É praticamente impossível encontrar um alfredense, que não tenha conhecido a Dona Amália ou o seu Tucano. Eles foram por gerações figuras marcantes na sociedade alfredense. Sempre envolvidos com comércio e na vida social da cidade.
Dona Amália era filha de Henrique Heidescheidt e Veronica Franz Heiderscheidt e nasceu no dia 06 de outubro de 1937. Viveu a infância e adolescência no Caeté, perto de onde hoje fica a Casan, em uma bonita casa de tijolos. O interessante é que naquele tempo ainda não existia a atual ponte que dá acesso a comunidade do Caeté, o acesso era feito por um passe de rio ou pela Baracatinga e existia uma ponte de arame, em frente à casa de Henrique. Antigamente, não existia a rua Anitápolis, a principal rua era a Avenida Beira Rio, chamada de Estrada do Caeté, que dava acesso a todo o Caeté e Santa Barbara. A Rua Anitápolis como conhecemos hoje foi aberta apenas na década de 70, anteriormente existia apenas um pedaço dela, em frente ao Silva Jardim.
Seu Valdevino Klaumann era conhecido por alguns como Vino, mas para todos os outros ele era o Seu Tucano e era filho de Guilherme Gerber e Lydia Klaumann, nascido em 28 de fevereiro de 1931, nas Águas Frias.
Na juventude, ele tinha como principal passatempo as caçadas, que muitas vezes aconteciam na comunidade de Lomba Alta. A criançada o acompanhava, o que não era fácil, pois Vino era mateiro, caminhava rápido no mato. Era também um exímio atirador.
Sua estatura avantajada, aliada à precisão de sua mira com armas de fogo, era a combinação perfeita para que fosse, nos períodos de mocidade, temido por muitos.
Amalia e Vino se conheceram em 1956 e começaram um namoro, vindo a se casar no ano de 1958. Com o casamento, Seu Tucano assumiu a fábrica de móveis da família de Amália e era da fábrica que vinha o sustento para a família. A fábrica ficava onde hoje é a marcenaria do seu Odair.
Os filhos começaram a surgir e eles tiveram oito no total: Angela, José Luiz, Pedro Alberto, Lezir Terezinha, Luciana Aparecida, João Carlos, Valdevino Junior e Lucíula.
A situação era difícil enquanto seu Tucano trabalhava na fábrica de móveis, o dinheiro era pouco e a família grande. Eles então resolveram dar uma guinada na vida, resolveram apostar em um outro tipo de negócio.
Na década de 70, eles inauguraram a sua primeira Churrascaria, a Churrascaria do Tucano. O estabelecimento ficava onde hoje se encontra a loja da Cláudia Iung e também oferecia serviço de hospedagem. Eles permaneceram lá por muitos anos e depois mudaram seu ponto para a frente da rodoviária e passaram a se chamar Churrascaria São Cristóvão. O casal teve churrascaria por muitos anos e ao fecharem o estabelecimento em Alfredo Wagner, também abriram uma churrascaria em Palhoça, mas mantiveram a mesma em funcionamento apenas por um ano.
Enquanto eles tinham as churrascarias, Dona Amália, com a força de seu trabalho, passou a ser a provedora do sustento da casa. Sempre muito trabalhadora, era ela quem estava à frente dos negócios. Ela não tinha medo do serviço, trabalhava de sol a sol, levantava-se cedo e fazia toda a família trabalhar.
A filha Ângela era professora, dava aula no Arroio do Boi e vinha ajudar no almoço; o filho Zé era o churrasqueiro, cuidando de toda a carne que era servida no estabelecimento. Seu filho João trabalhava de engraxate, atendendo clientes que passavam pela rodoviária para ajudar a mãe a pagar as contas, como, por exemplo, a luz. As filhas Luciana e Lezir, assim que tiveram idade, também começaram a ajudar na cozinha. O único filho que não morava com a família nessa época era Pedro, que muito cedo foi trabalhar na polícia, indo para Itajaí e depois Joinville, mas, mesmo assim, quando estava em casa, de férias ou nos finais de semana, ajudava a mãe.
A Churrascaria do casal passou a ser um ponto de encontro para os jovens daquela época, não só os da cidade de Alfredo Wagner, mas também os jovens vindos de Bom Retiro, Urubici e outras cidades vizinhas.
O movimento se intensificou ainda mais a partir do ano de 1979, com a chegada da Camargo Corrêa na cidade. Muitos dos funcionários que chegavam precisavam de um local para viver e a Churrascaria São Cristóvão era perfeita para isso, pois fornecia alimentação e também hospedagem. Muitos dos ex-funcionários ressaltam o carinho com o qual eram tratados por Dona Amália. Eles contam que ela cuidava deles como se fossem membros da família e até mesmo os apresentava na cidade, no comércio, para que tivessem crédito.
Quatro dos casamentos dos filhos do casal tiveram a festa na churrascaria: Ângela, Pedro, Joao e Lezi. Festas grandes e animadas.
Muita gente também se relembra de como o casal dava um show nos salões de dança. Eles dançavam muito bem e o tango dançado por eles permanece na memória de muitos alfredenses.
Um dos pontos mais importantes da vida do casal era a amizade que tinham para com todos. Dona Amália sempre muito trabalhadora e Seu Tucano, contador de histórias.
Seu Tucano contava piadas, lia a mão da moçada, fazia simpatias para as mocas arrumarem namorados ou para reatarem namoro, colocando o Santo Antônio de cabeça para baixo dentro de um copo d’água, dizendo que só o tiraria caso a simpatia se realizasse. Ele tinha muito gosto pela caça, mas curiosamente não comia os animais que caçava. Nos últimos anos de sua vida, era presença garantida na Praça da Bandeira, conversando com os amigos, fazendo alguma brincadeira com as crianças ou contando alguma história.
A filha Ângela afirma que acredita que os pais se amavam muito, pois mesmo diante de todas as turbulências, todos os problemas, um sempre estava do lado do outro e foi assim até o fim. O casal construiu uma grande família teve oito filhos, 24 netos e 11 bisnetos.
Dona Amalia veio a falecer no dia 24 de junho de 2016 e seu Tucano no dia 04 de abril de 2017.
Informações repassadas por:
Ângela Maria Klaumann Iahn
Luciula Klaummann
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