23 de setembro de 1950
14 de setembro de 2020
Sérgio nasceu em Bom Retiro em 23 de setembro de 1950. Era filho de Biasi Silvestri e de Clementina Furlanetto Silvestri. O caçula dos oito filhos do casal. A sua mãe era dona de casa e seu pai mecânico.
Quando o pequeno Sérgio tinha menos de dois anos de idade, seus pais se separaram, o pai deixou a casa e a mãe passou a trabalhar como diarista. Diarista naquele tempo não tinha o mesmo significado de hoje em dia, se referia a carpir um terreno, passar o dia rachando lenha, geralmente serviços pesados, mas era esse o tipo de trabalho disponível naquela época e ela não se intimidava, pois precisava trabalhar para sustentar os oito filhos.
Os irmãos cresceram cuidando uns dos outros e aprendendo desde cedo as responsabilidades da vida. Sérgio desde muito pequeno trabalhava entregando leite para o seu padrinho Beijamin Schmiller, também trabalhou de engraxate — onde adquiriu o hábito de engraxar e lustrar seus sapatos impecavelmente até antes de adoecer gravemente. Ele sempre relembrava que muitas vezes sua mãe não o deixava sair da cama, pois não tinha nada para comer no café da manhã. Além disso, uma outra história que ele sempre contava se referia à primeira vez que tomou refrigerante. Foi um dia especial, pois não era sempre que tinham dinheiro para comprar algo diferente, mas, no primeiro gole, ele se afogou com a sensação do gás descendo pela garganta, seus olhos se encheram de lágrimas e ele não sabe se a primeira sensação foi gostar ou odiar a bebida.
Ele era muito novo quando seu pai deixou sua família e deveria ter entre 6 e 8 anos quando finalmente foi o visitar, na cidade de Tubarão. Conhecer o pai foi uma experiência marcante, mais ainda mais do que isso, a viagem feita pelo pequeno Sérgio, de trem até o sul do estado, também nunca saiu de sua memória.
Por ser descendente de italianos, Sérgio Biasi aprendeu o idioma de forma autodidata e era fluente. Essa foi uma maneira que ele encontrou de manter-se conectado com suas raízes ancestrais.
Ainda em Bom Retiro, ele começou a estudar para ser professor e foi no curso chamado “Normal” que veio a conhecer Tania, que também estudava com ele. No último ano do curso, eles começaram a namorar. Dona Tania conta que: “Desde o primeiro dia de aula, ele se sentou na carteira atrás da minha. A gente ficou amigo. Fazia trabalhos juntos, eu emprestava os cadernos para ele. Quando chegou o dia da formatura no baile, ele falou para namorarmos. Já estávamos muito apaixonados e eu aceitei, é claro”.
Sérgio queria ser professor de Educação Física, então, em 1971 foi fazer um curso para complementar seus estudos na UDESC e lecionar a disciplina que desejava.
No dia 04 de março de 1972, casou-se com Tânia Maria Schweitzer, de tradicional família alfredense, e desta união nasceram três filhos: Karen Silvana, Beatriz e Sérgio. Assim que se casaram, foram morar em Alfredo Wagner, onde Tania já trabalhava como professora ACT, no Soldadinho.
No ano de 1973, ele trabalhou no Silva Jardim. Naquele tempo, o estágio probatório era de um ano. Em 1974, se efetivou no estado por concurso público, sendo lotado no Colégio Estadual Rocha Pombo, em São Joaquim. Porém, nesse mesmo ano em abril, ele assumiu o cargo de Secretário da Administração na Prefeitura Municipal de Alfredo Wagner, a convite de Dr. Norberto Wagner, o então prefeito.
Assim, Sérgio iniciava a sua carreira política. Segundo seu companheiro político Juliano Wagner: “Ele foi um político adorado por seus companheiros e respeitado por seus adversários, que sabiam que a postura dele era sempre a mesma: lisura, ética, honestidade. Era avesso a conchavos, a combinações ocultas, a jogadas de "esperteza", a vinganças e retaliações. Foi transparente ao extremo, fazendo questão de atender ao povo de portas abertas no Gabinete do Prefeito — confessava que o seu desejo era de despachar em praça pública para que todos a ele tivessem irrestrito acesso. Comunicava-se muito bem, falava bastante, mas sabia ouvir e, com isso, fez-se um eterno aprendiz, como disse Gonzaguinha. Foi dos homens mais inteligentes e bem-preparados deste município, e tinha uma sede admirável por aprender mais e mais. A despeito de sua erudição, era extremamente simples, dotado de autêntica humildade.”
Ele atuou como Secretário Municipal por mais de vinte anos, passando por várias administrações, trabalhando com os prefeitos: Rogerio Pedro Kretzer, Ivan Dorneles Andersen, Nivaldo Wessler e Vanderley Silva. Lançou-se candidato a prefeito nas eleições de 1992, sendo eleito com 3.470 para seu primeiro mandato de 1993 a 1996 e foi prefeito pela segunda vez no mandado de 2001 até 2004, eleito com 2.760 votos. Também assumiu a cadeira na Câmara de Vereadores de Alfredo Wagner na Legislatura de 2013 até 2016. E mesmo depois de aposentado, continuou a serviço da população, que por sua vez o procurava com frequência, buscando orientações nas dificuldades que possuíam em inúmeros aspectos de suas vidas.
Em seu primeiro mandato, a cidade de Alfredo Wagner passou por uma de suas maiores catástrofes naturais. A enchente de 1993 causou muita destruição em toda a cidade, o Bairro Estreito foi muito afetado, outros pontos da cidade como Barracão, Águas Frias e todo o Centro ficaram devastados. Várias casas foram levadas pela força das águas, muitos comerciantes perderam todo o seu estoque, agricultores perderam lavouras, estradas foram destruídas. Muitas pessoas ficaram desabrigadas, tendo que se alojar em escolas e no ginásio. A cidade recebeu doações de muitos pontos do estado. A situação foi precária. As famílias que perderam tudo com a enchente foram remanejadas para uma local doado pela prefeitura, surgindo assim o loteamento Valdir Marioti, nome dado em homenagem a um homem que deu a vida para tentar ajudar moradores que estavam ilhados na enchente, “Dico Marioti”. O loteamento foi construído no alto de um morro, um local estratégico para tentar evitar os problemas com as enchentes e hoje se tornou um grande bairro da cidade.
Para diminuir os problemas com as inundações, algumas obras como a dragagem dos rios e a construção de muros gabiões no bairro Barracão foram realizadas, além da recomposição das matas ciliares, para evitar as erosões. Ações muito significativas.
Em seu primeiro mandato, ele também realizou a importante obra de revitalização da Praça da Bandeira. Foi dele a ideia de instalação da placa com a ata de criação da praça e com os dados acerca do plantio da nossa figueira. Além disso, em seus dois mandatos, ele sempre foi um incentivador do turismo, desenvolvendo diversas ações para que o setor pudesse começar a ser explorado na cidade.
Não foi fácil iniciar o seu primeiro mandato com tantos problemas, mas seu Sérgio superou as dificuldades.
Suas maiores conquistas enquanto prefeito no segundo mandato foram trazer o curso de Pedagogia da UDESC, uma das Universidade mais prestigiadas do estado para Alfredo Wagner, pois a maioria dos professores que lecionavam no município só tinham magistério. Essa foi a grande oportunidade para muitos professores, de todas as idades, cursarem a faculdade. Duas grandes turmas foram criadas, uma tendo como tutora Dona Cassia Sebold May e a outra Dona Eliziane Werlich Schmitz. Os alunos se formaram pedagogos no ano de 2006. Além disso, em uma gestão sempre voltada para a valorização dos professores, ele regularizou o quadro de cargos e salários da categoria, o que foi muito apreciado por toda a classe. A valorização da educação sempre esteve em pauta para Sérgio, pois ele acreditava que a educação era a base de tudo.
Foi também nessa gestão que a APAE ganhou sua sede em Alfredo Wagner, com seu Sérgio cedendo a Escola da Vila Catuíra para iniciar o atendimento das pessoas portadoras de deficiências.
Ele também trouxe o coral com o maestro Acácio para a cidade e, mais tarde, o maestro compôs o hino de Alfredo Wagner. Incentivava a cultura, os grupos de dança alemã. Foi um sonhador na Educação, cultura e tradição. Foi em sua gestão que o Museu de Arqueologia da Lomba Alta foi instalado em Alfredo Wagner, com total apoio e auxílio da prefeitura.
Foi presidente da Associação dos prefeitos da Grande Florianópolis entre os anos 2003 e 2004. No mesmo mandato, para comemorar os 150 anos da antiga Colônia Militar Santa Tereza, hoje Catuíra, ele realizou a revitalização da igreja da comunidade, com reforma e pintura externa e interna, concretizou a obra de calcamento da comunidade e construiu obelisco que marca a longevidade da comunidade.
Ele também se orgulhava de ter sido presidente e um dos idealizadores da primeira festa do Barracão, ocorrida no ano de 1986, em comemoração ao Jubileu de Prata do Município.
Dona Tania, sua esposa, teve uma carreira longa toda no magistério, 39 anos passando pelo Ensino Infantil, Educação Básica, direção de escola e secretária da educação: “Em 1971, trabalhei dois meses no Soldadinho, o resto do ano em Arnópolis, no ensino primário, e à noite na educação de adultos MOBRAl, em Arnópolis e no Rio do Engano. Em 1973, fui Secretária no Silva Jardim com o Diretor Dr. Thiago de Souza. Em 1974, trabalhei dois meses no C. E. Rocha Pombo em São Joaquim, o resto do ano no Silva Jardim como ACT. Em 1975, fui admitida com carteira assinada pela prefeitura para atuar no Jardim de Infância que iniciou com as freiras, trabalhei depois que foram embora. Trabalhei lá até o início das obras da BR282. O jardim de infância, era onde hoje está a churrascaria Kretzer. Assim, o jardim foi improvisado ao lado posto de Saúde, hoje Secretaria da Saúde, trabalhei lá por uns cinco anos. Em 1980, trabalhei no Silva Jardim como ACT, até que me efetivei por concurso do Estado no Rio Adaga, onde permaneci por oito anos. Fazia o trajeto de bicicleta. Depois desses anos que voltei para Silva Jardim, onde fui professora, diretora, bibliotecária e me aposentei em 2005, com 35 anos de serviço. No mesmo ano, fui convidada pelo prefeito Wanderley da Silva para atuar como Secretaria de Educação por quatro anos”.
Adorava viver, e vivia com intensidade, curtindo os amigos, as pescarias, caçadas, rodadas de canastra. Pelejou durante quatro anos contra o câncer, mantendo acesa até os últimos instantes a chama da esperança, sempre lutando para viver.
Em algum momento de sua vida, afirmou que gostaria que a música "L'Arca di Noé" de Sérgio Endrigo fosse executada em seu funeral, o que foi atendido por sua família.
Sérgio e Tania formaram uma linda família e todos tem muito orgulho do pai, avô, amigo e companheiro que ele foi. Os três filhos, os netos, Bruno Felipe, Maria Eduarda, Caio Roberto, Ana Laura e Lourenna, ainda choram de saudades, mas têm certeza de que foram privilegiados por viverem uma vida ao lado de seu Sérgio.
E como diz sua música: La casa è vuota non aspetta più nessuno; Che fatica essere uomini! A casa agora parece vazia, mas ele descansou!
Informações repassadas por:
Tania Maria Silvestri
Beatriz Silvestri Onofre
Sergio Schweitzer Silvestri
Biografia presente no livro "Histórias da Nossa gente"
das autoras: Carol Pereira e Manuella Mariani
2 Comentários
Tania,o MEU APLAUSO PELA BRILHANTE MATÉRIA.Sou Elaine Paes e Lima,sobrinha do então saudoso, Quirino Iung,o squal sua esposa Selma .
ResponderExcluirnossa amada tia,sendo nossas primas Maria Alvina, Camila e Querinho Iung.Boa noite
Elaine, eu escrevi a bio do seu Quirino também, será postada em breve!
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