Em nosso último dia em Amsterdam e também na
Holanda, resolvemos fazer um programa um pouco diferente. Ir de bicicleta até a
cidade vizinha, Zaanse Schans. Este local, pode-se dizer, é uma mistura de
fazenda com parque temático e uma ótima pedida para se passar uma tarde. Fica
na direção norte de Amsterdam. Lá você vai encontrar várias coisas típicas da
Holanda, muitos moinhos para visitar, lojinhas vendendo todo tipo de produtos
típicos, restaurantes servindo comida tradicional e muitos tamancos de madeira.
Foi para lá que logo cedo nos dirigimos. O tempo
estava ameaçando chuva, então cometi o erro de colocar uma jaqueta de chuva,
mas sem outra jaqueta por baixo, o que me fez passar um frio incrível durante
todo o trajeto de ida.
Atravessamos de balsa e antes de pegar literalmente
a estrada paramos para tirar uma foto no mural com o rosto da Anne Frank,
criado pelo brasileiro cobra – gosto muito dos painéis dele, um mês antes tinha
visto um na Oscar Freire, também muito bonito.
Pedalar na Holanda é uma maravilha, em um pedal
como esse de mais de 50km, a altimetria não passou de 300 metros, enquanto aqui
em Alfredo não consigo fazer um pedal de 30km com altimetria menor que mil.
Esse é um daqueles passeios ciclísticos contemplativos, onde você nem sente os
quilômetros serem alcançados – preciso ressaltar que eu estava praticamente
morrendo de hipotermia, então eu tinha momentos de prazer, mas sofria também.
Fomos para Zaanse principalmente pelos moinhos e eles
tem uma grande relevância para aquela terra. Os moinhos são uma vista comum em
toda a Holanda e tem sido usados desde o século 14 para bombear água das terras
abaixo do nível do mar, conquistar mais terreno mar adentro, permitindo
aumentar o território da Holanda com a construção de novos diques, mas também
para moer trigo, cacau, no preparo da cerâmica e em muitas outras atividades do
dia a dia. Já existiram centenas em todo o país, mas infelizmente hoje o seu
número é muito menor. Mas não era o caso da pequena cidadezinha, na qual
chegamos um pouco depois da hora do almoço. No horizonte se viam inúmeros
moinhos, deixando a paisagem encantadora.
A Ana levou sua câmera e o passeio gerou uma
centena de belas fotos. O cenário bulcólico, aquele clima de fazenda, pequenos
animais, a grama verde e os ângulos escolhidos pela fotógrafa, tudo contribuía
para que as fotos ficassem um espetáculo à parte.
Almoçamos uma espécie de panqueca aberta, que dizem
ser típica daquela região. Aprovamos.
Depois passeamos pela cidade, que aquele dia estava
repleta de turistas japoneses. Valeu muito a pena a visita. Foi legal conhecer
esse outro lado da Europa. Em nossa viagem ficamos mais concentrados nos
centros urbanos, poder ter esse contato com o lado rural foi muito bacana. Ver
como são as fazendas, a vida nesse lado europeu que nem sempre temos
oportunidade de conhecer.
A volta para casa de bicicleta foi mais rápida,
tínhamos que chegar na estação central, devolver as bikes, Alvarino e Bárbara
tinham que pegar um tram, eu e Ana tínhamos que ir até em casa, deixar uma bike
para o Gui, que chegaria depois e nos encontraria na Heineken onde o Thiagão –
outro dos nossos amigos da faculdade de Sistemas que também está morando na
Holanda, já nos esperava. Iriamos fazer o tour, na cervejaria mais popular da
Holanda.
Foi uma loucura tentar fazer tudo isso a tempo e de
fato não conseguimos. Quando eu e Ana chegamos em casa, fui correndo encontrar
um casaco, pois não aguentava mais passar frio e nisso chegou o Gui. Ele não
sabia se valeria a pena ainda ir ou não, mas depois resolveu ir. Então seguimos
os 3 de bike para a cervejaria.
A visita a Heineken foi incrível. Bem interativa,
cheia de atrações e no final, um bar mega animado para tomarmos nossos brindes.
O lugar era super alto astral e a gente estava bem animado. Reencontrar o
Thiagão e ter parte da nossa turma ali reunida foi massa, deu para relembrar um
pouco os velhos tempos da Uniplac.
O bar da Heineken fechou bem cedo, então resolvemos
ir para perto da praça Dam onde segundo o Gui e a Ana existia um bar de rock
bem maneiro. Fomos para lá a pé, conversando pelas ruas de Amsterdam. O Water Hole
é realmente fantástico. No dia em que estávamos lá, tinha uma banda tocando,
poucas pessoas vão me entender, mas achei a banda a cara da The Flash, do filme
Riki and The Flash, com a Meryl Streep. Apenas isso me bastaria para amar o
lugar, mas foi Amsterdam não tinha limites quando o quesito era me seduzir... O
local funcionava como uma espécie de Karaokê, apenas com clássicos do Rock tocados
pela banda, e todos que subiam para cantar davam show. Ficamos lá as três –
Bárbara, Ana e eu – feito as maiores groupies da banda. Foi engraçado. Cantamos
e nos divertimos muito naquela noite.
Antes de ir para casa, eu comprei um bolo e eu
suspeito que havia maconha dentro dele.
Na volta para casa
ainda andamos os 5 em duas bikes. Bárbara e Alvas em uma, Gui, Ana e eu em
outra, morrendo de rir no Voldelpark.
Chegando
em casa ainda precisávamos arrumar nossas malas para no outro dia bem cedo ir
para o aeroporto e iniciar nossa saga de volta para casa.
Ainda hoje, quando penso
em minha visita à capital da Holanda, continuo sem conseguir dizer onde reside
exatamente o charme ou o encanto principal de Amsterdam, uma cidade que parece
ter de tudo um pouco. Talvez a magia resida na capacidade de criar estados de
espírito positivos, momentos inesquecíveis e a vontade de voltar. E nesse quesito,
Amsterdam sabe, como poucas cidades, criar lembranças e sentimentos que
acompanham a gente para sempre.
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