Existe apenas um dia no ano em que o metro de
Londres não funciona e esse dia é o dia 25 de dezembro.
Na noite anterior na cozinha tínhamos conversado
com o pessoal do Brasil que estavam no hostel e eles nos avisaram que no dia
seguinte não teria transporte, então teríamos que seguir de táxi ou de Uber.
Depois do café da manhã – croissant e suquinho de
maçã, sem referência a música do seu Jorge - chamamos o Uber, vale lembrar que
fizemos algo errado, ainda estávamos com nossos números do Brasil e depois
dessa vez, não conseguimos mais usar o aplicativo. Aparecia como se tivéssemos
uma dívida ativa com a empresa, de qualquer forma de Uber que a gente deu o
primeiro passeio na tão sonhada London.
Descemos quase em frente a Westminster Abbey.
Imponente, soberana no meio da praça. Estávamos na Parliament Square, que
concentra também o Parlamento e o Big Ben. Pena que o famoso relógio da capital
inglesa está passando por uma reforma, por isso ele aparece cercado de ferros,
sim... preciso voltar para ter uma foto decente com ele – já que a previsão
para finalização da reforma é apenas em 2020, talvez eu já tenha condições
hahah.
Atravessamos a Westminster Bridge, com a London Eye
reinando absoluta, praticamente no céu da cidade. Descemos até uma praça para
tirar algumas fotos com o Big Ben e o Parlamento de fundo. Estava frio, mas
nada assustador, mesmo assim resolvemos fazer uma parada para um Starbuks. De
lá seguimos uma rua e acabamos encontrando um local para comprar chips de
internet para nossos celulares, acho que a gente deu uma exagerada, pois
compramos cada um 11 gigas e eu não gastei nem 4 deles, durante toda a viagem,
mas tudo bem.
Compramos mais algumas coisas e logo já nos deu vontade
de almoçar. Comemos em um restaurante inidiano, de comida americana. Um frango
“full of spice”, com batata. Começamos nosso processo de engorda naquele almoço
e também escolhemos os nossos nomes falsos, com os quais nos apresentaríamos
aos outros – nunca os usamos, Paola, Raul Valdez e Ursula. Depois seguimos a pé
para o próximo destino, que seria a Ponte de Londres.
Passear por aquelas ruas e pensar quantas vidas já
passaram por lá, quantas histórias se guardam atrás das janelas daqueles
casarões seculares, guerras, revoluções, dias curtos de inverno, dias festivos
de verões, tudo isso acontecendo ali por gerações e a gente tendo a
oportunidade de se fazer presente, pisar naquele chão. Para quem gosta de
história e viajar nesses pensamentos, foi um prato cheio.
Estávamos andando, quando encontramos um local onde
se alugava bicicletas, daquelas Santander Cycle – tipo as bikes do Itaú do Rio
de Janeiro – estávamos apenas olhando, quando uns brasileiros nos recomendaram
pega-las: “São apenas duas libras por 24 horas e se vocês devolverem a cada
meia vocês não pagam nada”. Nossa, nossos problemas estavam acabados, podíamos
pegar uma bike, fazer o resto do roteiro e até mesmo ir para casa com elas.
Perfeito. - Sim, não temos limites e vocês vão entender isso nos próximos dias
do relato.
De bike fizemos o trajeto, até a Tower of London –
mas como era natal ela estava fechada! Porém o exterior é bem bacana e já dá
para ter uma ideia do tanto de história que o lugar carrega. Circulamos todo o
perímetro da “torre” e fomos até Tower Bridge – a famosa ponte que abre e
fecha.
Atravessamos a Tower Bridge - com várias paradas
para foto, é claro. E começamos nossa saga de retorno para casa com nossas
bikes. No início muito animação, me sentia como se fizesse parte do quarteto de
Strangers Things, muito animada em minha bicicleta com meus amigos. As luzes de
natal de Londres encantavam a cada esquina que viramos, e o google maps nos
levou por caminhos nada usuais, becos, atalhos, alguns gerando até certa
adrenalina.
Começou a esfriar e nunca mais chegávamos ao
hostel, me perdi algumas vezes, pois tinha movimento e eu as vezes ficava para
trás, perdida observando as luzes, me sentindo a sol chegando nos Estados
Unidos #americafeelings, passamos por vários locais, inclusive por um jardim
onde as pessoas estavam fazendo a coreografia de “Dancing Queen” – óbvio que eu
queria muito ser amiga deles. Andamos quase 30 km de bicicleta naquele fatídico
dia de natal e tivemos até que pedir para usar o banheiro de uma vendinha, onde
compramos também o que seria a nossa janta. Quando chegamos ao hostel
descobrimos que não poderíamos deixar as malditas bicicletas lá. Então saímos
para encontrar a estação da Cycles mais próxima ao hotel, que ficava a cerca de
4 km. Mas esfriou muito e começou a chover. Desistimos da ideia, tiramos os
cadeados de nossas malas, prendemos um bike na outra e rezamos para que ninguém
as levasse embora.
A noite foi hora de tomar um chopp, para que a
nossa derrota não fosse total. Nesse ponto o placar estava Europa 2 X 0 Nós.
Íamos perder de goleada. Estávamos muito atrapalhados.
A noite foi mais um momento triste, porém com um
pouco de esperança em nossos corações. O sobrinho do Alvarino faleceu, mas
salvou 8 vidas. Ele era doador de órgãos e como ele era muito jovem e saudável
muitos de seus órgãos foram doados a outras pessoas. É claro que a morte ainda
doía muito, mas ao menos podíamos pensar na felicidade da família dos
receptores dos órgãos recebendo a notícia do transplante no dia de natal.
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