Dona Neli lembra com saudade da época em que se sentava no morro atrás
de sua casa para assistir de camarote aos jogos de um time imbatível de nossa
cidade. O time era o União, que muitas vezes jogava na sua sede, um campo nas
Águas Frias. Cobrava-se até ingressos para quem quisesse assistir aos jogos.
Era sempre “estádio” lotado. Os domingos de jogos eram sempre uma festa, todos
da cidade queriam prestigiar o espetáculo que era cada jogo do União.
Ela lembra do nome de algumas das estrelas do time, como por exemplo o
goleiro Delei, que era uma muralha defendendo a trave do seu time. Lembra
também de outros jogadores como Murilo, Joca, Vavá, Mazinho, Nica, Ronério,
Tampa, Rogerinho, Formiga, Ratão, Dede, Didi do Beto Correa, Libinha, Fonso,
Romeu, Vado, Lelo e outros que faziam desse, um dos melhores times da região.
Neli lembra que as mulheres faziam a torcida, bradavam gritos de
guerra e gritavam o nome de seus jogadores preferidos. Ela conta até mesmo, que
em dia de jogo tinha que tomar conta de suas flores, pois as mulheres que
vinham prestigiar o time ficavam loucas por suas roseiras e sempre queriam
mudas.
O time recebia adversários de muitos lugares do estado e chegou a
ficar 58 partidas invicto! A Água Fria ficava lotada de carros e de pessoas que
se aglomeravam esperando encontrar o melhor lugar para assistir seus ídolos.
O jogo mais importante que Neli se recorda foi o de uma final em que o
time do União estava disputando a decisão do título da região serrana contra um
time de Urubici chamado Madureira. Ela lembra com tristeza que o “nosso time”
perdeu, nos pênaltis, lamenta, pois, acha que o União era melhor e merecia ter
ganhado mais um título. Embora o nosso time tenha perdido, aquele foi um jogão,
muita gente veio torcer.
A derrota não ficou impune, pois quando um novo campo foi inaugurado
no Caeté e a revanche veio, o União venceu o Madureira por 2 X 0 e Neli se
sentiu vingada.
Na época aconteciam diversos campeonatos municipais, quase todas as
comunidades possuíam um time e o futebol era uma paixão alfredense. Enquanto me
conta essa história Dona Neli está assando alguns “pufes”
para o café da tarde, mas não se cansa de lembrar desse tempo bom de juventude,
onde os filhos eram pequenos e a vida era simples, mas muito divertida.
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