18 de agosto de 1927
27 de novembro de 2003
Herta foi mais uma mulher que marcou a história de nossa cidade. Mulher forte, de coragem e que não tinha medo do trabalho. Ela deixou marcas na vida de toda uma geração de alfredenses, os alfabetizando e repassando valores que iam muito além da sala de aula, valores de vida.
Herta nasceu em Vargedo, Leoberto Leal em 18 de agosto de 1927. Filha de Carlos Truppel e Joana Eger Truppel, descendentes de alemães. O casal teve dez filhos, cinco meninos e cinco meninas. Dentro de casa, a família Truppel só usava o idioma alemão.
Herta foi criada desde sempre com os princípios do trabalho e das responsabilidades. Desde criança, ela e os irmãos ajudavam seus pais na agricultura.
Ela viveu até os sete anos de idade na cidade de Leoberto, depois disso, no ano de 1934, a família mudou-se para Picadas, onde montaram um açougue.
Quando se mudaram, ela tinha que ir até o Quebra Dentes para estudar. O professor era Leonardo Harguer. Ela teve muita sorte, pois o professor Leonardo é lembrado até os dias de hoje por suas didáticas e dedicação. A escola possuía uma biblioteca com mais de dois mil livros, além disso os alunos criavam periodicamente um jornal, chamando “O Colibri” que era distribuído na comunidade.
Herta foi crescendo e se tornando uma jovem muito prendada e bonita, que arrasava os corações dos moços.
Mais tarde, seus pais se mudaram novamente, dessa vez para o Salto Grande, hoje Ituporanga, onde ela passou a trabalhar como fotógrafa. Herta tinha uma daquelas máquina fotográficas grandes, que quando tirava a foto saía até fumaça. Ela geralmente fotografava eventos e também tirava fotos na casa das pessoas, aquelas fotos tradicionais com toda a família de pé na frente da casa.
A moça tinha muitos pretendentes, que queriam ter uma chance para namorar com ela, mas ela se apaixonou mesmo por um jovem carroceiro, que trabalhava fazendo o trecho Salto Grande — Rio Lessa, que se chamava Silvio Manoel Althoff.
Eles se amavam e logo marcaram a data do casamento, que aconteceu primeiro no cartório de Santa Teresa — hoje Catuíra — em 09 de abril de1948 e depois, em setembro de 1948, casaram-se na igreja de Rio Lessa, onde já residiam.
O casal teve cinco filhos: Eni e Silvio — in memoriam — Eva, Evelise — Lita — e Doroti, filha adotiva.
Herta trabalhava na agricultura com a família, mas ela resolveu que iria estudar para ser professora. Então ela fez alguns cursos e assim foi nomeada.
Trabalhou nas escolas de Alto Rio Lessa, Picadas, Rio Lessa e no município de Aurora, onde moraram por algum tempo.
O casal era bastante rígido quando o assunto era a educação dos filhos, eles relembram que tinham que trabalhar, falar sempre a verdade, obedecer a eles, ter responsabilidades. Eles eram muito pobres, passaram muitas dificuldades na vida, mas a educação dos filhos era prioridade. Conseguiram que as filhas estudassem.
Com muito trabalho, conseguiram montar uma atafona — moinho de milho — onde as pessoas pagavam para moer sua produção.
Herta era muito trabalhadora, trabalhava na escola, na atafona, na roça e nos afazeres da casa.
Gostavam de criar galinhas, porcos, cabritos e plantavam o necessário para comer. Ela nunca teve medo de enfrentar a vida e o trabalho.
Como professora, ficou marcada na vida de muitos de seus alunos. Tinha uma caligrafia invejável. O ex-aluno Edson Iahn relembra que: “Eu fui aluno da professora Herta. Ela foi minha primeira professora, no meu primeiro ano escolar, logo depois nos mudamos para São José, na grande Florianópolis. Impressionante como isso ficou marcado na minha mente, lembro bem da fachada da escola, que era de madeira, ali na curva de Picadas e lembro muito bem da face meiga da professora Herta, sua bondade e gentileza com que tratava todos os alunos e sua preocupação em que todos aprendessem a lição”.
Sempre foi uma pessoa muito religiosa, ajudou na construção da atual igreja do Rio Lessa, onde faziam festas aos domingos, tardes dançantes e roletas para arrecadar dinheiro para investir na igreja. Foi do CPC por muitos anos, ajudava os padres, principalmente na época do Padre Alfonso, a celebrar enterros e visitava os doentes. Foi catequista e em 03 de julho de 1994 foi nomeada ministra da Eucaristia, função à qual exercia com muito amor e respeito.
Gostava de, junto ao esposo, participar de pixuruns, aniversários surpresas, casamentos, passear e jogar canastra. A música preferida do casal era Rosa Branca.
Em 29 de marco de 1986 perdeu seu companheiro por causa de um câncer na próstata. Perder o seu companheiro de toda a vida a deixou um pouco desanimada e depressiva.
Ela veio a falecer no dia 27 de novembro de 2003, de enfarte fulminante.
Era muito amada e respeitada pelos ex-alunos e pelos moradores da comunidade onde residia.
Deixou um legado de honestidade, seriedade, luta, amor a Deus e ao próximo.
Informações repassadas por:
Evelise Althoff Heiderscheidt
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