Nossa chegada em Bruxelas foi o ápice de nosso drama com as malas. Estávamos
mortos de fome, não avistamos nenhum táxi por perto. Pelo google maps, parecia
que nosso apartamento não era tão longe. Então quando Alvarino perguntou se a
gente toparia ir a pé, aceitamos na hora, mas era a fome falando mais alto. Não
imaginávamos que o trajeto seria praticamente só subida de morro, que nem era
tão íngreme assim, mas subí-lo com quase 50kg de bagagem nas costas – digo
puxando – se mostrou uma das piores experiências da viagem. Sinto dor até hoje
na minha mão direita.
Minha vontade era
sentar e chorar. Paramos em um bar e alvarinho comprou uma coca de 2L, que
tomamos no bico, e até deu uma melhorada no espirito.
Na subida já percebemos que estávamos no lugar
escolhido para muitos portugueses irem tentar a vida, pois só se ouvia o
português.
Em uma esquina
uma simpática senhora com calças pantalonas veio falar conosco. Era Male a
nossa anfitriã em Bruxelas. Ela nos acompanhou até o apartamento, na Avenue
Adolphe Demeur 51, na charmosa região de Saint-Gilles, que se caracteriza pela
heterogeneidade da população quanto à sua origem cultural. Nota-se a presença
de importantes comunidades de origem estrangeira: marroquina, polaca, espanhola
e em imensa quantidade, a portuguesa – como já havíamos percebido.
Male foi muito
querida, nos apresentou o apartamento e ainda deixou alguns presentes na geladeira
para a gente, como leite, água, coisas para passarmos no pão. Dava vontade de
abraçar aquela mulher.
Assim que Male
deixou o apartamento, abandonamos as malas e fomos em busca de algo para comer.
Entramos em um local que parecia que tinha carne para vender, mas acabamos
percebendo, quando recebemos o prato que era tipo um hambúrguer frito e cheio,
mas cheio de pimenta. Enfim... deu para comer, mas não era bem o que eu queria.
Nessa altura eu já estava sonhando com um bife acebolado da minha avó.
Decidimos que no
dia seguinte dormiríamos até meio dia.
- PASSEANDO POR BRUXELAS
Quando decidimos incluir Bruxelas em nosso roteiro não
conhecíamos nada da Bélgica. Até mesmo em uma crônica que escrevi antes de
viajar, coloquei que não sabia o que a Bélgica tinha a me oferecer. Não
entendíamos a razão da maior parte das excursões pela Europa não incluírem esta
cidade. Seria ela sem graça ou feia? E, após chegarmos lá, e termos a chance de
conhecer alguma coisa da cidade, nossas dúvidas somente aumentaram. Como não
incluir Bruxelas em um passeio pela Europa que pretendesse ser completo? Ela é
uma cidade agradável, bonita, repleta de arte, história e com diversas atrações
turísticas. E ainda por cima pertinho de
tudo!
Logo que acordamos, tomamos café e nos dirigimos para o
Grand Place, no caminho nos encantamos com tudo que vimos, arquitetura, roupas
com preços acessíveis e o povo, muito simpático.
Passamos por uma espécie de torre medieval, a Port de
Hal, onde funciona um museu que guarda a história da cidade e foi construída em
1381. O lugar é lindo e muito fotogênico. Na idade média o local funcionava,
como um portão da cidade, fazia parte do sistema de proteção, formando também
por muralhas. O portão original incluiu uma ponte levadiça sobre um fosso. As
estruturas que abrigaram estes ainda não são visíveis, estão ainda soterradas.
A estátua passa a maior parte do ano vestida, quando
estivemos lá, ele estava com uma roupa aparentemente de estudante, com um
cachorrinho ao lado, está é uma tradição – de vestir o garoto - iniciada em
1698, e seu guarda roupas com mais de 600 peças pode ser visto na Casa Real e
no Museu da Cidade. Quando chegar lá não se surpreenda com o tamanho. O
Manneken-Pis é bem menor do que a maior parte das pessoas imagina.
Finalmente chegamos ao Grand Place, também chamada de
Praça do Mercado, onde acontecem todos os principais eventos de Bruxelas.
Rodeada de prédios históricos remanescentes dos séculos 15 e 16, com mercado de
flores pelo chão e rodeada de restaurantes com mesas nas ruas, e ainda a
prefeitura da cidade, tudo ali é uma festa para os olhos e os sentidos.
Tiramos inúmeras fotos no espaço, pois todos os prédios
que compõem a praça são maravilhosos. Ela é uma das praças mais bonitas de toda
a Europa. Amei.
Saindo dali passeamos mais um pouco pelo centro, vimos
uma grande igreja, o Parlamento, o Palácio Real, um parque e pegamos a maior
ventania quando estávamos nos dirigindo para um mirante. Sério, eu pensei que o
vento ia me carregar.
Na volta para casa nós nos entregamos novamente as
compras, compramos muitas jaquetas, tudo mais barato do que já tínhamos visto
em Londres ou em Paris. E achei os óculos que estava procurando desde Londres, o
comprei. Sim, aquele papinho do início da viagem, de que eu estava resistindo
as compras foi-se por água abaixo.
Estávamos o dia todo sem comer, então após uma breve
passada em casa, nos dirigimos até um restaurante Português, onde comemos uma
comida deliciosa e parecida com a de casa. Depois fomos ao nosso Pub preferido
em Bruxelas, o Las Bicha. Lá eu estava com a consciência pesada, pois sempre
que fazia compra ficava convertendo e vendo que nem tinha sido tão barato
assim. Pensar que um chopp custava 9 euros, mais de 40 reais, estava me
deixando muito triste. Então decidimos tomar apenas um. Quando fomos pagar
vimos que na verdade custava apenas 2 euros, voltamos para a mesa e tomamos
mais um. Saudades da Hoealgardem.
Em casa, pesquisamos como chegar até a Hertz, pois no dia
seguinte iriamos de carro até Brugges, e as expectativas eram muitas. Mas antes
de dormir, assistimos nossos episódios favoritos
de Friends.
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