Viagem surreal.
Em 2013 eu realizei um projeto na escola onde eu
trabalho chamado “Conhecendo Alfredo Wagner”. Visitamos comunidades, realizamos
entrevistas e pesquisas históricas. Enfim, foi um trabalho muito prazeroso e
bem sucedido. Sendo assim, no segundo semestre do ano passado resolvemos
escrevê-lo em um concurso do Ministério da Educação (MEC) chamado “Prêmio
Professores do Brasil”. Em dezembro recebi um e-mail dizendo que meu projeto
estava entre os cinco finalistas e que eu estava sendo convidada a passar
quatro dias na Capital Federal para premiação e oficinas.
No dia 11 de dezembro embarquei para Brasília,
acompanhada por dona Nazaré, diretora da escola. Nosso voo era cedinho, com
aquela escala básica em São Paulo, mas logo no inicio da tarde já estávamos no
destino. No aeroporto uma moça nos esperava, ela era a responsável por reunir
todos os participantes do prêmio e levar-nos até o hotel. Enquanto esperávamos
os outros fui ao banheiro. Lá uma outra professora me perguntou se eu também
estava participando do prêmio e eu disse que sim, descobrimos que pertencíamos
a mesma categoria e a conversa acabou. Isso mesmo, quando eu disse a minha
categoria “Integral e integrada” ela me deu uma olhada de cima abaixo, uma
analisada, um sorrisinho meio de lado e virou as costas. Eu permaneci estática,
ainda com a boca entreaberta e, não restando mais nada a fazer, também deixei o
banheiro.
Ficamos hospedados no Hotel St Peter, que fica no
setor hoteleiro Sul. Ao chegarmos fomos nos acomodar, descansar um pouco e
depois saímos para conhecer as imediações do hotel, fomos até o shopping e retornamos
para eu me arrumar para os compromissos noturnos. A agenda oficial do evento
estava vazia, mas eu havia sido convidada para a festa do PT, para finalizar as
atividades do partido no ano. Apesar do hotel ser bom, quando fui tomar banho a
luz do nosso
Eu tinha grandes expectativas quanto a essa festa,
pois Rafael me disse que era uma festa de renome, de gente de classe. Bom, a
festa realmente foi muito boa, tocava de tudo – inclusive muitos funks – porém
vivem acontecendo festas no mesmo estilo nos finais de semana nas comunidades
rurais aqui de Alfredo, logo não cobriu minhas expectativas, mas as companhias
foram ótimas.
Dia 12 – Big Day
Iniciei o dia
cedinho e a agenda estava lotadíssima. Após o café da manhã fomos direto para o
Centro de Convenções e Eventos Brasil 21. Lá nos sentimos verdadeiras estrelas,
pois éramos os astros principais daquele espetáculo. Eram fotos, entrevistas,
apertos de mão e isso tudo ao som de uma orquestra e saboreando um delicioso
coquetel. Fomos convidados para nos dirigirmos até o anfiteatro, onde as
premiações iriam acontecer. Nesse momento meu coração já queria pular do peito
aos saltos. As categorias iam sendo anunciadas e eu quase morria.
As premiações
aconteciam da seguinte maneira: Um por vez os finalistas eram chamados até o
palco para receber o troféu e a premiação que se recebia por estar na final. Todos
os finalistas e diretores permaneciam no palco e então acontecia o momento “The
Oscar goes to...”. Era de tremer só observando os colegas das outras categorias
e nesse momento eu tinha certeza de que não seria a grande vencedora e já
estava treinando o meu sorriso – falso – de felicidade, pelo vencedor, foi
então que anunciou-se a minha categoria.
Fui a primeira da
categoria a ser convidada a subir ao palco e a partir desse momento eu passei a
flutuar. Recordo da apresentadora Bárbara Pereira ter feito alguma brincadeira
com o fato de termos o mesmo sobrenome, fora isso coloquei meu melhor sorriso –
um tanto quando acanhado – e fui agradecendo, apertando mãos e abraçando quem
olhasse para mim. Passada essa primeira etapa esperei os outros quatro
finalistas se colocarem ao meu lado e então prendi a respiração, sorri – aquele
que ensaiei – e esperei o nome do grande vencedor ecoar pelo salão. Após a
apresentadora terminar de falar o nome eu pensei: Caroline? Caroline? CAROLINE
SOU EU!!! MEU DEUS! MEEEEEEEEEEU DEUS! - Eu juro que eu não esperava e depois,
em nenhum momento em que por devaneio cogitei meu nome ser anunciado eu pensei
que não falariam Carol. Depois disso eu não sabia o que fazer, todos me olhavam
– a mulher do banheiro do aeroporto me olhou e
Todo mundo que me
conhece sabe o quanto me dediquei a esse projeto e o quanto trabalhei com amor
para que ele saísse o mais perfeito que eu pudesse fazer. O prêmio serviu para
elevar minha autoestima, para mostrar que posso muito, que nem sempre o jeito
com que os outros realizam os seus projetos é o único modo correto de se fazer.
Serviu também para me empurrar para um futuro de glórias na educação, pois é
sonhando que as coisas acontecem.
Para não
decepcionar meus leitores vou comentar que houve sim um momento Carol Pereira e
aconteceu quando eu estava descendo do palco, quando um pouco tonta de emoção
pisei em cima da barra do meu vestido longo – ou do vestido que estava usando
depois de esquecer meu traje de gala em casa – e desequilibrada quase cai no
colo de uma senhorinha, que aproveitando a deixa me deu um abraço pela vitória!
#carolices
A partir desse
momento só festa! Voltei para meu lugar na plateia e, quase nem acreditando,
tratei de bombardear meus amigos com torpedos anunciando a vitória e de anunciá-la
nas redes sociais. Depois disso minha agenda ficou cheia: de entrevistas,
gravações de programas, sessões de fotos. Eu realmente parecia uma celebridade
– morrendo de vergonha, quase colocando o coração pela boca em cada entrevista,
falando mais rápido do que de costume e me segurando para não roubar o microfone
da mão do repórter. Sim, eu tenho vontade de fazer isso sempre. Cumprido todos os compromissos após ter
recebido o Oscar, digo o prêmio, retornei ao hotel em uma bolha de sabão – a
bem da verdade voltei dento de uma Van apertada, mas mesmo assim ainda me
sentia dentro da bolha.
Almoçamos no
restaurante do hotel e a tarde estava reservada para apresentarmos os projetos,
para confraternizarmos com nossos colegas de outros locais e para palestras e
debates sobre educação. Tínhamos 5 minutos para apresentarmos o projeto e os
meus 5 minutos voaram – eu falei ainda mais rápido do que de costume, mesmo
assim não consegui expor nem 25% do projeto. Essa foi uma oportunidade bem
bacana de conhecer outras realidades e outras metodologias que contribuem para
que o processo de ensino e aprendizagem aconteça de maneira mais interessante e
eficiente.
Só deixamos o salão nobre do hotel para nos preparamos para o jantar de comemoração que aconteceu no restaurante BierFass Lago, no Pontão do Lago Sul. Lá além de prestigiar a alta culinária da Capital Federal ainda recebi pessoalmente parabéns pelo prêmio.
Dia 13 – Turismo na capital
Na manhã do dia
13 tivemos uma oficina de produção de vídeos, era bem interessante. Contudo, devido
a minha formação, foi uma pouco cansativa, para mim aquilo era chover no
molhado. Após as oficinas partimos para o turismo. Visitamos todos aqueles
locais de praxe, como a esplanada, o Museu JK – voltaria lá mais 10 vezes – a casa
da Dilma, Praça dos 3 poderes e todos aqueles lugares politicamente históricos.
À noite fui ao
shopping com Marlon, um grande amigo que conheci por meio daquela comunidade do
Kid Abelha no Orkut, aquela mesmo que já me deu mil amigos. Foi muito bom
encontrar com ele, pois Marlon sempre foi muito querido e me remete a uma época
maravilhosa de minha vida. Além disso, apesar da distância, ele já acompanhou
várias etapas de minha vida assim como eu acompanhei as etapas da vida dele.
Dia 14 – Retorno
Antes de retornar, fizemos um pequeno tour por uma
parte da cidade que ainda não conhecia, nem do dia anterior nem mesmo de minha
viagem de maio de 2013. Estava acompanhada por meu guia oficial da Capital Federal
Rafael Pezenti. Fomos até a Ermida Dom Bosco, até a torre de TV digital
e finalizamos o encontro no Sushi. Rafael sempre me mostra a melhor parte de
Brasília. Do sushi direto para o aero e do aero para casa, com direito a festa
surpresa e foguetório na entrada da cidade! Teve até mesmo a presença do
prefeito. Ok, apesar de ser tudo verdade as informações acima estão um tanto
quanto exageradas.
Bom, quanto a essa viagem, eu realmente vivi um
sonho, um daqueles que nem em minha vida paralela – aquela que idealizo todo
dia antes de dormir – eu tinha realizado. Ainda colho os frutos desse prêmio. Quando
retornei de Brasília fui convidada a tomar um café com o Governador – não que
eu goste dele. Nesse encontro ele e o Secretário da Educação do Estado de Santa
Catarina se propuseram a financiar meu livro, que contém todo o material, fruto
de muitas andanças, muitas entrevistas, elaborados por meus alunos, por mim com
e com o auxilio de minha grande amiga Ana Paula Kretzer, pessoa que sem dúvidas
contribuiu muito para esse premio acontecer. Além disso as entrevistas gravadas
em Brasília foram destaque na TV Escola e Futura durante algumas semanas.
0 Comentários