Carol Pereira
Alfredo Wagner
antigamente era conhecida como Barracão. A origem deste nome se deu devido aos
“barracões” que eram montados para servir de descanso para os tropeiros que
faziam a rota litoral-serra. O seu povoamento começou no final do século XIX.
Dizem que o primeiro morador da região, que hoje conhecemos como o centro de
Alfredo Wagner, teria sido o Senhor Augusto Lima, porém não se sabe muito além
do nome e do ano em que ele por aqui se estabeleceu, 1890.
A Seguir se
estabeleceram Cazuza Rosar, João Conrado Schmidt, João Hoffmann, Alberto Schweitzer,
Sebastião Pereira, Quirino Kretzer e Jorge Franz. Essas famílias eram, em sua
maioria, praticantes da agricultura; com o passar do tempo e o grande fluxo de
tropeiros e viajantes pelo local estes primeiros moradores ingressaram no
comércio. Nesta época, outras pessoas também foram atraídas pelo forte
potencial do comércio nessa região e vieram de Florianópolis para se
estabelecer aqui (Famílias Beling, Sardá, Heiderscheidt).
De acordo com documentos,
a ponte Emilio Kuntz, teria sido concluída no ano de 1910; antes dela a
travessia era realizada em pontos em que as águas eram mais rasas.
Na década de 1920 o Barracão já tinha mais de uma dezena de casas de
comércio, as chamadas “vendas”, elas se dividiram entre as estabelecidas no
Barracão – próximas a igreja – e as do Sombrio – área em que hoje conhecemos
como o centro da cidade – embora o “forte” do comércio fosse mesmo no Barracão.
Era no Barracão que se localizava o correio – telégrafo (onde dona Tercilia
Schweitzer era funcionária agente), a delegacia, a cadeia, a primeira escola
com os professores Iracema Pinho, Manoel de Souza e Maria Veronica da Silva, as
alfaiatarias de Zezinho Durieux, de Wilson Schweitzer e de João Fernandes,
vendas como as de Júlio Gerber e esposa Maria Gerber. Quirino Kretzer e esposa
Olga tinham uma venda, um açougue e a salga – local onde o couro era colocado
após ser retirado e salgado para se conservar por mais tempo até ser vendido.
Alberto Schweitzer e esposa Tercilia Schweitzer tinham um hotel. Barbeiros: sr
Norberto, João Francisco, Santino Franz, Neide kalckmann, Célio Aniceti.
Em 1933 foi
fundada a primeira associação do município, o “Peri Futebol Clube”, fundado por
Roberto Belling; posteriormente no ano de 1937, João Bruno Hoffmann funda o
“União Futebol Clube” , que fez história na cidade. Houve entendimento “união”
entre Roberto, João Bruno e outros para jogar aos domingos em campo de futebol
alugado nos pastos na periferia da localidade. O clube social de bailes e
domingueiras era no salão particular do Sr. Talico no centro ao lado da ponte,
neste local os moços e moças se encontravam aos domingos para paquerar.
Após Sr. Talico
encerrar as atividades do salão de baile, este passou a funcionar no prédio do
antigo cinema. Como a Sociedade União Clube não possuía sede social própria, várias
pessoas que se dedicavam ao bem estar da comunidade se reuniram e em 1955
tiveram a doação de área (360m) no centro ao lado do planejado jardim, para
construção da primeira sede social. O
benfeitor foi o Sr. José de Campos e sua esposa Maria Zita Campos. Após muito
trabalho e dificuldades financeiras, em julho de 1958, foi fundadea a Sociedade União Clube.
Com o passar dos anos outros comércios foram surgindo como a farmácia do
alemão João Bruno Hoffmann, Farmácia Ivandel Macedo, a sapataria de Evaldo Iung
– que era grande e possuída 9 funcionários - , as vendas de Doia, Tolda,
Nicolau Almeida, Carlos Gainete, Leopoldo Santos, Evaldo Iung (1943), Jordelino
Fernandes, Miguel D’avila, a padaria Seu Joaquim de Dona Beleza, oficina e loja
de peças para caminhões de Adelino Luckmann – o primeiro a possuir um automóvel
na cidade -, a marcenaria de José Petrosky, os hotéis de Rodolfo Beppler, Maria
Gerber, Orlindo Espíndola, Claudino dos Santos, Nelson Ferreira, Fernando
Figueiredo.
Todos os produtos
da terra eram produzidos pelos colonos da cidade de diversas comunidade;
destacando-se: Caeté, pela grande produção de suínos (banha e carne), milho,
feijão e iniciava-se a cebola; Pedra Branca, pela qualidade e quantidade do
feijão produzido, milho e batata, produzia suínos também; Rio Caixão, pela
farinha de mandioca e Picadas pela produção de batata. As comunidades de
Catuíra, Limeira, Barro Branco, Barra da Jararaca bem como as outras
comunidades “rio abaixo” comercializavam seus produtos nas vendas de Catuíra
(comerciante José Ibagy e Azizo Ibagy) e da Barra da Jararaca(Fridolino
Thiesen, Alberto Probst, Maneca Machado, Alfredo Muniz, Alcebíades Andersen e
Nesio Kloppel).
Com a
monopolização das terras do Barracão por algumas famílias que não tinham
intenção de se desfazerem delas, quem quisesse instalar um novo comércio se viu
obrigado a começar a se deslocar, o que acabou contribuindo para que alguns
anos mais tarde o centro comercial viesse a se mudar do Barracão para o
Sombrio.
A primeira bomba de gasolina da cidade era de propriedade de Evaldo Iung
em sociedade com Jordelino Fernandes; se encaixava manualmente na bomba um
tambor de 200 litros. Posteriormente Adelino Luckmann adquiriu uma bomba mais
moderna e passou a ser o fornecedor de gasolina para moradores e viajantes que
passassem pelo Barracão. Ambas eram eram tocadas manual. A segunda bomba, do
Sr. Geronimo Luckmann, era em frente a Casa Iung.
Na década de 40
começou a funcionar uma linha de ônibus entre Lages e Florianópolis e os ônibus
paravam na rodoviária, propriedade de seu Talico, que além da rodoviária também
possuía um bar e um famoso salão de bailes.
Começaram a surgir ferrarias como a de Carlinhos Seemann que funcionava
na Água Fria, rua que passou a ter um grande desenvolvimento nessa época com
serrarias, curtume de Paulo Bunn e Leonardo Bunn, Atafona de João Zilli e
ferraria de Paulo Almeida. Outros comércios também surgiram no Sombrio nessa
época, como o açougue de Jango Schweitzer, Jorge Franz e Paulo Bunn (1948).
Um outro fato que
contribuiu para que o centro comercial mudasse para o Sombrio foi a troca de
terrenos entre Evaldo Iung e José de Campos. José trocou sua casa comercial por
um terreno de grande extensão o qual ele loteou e vendeu – o terreno abrange
com exceção da rua do comércio cerca de 70% do centro da cidade.
Em 1948 surge a primeira grande indústria que era propriedade do Sr.
Luiz Batistoti e seus sócios Olibio Wagner e Manoel Seemann que foi diretor por
muitos anos até a década de 70, chamava-se Companhia Laminadora S.A. Nesta
época a economia da cidade teve um grande impulso, pois vieram muitas famílias
residir aqui.
A escola desdobrada do Barracão veio para o Sombio no ano de 1953 funcionando até 1956 - no local onde hoje se encontra a casa do seu Santo Luca. Já o Grupo Escolar Silva Jardim teve sua construção iniciada a partir do ano de 1954 em terreno doado pelo senhor José de Campos - fundação datada em 14 de maio de 1954 - e foi inaugurado no inicio de 1957 no local onde até hoje funciona.
No ano de 1954, o
governo do estado Dr. Irineu Bornauser criou aqui o Posto Fiscal, permanente
com 2 funcionários, um deles Sr Odilio schweitzer no Barracão onde tinha uma
“cancela” que bloqueava o trânsito.
Foi criado em 1958
o Distrito de Barracão, desmembrado de Catuíra.
Neste ano também foi a construção da casa Paroquial Católica. Assim passou a ter o cartório, com o 1º Escrivão,
Olíbio Ferreira da Cunha; A Delegacia de Polícia (cadeia); Coletoria Estadual
com 1º coletor, Olibio Zilli.
Barracão
se emancipou de Bom Retiro e passou a se chamar Alfredo Wagner. A década também
é marcada pela construção da nova igreja – no mesmo local das antigas -,
construção do hospital e do Grupo Escolar Silva Jardim. Na Água Fria Seu José
Onofre abriu uma venda, mais algumas serrarias foram abertas como as de Vili
Claudino, Noé Vieira de Souza, a de Germano Stoff e a de Arthemio Rosa Farias.
Foi nessa época que o óleo de sassafrás começou a ser explorado - o óleo de
sassafrás ou safrol, é de grande importância para as indústrias química,
alimentícia e farmacêutica. No Barracão, milhares de árvores foram abatidas,
picadas e transformadas em óleo num processo a vapor, entre os anos de 1940 e
1980, nas famosas fábricas de óleo de sassafrás. A maioria da produção era
exportada, inclusive para a NASA, por ser um óleo que só congela a temperaturas
menores que 18 graus centígrados negativos. Os sócios Izidoro Cechetto e Paulo
Bunn possuíam uma fábrica deste óleo em Águas Frias e uma outra fábrica era de
propriedade Germano Stoff, no Barracão.
As fábricas
funcionavam tocadas à água e para isso o Rio Águas Frias era represado e
canalizado em dois pontos, uma para tocar a fábrica de Sassafrás e outra para
tocar a fecularia – fábrica de farinha mandioca – de Zezé Altoff e Lindolfo
Schweitzer.
No ano de 1966 foi inaugurada a Igreja Matriz Católica (1ª Igreja
Católica foi construída de madeira coberta de tábuas, 2ª Igreja construída de
Alvenaria, foi demolida em 1960, 3ª Atual igreja Matriz -todas no mesmo lugar).
Com o governo de
Dr. Ivo Silveira veio a energia elétrica da CELESC, depois a CASAN e a TELESC
telefonia.
A década de 80 é
marcado pelo início das atividades das máquinas de cebola na cidade, até então
a produção de cebola era vendida restiada – em réstias, tranças. A década
também foi marcada por uma diversificação no comércio da cidade, as vendas
caracterizadas por realizarem o comércio de diversos seguimentos no mesmo local
começam a dar lugar a mercados, lojas apenas de roupas, apenas de calçados ou
de tecidos, diversificando o comércio de cidade.
O grande
crescimento da economia de Alfredo Wagner aconteceu na década de 80, com dois
fatos muito importantes: A vinda da Camargo Correia para a cidade em virtude da
construção da BR 282 e a criação da agência do Banco do Brasil. A população
teve aumento de mais de 1000 pessoas, os aluguéis aumentaram pois como a
população aumentou muito em pouco tempo, alugava-se qualquer lugar até mesmo
porões, e muitas pessoas começaram a construir casas e prédios para alugar.
Basicamente todo o salário dos funcionários da Camargo Correia ficava no comércio
da cidade o que ocasionou grandes lucros para todo o município, com isso
ocorreu um grande êxodo rural com pessoas do campo buscando tentar a vida no
centro da cidade.
Nesta época foi
transferida a Paróquia Evangélica Luterana da Comunidade do Rio Adaga para o
centro, e posteriormente construída a Igreja.
A década de 90 não foi das melhores para a Alfredo Wagner. Com o final
da construção da BR 282 muitos funcionários da Camargo Correia e das
subempreiteiras Pater e ASA deixaram o município. Além disso no ano de 1993 uma
terrível enchente arrasou a cidade. Deixando o centro debaixo d’agua, os
comerciantes perderam seus estoques, pontes e casas não resistiram a força das
águas e foram levadas, na zona rural produções inteiras foram perdidas,
rebanhos e casa se perderam.
Depois desta
catástrofe muitas pessoas deixaram a cidade buscando recomeçar em outros
locais. Com isso a economia ficou muito abalada e coube a administração pública
tentar reverter a situação.
Uma das soluções
encontradas foi fazer com que proprietários de madeireiras viessem de outras
cidade se estabelecer em Alfredo Wagner. Foi assim que a madeiras Neuhaus se
estabeleceu em nossa cidade gerando empregos e ajudando a reerguer a economia.
Informação transmitidas
por Quirino Iung.
8 Comentários
Parabéns! Relato fiel da história do Barracão que eu guardo na memória.
ResponderExcluirParabéns Carol Pereira e Quirino Jung. Relato fiel da história do meu Barracão.
ResponderExcluirExcelente histórico, apreciaria ver todas estas histórias reunidas em um livro.
ResponderExcluirEstamos tratando disso, provavelmente em breve o livro será lançado! =)
ResponderExcluirCarol, em 1964 meu pai Idalino Stopazzolli abriu a farmácia em Alfredo Wagner. Na é poça não havia farmácia no local
ExcluirA Cada leitura fico mais motivada a ler e registrar a nossa história... lamentável que não haja tantos registros históricos sobre o nosso Município... Você mencionou a Professora Iracema Pinho: Recuperei dela alguns cartões distribuidos a minha Mãe nazira quando sua aluna e a Tia Juracy na mesma época. Há um registro de quando ela saiu da Colonia Militar para lecionar na escola de Agua Fria! Abraços e aguardaremos pelo seu livro!
ResponderExcluirEu tive uma professora chamada Nazira. Se não me falha a memória veio do Morro da Fumaça.(2ª série)
ExcluirOi Carol; excelente relato da história do antigo Barracão. Só uma pequena correção, o responsável pela cancela do posto fiscal criado pelo governador Irineu Bornauser, não se chamava Odilio Schweitzer e sim Waldir Schweitzer, conhecido por todos como Dilo Schweitzer. Ele era irmão do Sr Talico (Altair), do Sr Vadinho (Osvaldo), do Sr Wilson e da minha mãe, Néli. Zezinho Durieux e João Fernandes eram casados com as irmãs de minha mãe: Ondina e Maria da Gloria.
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