Noruega – Oslo e Dobrak



A ideia de ir para a Noruega surgiu de uma forma meio inusitada:
- “Vamos escolher um país que a gente ainda não foi”.
- “ Isso, vamos pegar uma país nórdico”.
- “Pode ser”.
- “Ok, vamos para a Noruega”
- “Ok!”.
Claro, essa conversa nunca teria existido no Brasil, mas como estamos aqui na Europa, o “Mapa Mundi” parece um cardápio, a gente olha e escolhe qual país quer devorar, então logo que apareceu a oportunidade decidimos embarcar para o país dos vikings!
Tudo o que eu sabia sobre aquele local distante e frio se resumia em: país dos vikings; excelente qualidade de vida; fica na península Escandinava. Ou seja, eu tinha muito para conhecer e aprender por lá.  
A Noruega, pequena e orgulhosa de seu passado viking, criada entre gelo e mar é muito mais do que eu sabia sobre ela. É uma terra maravilhosa e os seus fiordes - golfos estreitos e profundos, delimitados por montanhas - dão um charme à paisagem, que mais parece o cenário de um filme que se passa em um lugar muito distante da nossa realidade.
A capital Oslo, é muito mais do que beleza natural ela é cheia de cultura, museus, parques e a noite se pinta de luzes e cores em seus bares cheios de muita gente bonita e drinks coloridíssimos.
Marcelo, Mari, Felype, Ro – nossa Mamis - e eu, embarcamos para lá dia 24 de outubro e ficamos até dia 28, o que foi o suficiente para conhecer boa parte das atrações de Oslo, fazer um passeio de barco pelos fiordes e ainda conhecer a charmosa cidadezinha de Drobak. O outono e suas cores, deixou tudo ainda mais encantador.
No primeiro dia chegamos a noite e fomos procurar um local para comer, acabamos encontrando o “Oslo streetfood”, um ambiente parecido com os já tradicionais “food parks” brasileiros, só que fechado e construído dentro de uma antiga casa de banho da cidade, a histórica Torggata Bad bem no centro de Oslo. Lá é possível encontrar gastronomia de todos os cantos do mundo, e também é certamente lá que se encontra a mais alta concentração de “homens gatos estilo vikings” da cidade. A única coisa que não foi maravilhosa, foi encarar a triste realidade de cada cerveja custar cerca de 13 euros – melhor nem converter para o real.
O dia 25 foi um dia de intensa caminhada, segundo meu aplicativo do Iphone, andamos 15,5km. Antes de sair para essa caminhada desenfreada, encontramos um local para tomar um super café da manhã... ainda hoje sinto saudades das batatas assadas e do bacon – sim, comi isso todos os dias no café da manhã.
Começamos o tour conhecendo praças e algumas igrejas do centro, seguindo pela movimentada rua Karl Johans Gate a caminho do “Palácio Real de Oslo”. O palácio cujo exterior representa simplicidade e pouca ostentação não deixa em momento algum de ser imponente, garantimos algumas fotos por lá, em meio a uma guerra com minha GoPro.


De lá, descemos até a parte mais próxima ao mar, para conhecermos o “Nobel Peace Center”, local onde anualmente é anunciado e entregue o Nobel da paz! O Centro também é uma arena onde a cultura e a política se fundem para promover o envolvimento, o debate e a reflexão sobre temas como guerra, paz e resolução de conflitos. O local estava em reforma, mas mesmo conhecendo o prédio apenas rolou uma certa emoção e já valeu a visita.
Estando naquele ponto é fácil contemplar a vista dos fiordes e sentir o vento gelado que vem do mar. Seguimos pela Orla até a Opera House, que é o centro de artes cênicas mais importantes da Noruega. O grandioso prédio foi inaugurado em 2008 e no mesmo ano ganhou um importante prêmio de arquitetura, é fácil entender o porquê; ele é realmente impressionante e está em harmonia com o cenário dos fiordes. A arquitetura moderna fica evidenciada em cada um de seus aspetos, tanto internos, quando externos. Subimos sua grande rampa e lá de cima, tivemos o sol dando um espetáculo e Oslo se revelando em toda sua plenitude para a gente.

Do Opera House, fizemos uma longa caminhada até o Munch Museet, dedicado ao Edvard Munch, pintor do quadro “O Grito”, que todo mundo que estudou no Silva Jardim conheceu nas aulas de artes. Foi legal ver o quadro de perto e tentar compreendê-lo. São tantas versões para o que ele significa, são tantas suposições e aspirações e... nada ficou mais claro vendo ele de perto, mas foi um prazer poder contemplar a obra de Munch.
No museu vivi uma intensa luta com os seguranças, que estavam preocupados com a distância que eu ficava dos quadros – óbvio, eles não sabem o quanto sou míope e que tenho visão monocular, então precisa ir perto para conseguir enxergar os detalhes. Mas o ápice mesmo foi quando eu fui tirar uma selfie com O Grito e para meu espanto o flash estava acionado. Sério, eu nunca uso flash. O resultado foi uma foto tipo “a vida imitando a arte”.
Edvard Munch é mesmo um gênio, mas preciso dizer que lá eu me apaixonei foi por outro pintor noruegueses, que pintava com tantos detalhes e com tanta realidade, que suas obras pintadas há cerca de 100 anos, parecem fotografias em alta resolução. Amaldus Niesen é seu nome, seu estilo era o naturalista e ele era capaz de eternizar o céu, com toda sua plenitude de luz e cores usando tintas e pincéis. Foi muito bom e inesperado conhecer suas obras.
Mortos de cansaço seguimos para casa, só saindo depois para jantar e dar uma passadinha no Streetfood, é claro. Peixes, especialmente o bacalhau são a base da culinária Norueguesa, mas ficamos mesmo no hamburguês, que tinha o melhor custo benefício para quem estava começando a achar que não era exagero todo aquele papo de ser muito caro viajar para países da escandinava.
No dia seguinte fomos acordados por uma serenata. Isso mesmo, uma serenata!!! Claro que não era para a gente, mas fomos nós que fomos até a janela ver o que estava acontecendo.
Depois do café  - bacon e batata -, pegamos um trem até o Vigelnag Park, recomendação de uma amiga da Mamis. O local é um parque repleto de esculturas, que estão dispostas ao longo de uma avenida com 850 metros de extensão. São no total 212 esculturas, retrando pessoas nuas em tamanho real. O parque pode incomodar algumas pessoas, pois as obras de arte representam a inerência da existência humana, como maternidade, fraternidade, trabalho, ira e sexo.
            A escultura central chama-se “The Monolith” e é composta por uma torre com 14 metros de altura, tendo 121 pessoas esculpidas em um único bloco gigante de granito. Li que as 121 figuras da escultura parecem estar escalando uma sobre a outra em direção ao céu, em uma espécie de metáfora sobre o desejo das pessoas em relação ao divino e ao espiritual.
            Tiramos muitas fotos e fiquei impressionada com a capacidade do artista retratar as expressões e o corpo humano em diversas idades. Algo impressionante, mesmo agora, olhando as fotos.
            Nos aproveitamos da beleza do parque - e do outono, é claro - para tirarmos algumas fotos antes de iniciar nossa saga, passando por diversos museus. Pegamos um ônibus - até hoje estamos tentando entender como fazia para pagar – e fomos até o Viking Ship Museum, um museu fantástico que abriga alguns dos últimos vestígios dos vikings. Lá pode-se encontrar alguns artefatos e até mesmo navios construídos por eles que foram um dos primeiros povos a desbravar o mar.
            Muitos dos artefatos contidos no museu foram encontrados em Oseberg, em 1904, dentro de um navio enterrado – enterrar navios junto com seus donos, guerreiros mortos ou nobres, era uma tradição dos vikinks. Além do próprio navio, construído em 820 D.C. que está exposto no vão central do museu dentro dele foram encontrados quatro trenós elaboradamente decorados, um carrinho de madeira ricamente esculpido em quatro rodas, três camas e vários baús de madeira, ferramentas agrícolas e domésticas. O navio fazia parte de um ritual funerário e dentro dele encontraram os corpos de duas mulheres. Especula-se que se travada do corpo da rainha Åsa, avó do primeiro rei da Noruega e sua escrava. Eu como uma apaixonada por história, fiquei boquiaberta com o passeio.


            Saindo do museu ainda passamos por outros dois museus, Fram Museun, Polarskip Museet, mas nesses entramos apenas na loja de souvenir, estávamos exaustos e não aguentaríamos outra visita.
            No dia seguinte foi a hora do tão aguardado passeio pelos Fiords. Foi mágico! Acredito que no inverno seja ainda mais fantástico, mas confesso que não sei se aguentaria o frio. Acredito que durante a viagem a temperatura estava bem abaixo de zero. Mas a paisagem era tão linda, que não conseguimos entrar, ficamos do lado de fora contemplando-a, com um ar frio, que parecia nos revigorar. Não preciso contar que minha imaginação foi longe e fiquei imaginando como era a vida ali, séculos atrás...
            Quando chegamos do outro lado, pegamos um ônibus – não sei quantas horas levamos – até Drobak que é uma pequena cidade, junto ao mar, típica da Noruega. Demorou para chegar, mas valeu a visita, a cidadezinha era um amor e deu para conhecer um pouco do “interior” do país.
            No outro dia pegamos um trem cedo para retornar para casa.
            Fiquei encantada pela viagem – apesar de provavelmente ter sido o país mais caro que já visitei. Foi uma oportunidade única e passei muitos momentos felizes lá, junto com meus amigos. As fotos são lindas, a paisagem por todos os ângulos era fantástica, mas foi ótimo voltar para casa.

Quando estávamos finalmente de volta a Irlanda, quase chegando em casa e vimos as placas anunciando que estávamos perto de Limerick, foi a primeira vez que pensei “Graças a Deus, estou voltando para casa”, pensando nessa cidade como meu lar.

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