Data de Nascimento: 13 de Fevereiro de 1927
Data de Falecimento: 11 de agosto de 2005
Por Maria Salete Farias
Nasceu em Barracão, Distrito de Catuira,
Município de Bom Retiro (Hoje Alfredo Wagner, no dia 13 de fevereiro de 1927).
Seu Pai Manoel da Rosa Farias era conhecido como
Manuel do Dôia, pois foi criado na casa de Dôia, filho mais velho de João
Conorato (João Conrado Schmidt), e sua mãe Santa Andersen Farias (também
conhecida como Santolina) era filha de Rodolfo Andersen irmão de Cristina mãe
de Dôia.
Casou com Otilia Fernandes (filha de
Jorge Fernandes (Jordelino) e Maria Kurtz Fernandes) no dia 30 de novembro de
1946.
Da união nasceram 07 filhos (Dulcinéa,
Maria Salete, Marcina, Laerte, Maria de Fátima (natimorto), Márcia Rosani e
Adauto).
No inicio da vida profissional exerceu
as atividades de engarrafador de bebidas, dono de posto de combustível, e mais
tarde indústria e comércio de madeiras, também atuou como avaliador do Banco do
Brasil para a Carteira de Crédito Imobiliário.
Suas
atividades empresariais, juntamente com as de outros comerciantes da época,
foram objeto de anúncio publicado na Revista “A Voz do Planalto” editada em Bom
Retiro na década de 1950.
Adquiriu uma serraria situada no lugar
chamado Jararaca, a qual possuía muitos empregados, uma vila para residência
destes a qual contava, inclusive, com uma Igrejinha.
Dita serraria causou-lhe muitos
dissabores, pois herdeiros de antigos proprietários conseguiram judicialmente
uma medida liminar que impedia o corte de pinheiros.
Com as atividades da serraria
paralisadas precisou desfazer-se de outros bens para fazer face às despesas com
salários e fornecedores, implicando em séria crise financeira.
Cansado de esperar o resultado da
demanda foi abordado pelos autores da ação que ofereceram um acordo para
encerra-la a oferta foi verbalmente aceita.
Ocorre que, ao comunicar o fato ao seu
advogado o ilustre Dr. João Monn foi informado por este, que o Tribunal de
Justiça do Estado de Santa Catarina havia julgado improcedente a ação e
condenado os Autores a indenizar-lhe as perdas e danos.
Ciente da má fé dos Autores na
propositura do acerto, e afirmando que sua “palavra valia mais que mil
contratos” manteve o acordo verbal e arcou, inclusive com os honorários do seu
advogado que obteve o ganho de causa.
O mesmo advogado defendeu-o quando um
parceiro comercial, valendo-se de um título de crédito assinado em branco por
Artemio, e que se achava em seu poder, requereu a falência de “ARTEMIO ROSA
FARIAS COMÉRCIO DE MADEIRAS”, o brilhante causídico munido de um cheque em
branco assinado por este parceiro comercial, solicitou no Fórum de Bom Retiro
fosse elaborada a conta do processo de falência para fins de quitação, e
preenchendo o cheque com o valor total da conta, inclusive custas e honorários
efetuou o pagamento e encerrou a ação. Num golpe de mestre o advogado aproveitou
os documentos em poder de seu cliente e quitou a dívida com um cheque assinado
pelo próprio credor
É que ambos e outros amigos
comerciantes, por força de acordo de cavalheiros, trocavam títulos assinados em
branco para serem utilizados em caso de necessidade, para desconto em bancos,
já que seus negócios eram realizados na rede bancária de Florianópolis e nem
sempre coincidia estarem juntos na capital.
Muito irado com a atitude do comerciante,
Artemio dirigiu-se à residência deste que ficava do outro lado do rio perto da
antiga ponte, e na travessia da ponte armado com um revólver desferiu alguns
tiros para o alto, mas antes do confronto recuperou o autocontrole e voltou
para casa.
Envergonhado com o ato, contava aos
netos que a partir deste episódio trocou o revolver por um rosário.
Era muito religioso e jamais esquecia
sua rotina de orações, tinha um jeito especial de contar as passagens bíblicas
especialmente os evangelhos, como “Jesus caminhando sobre as águas e dizendo:
Vem Pedro vem; Homem de pouca fé”...; o grão de mostarda e muitas outras que os
filhos e netos às vezes fingiam ouvir.
Era homem de muitos amigos e muitos
compadres o Professor José Dell’ Antonia, Altair Schweitzer, Olíbio Ferreira da
Cunha, José de Campos, Pedro Kretzer, Rogério Pedro Kretzer, Adelar Lehmkuhl,
José Rocha, Izidoro Cechetto, Flares Figueiredo de Oliveira, Júlio Wessler
entre outros foram seus compadres.
(Na foto: Casamento filha de
Lindolfo Schweitzer, churrasco na olaria do Seu Balcino)
Em sua casa que ficava onde atualmente
acha-se localizada a Comunidade Evangélica, já na década de 1950 havia água
encanada levada à caixa por bomba manual, água quente através de um sistema de
serpentina instalado no fogão à lenha, banheiro com bacio e chuveiro e pia,
também a cozinha era equipada com pia, água encanada e sistema de esgoto.
Teve um cinema, situado na mesma quadra,
que era praticamente inteira de sua propriedade, desde a rua principal até a atual
Rua Artemio Rosa Farias.
O cinema era equipado com gerador movido
a óleo diesel e antes das cessões de cinema um gramofone tocava um disco de 78
rotações, sendo de um lado “Mulher Rendeira” dedicada à Dulcinéa e do outro
“Ninguém me ama” preferido da Maria Salete. Em algumas ocasiões a Oca e a Dida
(belas moças com vozes maravilhosas) cantavam ao vivo canções como “Asa
branca”.
Integrou a Comissão Paroquial na época
de Frei Deodoro, na foto com José de Campos, Lindolfo Schweitzer, Paulo
Schwinder Almeida, Paulo Bunn, Olíbio Ferreira da Cunha, Adelar Lehmkuhl e Izidoro
Cechetto.
Como era proprietário de um dos poucos
automóveis da localidade, era chamado, não raro, de madrugada para transportar
doentes a hospitais.
Da época em que possuía um trator com
arado com o qual prestava serviços aos plantadores de fumo, restou o episódio
que não se cansava de narrar, visando desestimular o vício do cigarro: dizia
que ao observar a quantidade de veneno (agrotóxicos) utilizados nas plantações
abandonou o vício. Quando fumante preparava a palha de milho para enrolar seus
cigarros fervendo-as previamente com leite e secando-as ao sol.
Gostava de rituais na preparação de
alimentos, nas refeições tudo sem pressa.
A militância política gerava inimizades
e ele costumava contar que em uma ocasião conseguiu do Governo do Estado uma
máquina patrola para melhorar a estrada geral das Demoras, mas durante a noite
o inimigo político colocou melado no tanque da máquina danificando totalmente o
veículo e impossibilitando a sua utilização.
Foi vereador em Bom Retiro na 3ª
Legislatura – 1955 a 1958.
Em 14 de fevereiro de 2002, juntamente
com os demais ex-vereadores recebeu homenagem da Câmara Municipal de Bom
Retiro.
Políticos como Irineu Bornhausen, Jorge
Lacerda, Albino Zeni frequentavam sua casa. Certa vez o Governador Irineu foi
padrinho de casamento de um casal de ciganos acampados no Barracão e para
recebê-lo as poltronas e o tapete da sua sala foram emprestados aos ciganos.
Na qualidade de vereador e presidente do
diretório distrital da UDN era recebido pelo Governador Irineu Bornhausen no
Palácio na Capital do Estado onde postulava melhorias em favor da comunidade.
Assim, pleiteou fosse instalado um
Cartório de Registro Civil no Barracão, em face de dificuldade de locomoção de
seus moradores, até a sede do distrito em Catuira para registrar nascimentos,
casamentos e óbitos.
O Governador sugeriu que ele elaborasse
um Projeto de Lei visando à elevação de Barracão a distrito, para permitir a
instalação do Cartório e ele apresentou o projeto que foi transformado na Lei
Municipal de n.º 56/9 de 22 de outubro de 1956.
Em outra ocasião, pediu a criação de um
Grupo Escolar, e o Governador garantiu que se houvesse a doação e um terreno
para tal assim seria feito. Obteve de seu compadre José de Campos a doação do
imóvel e o Governador cumpriu a promessa com a inauguração do Grupo Escolar
Silva Jardim.
Era um político dedicado e como na época
os vereadores não recebiam salário apenas o jetom pelo comparecimento às
sessões ele custeava as despesas do próprio bolso e doava o jetom ao partido.
Sofria muito com as derrotas políticas
de seus correligionários, especialmente a de Antonio Carlos Konder Reis para
Ivo Silveira (Governo do Estado) e Rogério Kretzer, na primeira eleição, para a
prefeitura municipal de Alfredo Wagner.
Com a emancipação de Alfredo Wagner,
emprestou sua escrivaninha e cofre para o prefeito nomeado, Pedro Weinhardt
Borges, para a instalação da prefeitura.
Ditos móveis haviam sido utilizados anteriormente
quando o extinto Banco INCO, teve uma subagência no Barracão a qual
funcionou em uma das dependências de sua casa.
Participava de todas as convenções
estaduais e municipais de seu partido a UDN.
Compensava o pouco tempo de escolaridade
fazendo cursos por correspondência (o antigo artigo 99 uma espécie de curso
supletivo).
Em sua estante a Bíblia Sagrada convivia
com clássicos como Platão (Apologia de Sócrates), Cícero (Orações), Dicionários
enciclopédicos e ortográficos além de Jornais e Revistas (O Cruzeiro, Manchete)
que adquiria em suas frequentes viagens a Florianópolis.
Em janeiro de 1966, mudou-se para
Florianópolis, mais precisamente em Capoeiras onde inicialmente teve uma
fábrica de móveis e mais tarde até a aposentadoria trabalhou no ramo de
materiais de construção.
Mudou-se para São José, mantendo o seu
comércio em Capoeiras. Com a saúde
debilitada, e inconformado com a perda da filha Dulcinéa, faleceu no dia 11 de
agosto de 2005, com 78 anos de idade.
6 Comentários
Meu pai foi um herói,um guerreiro,um pai maravilhoso,um homem de muita fé,um homem batalhador que criou seus filhos com muto sacrifício.Fez tudo por sua família.Um vencedor!Este foi o meu Pai.Saudades eternas
ResponderExcluirCarol se não me falha a memória, e caso não esteja enganado, faltou o nome do filho mais novo que se chama Mauricio.Será?
ResponderExcluirFoi um grande homem. Fez muito por Alfredo Wagner. Merecido o preito que lhe foi prestado tornando-o patrono da rua onde morava, aqui no Centro. Hoje fiquei sabendo que o seu Arthemio era primo em segundo grau de minha avó, Santília Schmidt Wagner (filha de João Conrado Schmidt e de Cristina Francisca Andersen). Vovó Cristina tinha, se não me engano, dez irmãs mulheres e apenas três irmãos: tio Frederico, tio João (morto acidentalmente enquanto pescava, de canoa, no Rio Itajaí, na Catuíra. Enquanto remava, a pistola que tinha na cinta disparou, atingindo-o fatalmente) e tio Rodolpho.
ResponderExcluirSim Juliano Wagner o meu bisavô Rodolpho Andersen era irmão de Dona Cristina, lembro que o Seu Florinho sempre o tratou meu pai como um parente chegado. Mesmo morando em Florianópolis manteve a amizade com Altair Wagner que o visitava em Capoeiras por conta do amor por moedas antigas que tinham em comum, seu Altair sempre comprava as mais valiosas. Obrigada pela postagem.
ExcluirMeu avô querido! Muito orgulho e muita saudade! Tia, obrigado pela história.
ResponderExcluirQue legal, Maria Salete! Vou conversar com o tio Altair sobre o seu Arthemio. Certamente terá boas histórias para contar.
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