi que era a notícia
que tanto aguardávamos. Foi lindo.
Quando deu a hora
pegamos um táxi até nosso apartamento – taxista muito grosseiro, dissemos
obrigada e ele virou as costas e saiu. Encontramos uma pracinha super
acolhedora e um lugar onde vendia pizza e outros lanches. Comemos lá, apesar de
não conseguir entender direito os sabores das pizzas. Depois ainda ganhamos um
chazinho árabe, já que o dono do estabelecimento era mulçumano.
Foi quando
comecei a falar tudo em: “Bla blo bli bluuu”, ridículo, mas eu achava muito
engraçado, esse meu fake francês.
Uma amiga da
anfitriã nos apresentou o flat e ele parecia bem bom, amplo e limpo e com camas
que pareciam maravilhosas. Decidimos que íamos dormir um pouquinho até Gui e
Ana chegarem. Deitei em uns 2 minutos estava em um sono profundo. Mais dois
minutos e eles mandaram uma mensagem avisando que haviam chegado.
O Gui e a Ana são
nossos amigos de longa data, desde o tempo da faculdade. Gui estudava comigo e
com o Alvarino e agora está morando em Amsterdam – pois alguém tinha que se dar
bem na vida. Aproveitando a proximidade chamamos eles para passarem o ano novo
com a gente em Paris. Eles foram.
Era dia 31 de
dezembro e logo precisamos nos arrumar para ir até a Torre, local que
ansiávamos conhecer e o escolhido para a chegada de 2018. Antes fomos até o
mercado comprar alguns mantimentos e bebidas, para nossa estadia na capital
francesa. O Gui como um agora “praticamente” europeu, escolheu as melhores
cervejas para que provássemos, levamos também vinho e champenhes e ele pagou a
conta, já que ganha em euros. Hahaha
Tomamos banho –
alguns com água quente, não todos – e fomos rumo a torre. Ao sair da estação, o
maps do Alvarino nos mandou para a direita, fomos, olhávamos para o céu em
busca da torre, mas nem sinal dela. Resolvemos ir para o lado oposto e quando
nos deparamos com aquele enorme monumento, foi um momento que será inesquecível.
A torre é
absolutamente linda, imponente, soberana, elegante... poderia ficar aqui mais
algum tempo enumerando adjetivos e nem assim conseguiria demonstrar o quanto a
torre me impressionou naquele momento.
Ficamos ali no
Trocadero – onde Hitler tem uma foto, observando suas tropas -, tiramos muitas
fotos, algumas delas bem “blogueirinhas” e todas elas lindas, pois a
luminosidade da torre dava um toque especial nas fotos. Descemos para tirar
mais fotos. Comemos um daqueles tradicionais creps, cheios de nutella –
deliciosos – e voltamos para o Trocadero. Como o tempo parecia estar parado,
faltavam mais de duas horas para a meia noite. Encontramos um barzinho para
esperar dar a hora, tomamos uns chopps, fomos ao banheiro e mais perto do
momento da virada, voltamos para junto da torre.
A meia noite a
torre piscou – como faz a cada hora – e, FIM. Nenhum foguetinho, nada. A gente
deveria ter ido ver o filme do Pelé. Foi muito decepcionante. Dizem que os
fogos foram cancelados por ameaçada de atentado terrorista, enfim, o jeito foi voltar
para casa. Mas quem disse que seria fácil.
Era 00:03 quando todo
mundo resolvemos que iria voltar para casa, de metrô. Fomos na estação de qual
saímos e estava fechada. A próxima também. Na rua um tumulto generalizado,
gente chutando carros, se empurrando, polícia passando com sirenes ligadas,
ambulâncias, policiais, cavalos, cachorros, uma loucura. E nós ali no meio, sem
saber direito o que estava acontecendo.
Não comentamos na
hora, mas enquanto esperávamos, cada um discretamente procurou nos sites de notícias,
sobre atentados que poderiam ter acontecido em Paris naquele momento. Existia
essa tensão no ar, mas graças a Deus, não aconteceu nada disso. Era apenas
aquele tumulto básico, semelhante ao que passei no Rio na virada de 2012.
Quando finalmente
conseguimos entrar no metrô, mais de uma hora e meia depois, ainda levei um
mega esporro de uma mulher que trabalhava lá. Eu não entendi o que ela falou,
ela achou que eu estava reclamando e falou algo que também não entendemos, aos
berros, quase me batendo, ao que respondi “I don't understand you”, e quase
chorei.
Dentro do metrô
ficamos no mesmo vagão que uma turma estranha, com cara dos 40 ladrões do filme
do Aladin. Que estavam bebendo, dançando e derrubando cerveja. Tentaram mexer
comigo, mas não dei muita trela. Porém estava com medo de estourar uma briga e
eu ficar no meio dela. Quando trocamos de metrô tínhamos como companheiro de
viagem um mendigo, deitado nos bancos, que também concorria pelo recorde de
dias sem banho e carniça.
Foi uma odisseia
chegar em casa. Erramos a estação e também descobrimos de uma forma bem
peculiar porque as ruas de Paris têm aquele cheiro de xixi. Chegamos era quase 3 horas, não queríamos
saber de nada mais, além de nossas camas.
Nosso 2018
começou muito tumultuado.
2 Comentários
Hehe, tiveram sorte de não encontrarem uns ratões, bem nutridos, às margens da torre Eiffel. Infelizmente, em Paris, a história e a beleza da arquitetura da cidade, competem com o mau cheiro da cidade(muito lixo e chepas de cigarros nas ruas), o mau humor dos franceses e o mal atendimento nos estabelecimentos(dos franceses), os preços altos, os muitos mendigos e refugiados nas ruas sem amparo, os arruaceiros...; Um lugar a ser conhecido somente. O que mais me decepcionou, foi a insignificância que os franceses dão a praça da queda da bastilha, um ícone da história, marco da divisão era moderna e contemporânea, símbolo da revolução francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e no lugar simplesmente não tem nada.
ResponderExcluirEstive em Paris no mês de maio comemorando 5 anos de casamento.
ResponderExcluirComemoramos nossa bodas de madeira.
Não tinha destino melhor e mais romântico pra se comemorar aniversário de casamentos.
Super recomendo.