Chegamos ao final da nossa primeira Eurotrip.
Certamente voltamos para casa diferentes do que
partimos. Viajar faz isso, nos transforma profundamente, muito além do que os
olhos podem ver – no caso os quilos que engordamos comendo fora – mas sim uma
transformação no nosso espirito, na nossa mente. A cada viagem evoluímos de uma
maneira, e ter a oportunidade de conhecer a Europa, estar em países e lugares
que sempre sonhei, me fez ver o mundo de outra forma. Essa sem dúvidas foi a
melhor viagem de minha vida.
Da para ter noção da viagem, se pensarmos em seus números,
que não são poucos, como por exemplo: Foram 22 dois dias intensos; 25.104km
feitos de avião/trem/ônibus; 274km
rodados a pé; 83km percorridos de
bicicleta; 5 países; 9 cidades; mais de 5.212 fotografias, mais de 30
tipos de cerveja. Durante esses 22
dias confesso que tomei apenas 18
banhos. Foram alguns euros, algumas libras e muitos reais, mas a viagem não
pode ser resumida apenas por números, por coisas concretas e sim pela maneira
que as experiências vividas nos tocaram. E posso afirmar, o que vimos e vivemos
nos tocou profundamente.
Não vimos a neve,
mas vimos as mais belas paisagens de inverno. Vimos rios que cortam imensas
cidade, vimos uma invasão de refugiados, a falta de educação dos franceses, a
simpatia dos belgas, torres, relógios, pontes e cidades inteiras que foram
destruídas na segunda guerra, se reergueram e hoje permanecem lá, imponentes.
Andamos por ruas
com mais de um milênio, estivemos no mesmo lugar onde ditadores/conquistadores
já colocaram os pés, cuspimos em pedras de praça onde pessoas perderam as
cabeças, andamos por rios de cidades modernas e por canais de cidades que
parecem ter parado no tempo.
Cada lugar nos
marcou de alguma forma.
Londres
com seu ar aristocrata, mas sem ser esnobe ou afetada, seus pubs, as luzes de
natal e seu metrô, ágil e surpreendente, com músicos e pessoas diferentes. Lá
tomamos cerveja quente e não achamos ruim. Paris
nos decepcionando, com sua gente rude, suas ruas fedidas e a falta de fogos na
virada de ano, mas mesmo assim não perdendo seu ar soberano, encantando com a
elegância de sua gente e de suas construções. Por falar em construções, será
difícil esquecer a sensação de ver a torre pela primeira vez... Em Bruxelas nos sentimos em casa. A
alegria e simplicidade de seu povo. A capacidade de viver na cidade que é a
capital da União Europeia e se levar uma vida sossegada e harmônica. Sem aquela
pressa caótica de suas vizinhas. Conhecer Frankfurt,
Bremen e Hamburgo também nos tocou muito e por vários motivos. Nos
impressionamos com a capacidade de se reerguer dos alemães, com sua organização
e eficiência. Nos impressionamos também com a capacidade de destruição dos
alemães e lá lamentamos muito por todas as vidas que se perderam por causa de
guerras egocêntricas, mas também conhecemos uma nova faceta desse mesmo povo, que
se mostrou a nós, divertido, hospitaleiro e acolhedor. A cereja do bolo foram Amsterdam e Zaanse Schans onde sentimos o vento bater no rosto de cima de
nossas bicicletas. Nos impressionamos com a beleza da cidade a cada esquina. A
cidade é pura liberdade! De pensamento, sexual, religioso... a tolerância...
essas coisas que fazem falta em muitos lugares do mundo e são tão flagrantes
lá. Um país que respeita muito as diversidades, mas que ainda mantém suas
tradições como os moinhos de vento e até os tamancos de madeira.
Também passamos por alguns perrengues, houveram
problemas que quase nos fizeram voltar quando ainda estávamos no Rio, perdemos
trem, levamos uma multa por causa de umas bicicletas, passamos muito frio,
quase levamos multa com o carro. Mas os perrengues vieram junto com a calma e,
consequentemente, com as soluções. Porque "no final tudo dá certo". E
deu.
Obrigada a todos que passaram pelo meu caminho,
especialmente Alvarino e Bárbara, que dividiram todas essas sensações comigo.
Me aturando quando estava com fome ou reinando por ter que entrar nas lojas
durante o dia. Sem vocês essa viagem não teria acontecido e vocês sabem disso,
mas mesmo que eu tivesse ido, ela não teria sido tão fantástica.
Nesses 22 dias, eu mudei. Me senti mais viva do que
nunca. Ando querendo me sentir assim sempre.
0 Comentários