Apresentação - O Surgimento de Eva Schneider

Nem tinha amanhecido, eu estava sentada na varanda na frente da casa da minha avó, esperando uma carona e, comecei a pensar em várias coisas: decisões que tinha que tomar, tarefas que tinha que concluir, dissertação do mestrado. O silêncio da cidade que ainda não despertara me fez tentar imaginar em como teria sido a vida neste lugar que ainda dormia em uma época distante quando tudo era diferente de hoje, em um passado, que sempre exerceu um enorme fascínio sobre mim.
Divaguei sobre o fato de morarmos em uma cidade com lugares  incríveis com uma história rica que está se perdendo no tempo e podemos passar a vida toda sem conhecê-la. Martinho Bugreiro, o Soldadinhos, nossas tradições e religiosidade tão marcantes, os causos dos guardados, cachoeiras, toda a energia contida nas grutas, no alto da Pedra Branca ou nas pedras dos Soldados do Sebold. Tem também as comidas típicas, árvores centenárias, a nossa forma de viver, tudo isso merece ser registrado, admirado e preservado.
Pensei então que eu poderia escrever sobre aquela época, mas tinha que ser algo diferente, não como um relato tradicional. Quem sabe criar um personagem que pudesse conduzir a contar a história de nosso município, com alguns toques de aventura, algo que viesse a instigar as pessoas a conhecerem nosso passado, nossas lendas e contos, nossos lugares.
Ali mesmo, ainda antes dos primeiros raios de sol iluminarem a paisagem, a Eva nasceu. Uma menina de 12 anos com um nome simples e forte, comum entre os imigrantes alemães da época, por isso Eva, Eva Schneider. O Schneider, tipicamente alemão, mas sem fazer nenhuma referência a grandes famílias alfredenses, dando liberdade a minha Eva.
Desde a hora do seu nascimento que a Eva faz parte dos meus dias. Contei a alguns amigos sobre a ideia e a Eva Schneider ganhou vida. Comecei a escrever e, desde então, Eva já rodou o antigo Barracão e foi até além dele.
Eu sonho em um dia lançar um livro chamado “As aventuras de Eva Schneider”, aquele com uma capa marrom e com as letras com a fonte utilizada nos filmes do Indiana Jones.
Acredito que a história não serve para ficar guardada a sete chaves, mas sim para ser compartilhada, de modo que mais pessoas entendam a nossa origem e valorizem nosso passado tão rico. História essa que eu demorei anos para aprender. Comecei cedo, sentada naquela mesma varanda, ouvindo meu avô contar as histórias do tempo que ele era criança. Ele falava sobre índios, animais e a vida nos primeiros anos do século passado, depois aprendi mais, por meio de pesquisas, entrevistas e consulta a documentos, foram horas debruçada em cima de papéis e documentos antigos. É todo esse conhecimento adquirido que quero dividir, porque acredito que “um povo sem memória, é um povo sem história”. A Eva foi criada para ensinar a nossa história, mas  acredito que assim como a nossa cidade a Eva pode conquistar muita gente!







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