Diário de bordo - Eurotrip - Dia 14 - Bruges - Cidade medieval


Cedinho saímos de casa em direção a Hertz, para pegamos nosso carro e dirigirmos até Brugges. Todos comprometidos em ajudar Alvarino – que iria na boleia – a prestar a atenção em tudo. Dois minutos depois eu estava dormindo, acordando apenas muito próximo a cidade. Sorry, fui inútil.

Antes de chegar já sabíamos que Bruges era um lugar bonito, mas não sabíamos que era tão especial. Suas ruas, prédios e canais são quase como uma viagem de volta no tempo até a Europa medieval e graças a isto essa pequena cidade da Bélgica transformou-se no principal ponto turístico do país. Conhecida por Bruges em francês, ou Brugge em flamengo, o nome não importa. O fato é que ela é uma unanimidade.

Embora pequena, a Bélgica é dividida em duas partes, Valônia  - metade sul, de influência e língua francesas - e Flandres - metade norte, com cultura e língua flamenga, semelhantes à holandesa -, um claro reflexo da importância destes dois países na formação do território Belga, uma divisão que permanece até nossos dias. Brugge está situada em Flandres, e sua proximidade de outras capitais Europeias tornam esta viagem de volta à idade média um convite irresistível.
A história desta região é riquíssima e muito conturbada. Foram séculos de dominações de outros povos, guerras, tratados, revoltas, movimentos nacionalistas, revoluções, conflitos religiosos, culturais e linguísticos até o surgimento da Bélgica. E Bruges sempre esteve ali, no centro de tudo. Com séculos de história e arquitetura medieval em grande parte preservada, os pontos turísticos e históricos de Bruges são diversos.

Logo em que chegamos em Bruges, procuramos um estacionamento e após encontra-lo, fomos seguindo o som do campanário da cidade para chegar a praça central, que acredito que seja a mais movimentada. Onde se concentram alguns prédios históricos e que de certa maneira lembra muito o Grand Place de Bruxelas. Antes de começarmos as visitas, resolvemos parar para tomar um chocolate quente e esquentar. Fazia muito frio naquela manhã.

É na grande praça que fica o prédio da prefeitura, um dos mais antigos dentre os Países Baixos, é um dos pontos imperdíveis da cidade. Construído entre 1376 e 1420 em estilo gótico, é o prédio mais antigo de Bruges, e abriga valiosos tesouros históricos. Um de seus aposentos mais famosos é a capela Heilige-Bloedbasiliek. Por cerca de 850 anos ela tem guardado um trecho de tecido marcado pelo sangue de Cristo. Conta-se que ele foi trazido para Bruges na ocasião das segundas Cruzadas, graças ás tropas de Dirk Van de Elzas, o duque de Flandres. Até hoje esta relíquia é guardada numa urna de cristal na capela desta prefeitura.

Ao lado da prefeitura situa-se o Palácio da Liberdade, construído a partir de 1727, prédio que abriga órgãos administrativos do município, mas tem parte de suas instalações abertas ao público em datas especiais.

Campanário de Bruges. A torre medieval conhecida como Halletoren é a maior e mais importante construção de Bruges, e fica situada bem em frente à praça do mercado. Ela foi construída no século 13, tem 88 metros de altura e no seu topo possui um carrilhão com 47 sinos. Este ponto é o próprio coração da cidade, e serve como referência para todos os passeios.
Antes de sairmos da praça central, entramos em um pequeno museu, que ali fica, o lugar simulava um feudo, com todos seus objetos da idade média. Acabamos não entrando na parte paga do museu, mas se caso algum dia eu voltar a cidade, certamente farei uma visita com mais calma.
Saímos meio sem rumo pelas ruas da cidade, mas não precisávamos de roteiro, pois a cada esquina nos encantávamos com a paisagem, as ruas de pedras, as casas todas antigas e bem conservadas, os canais, que mais pareciam pinturas. Tudo com um ar nostálgico, carregado de saudade de um tempo que a gente se quer viveu.

Entre muitas fotos, bateu a fome e fomos em busca de algo para comer. Como Bruges é uma cidade essencialmente turística, encontrar algo em conta não se tornou uma tarefa fácil, mas com algum custo conseguimos achar um restaurante de comida italiana com um preço que cabia em nosso orçamento da viagem. Lá almocei um espaguete bolonhesa e Bárbara e Alvarino uma lasanha.

Como já mencionei, Bruges é rodeada de canais, e um dos programas mais apreciados pelos visitantes é percorrer estas ruas aquáticas a bordo de barquinhos turísticos, navegando sob pontes e árvores, e apreciando de um ângulo privilegiado suas construções históricas. E é claro que eu gostaria de fazer esse passeio, mas Alvarino e Bárbara não estavam muito a fim, mas falaram: “Vá Carol, é injusto você não fazer só porque a gente não quer... tu já não entrou no museu. Se você quer mesmo, vá.”. De fato eu queria muito, apesar de achar que sem eles não teria tanta graça, mesmo assim fui.

Comprei meu ingresso por 8 euros, fiquei na fila por uns 40 minutos, e no momento que coloquei a bunda no barco, um dilúvio começou a cair sobre a cidade. Até existiam alguns guarda-chuvas disponibilizados pelo condutor do barco, mas a chuva era tanta que eles não davam conta. Além disso, a água que saia dos guarda-chuvas dos outros caía na gente – assim como a água do meu devia cair em alguém. Uma moça do meu lado estava com capa de chuva, e toda a água que caia dela, escorria no banco e me molhava. Resumo da história, eu estava igual a um pinto molhado, me sentindo a Rose do Titanic, morrendo de frio por causa do barco. Pouco apreciei o passeio, mas que mesmo assim se mostrava muito interessante. Apenas tive o azar de fazê-lo com aquela chuva toda caindo.

Saindo do barco o tempo abriu, esboçando até mesmo um solzinho. Eu estava completamente molhada, com sinais de hipotermia – ok, exagero – mas muito arrependida, apesar de ter visto coisas legais a bordo da trágica embarcação. Alvarino e Bárbara me encontraram e juntos fomos achar um café, para pedir um chocolate quente e ver se minha vida ainda teria salvação.

Toda molhada e eles bem cansados, resolvemos que voltaríamos para Bruxelas. Tive que tirar a calça jeans e ficar apenas com a calça de baixo, que estava menos molhada.
Eu queria dirigir um pouco, então Alvarino me passou o volante, para eu realizar o meu sono de dirigir na Europa. Só que continuamos seguindo a rota que nos levaria de volta a Bruxelas, com isso não demorou muito para eu estar em uma rodovia. Não era minha intenção, tampouco gosto ou tenho costume de dirigir em rodovias aqui. Fiquei bem nervosa, mas é claro que deu tudo certo. Porém, foi um apuro. Depois de mim, Bárbara também dirigiu e seguros voltamos para nossa casa.

Em casa resolvemos preparar nossa própria janta, para isso fomos ao mercado e compramos frango e ovos – uma janta bem fitness hahaha. Depois da janta corremos até a Hertz para ver se conseguiríamos devolver nosso carro no dia seguinte sem maiores problemas. Nos garantiram que sim. Já em casa novamente, fomos ao nosso Pub preferido e depois voltamos para casa, para tomar as cervejas que tínhamos comprado no mercado, arrumar as malas, colocar o diário de bordo em dia e pensar no próximo livro “The New Adventures of Eva Schneider”, que obviamente terá o título em português, mas que foi muito comentado durante essa viagem.

Apesar de pequena, a Bélgica é um país com muita personalidade e culturas locais bem definidas. As partes norte e sul do país tem até línguas diferentes. No sul fala-se francês, e no norte o flamengo  - derivado do Holandês. Bruxelas é um pouquinho de cada coisa da Bélgica, por isso grande parte dos nomes na cidade estão escritos nas duas línguas. Como centro da Comunidade Européia tornou-se ainda mais importante, e graças a isto a capital da Bélgica tem sempre congressos e eventos internacionais que dão à cidade um toque global e fazem com que um terço dos habitantes da cidade sejam de outros países. Nos conquistou.      
Antes de sair deixamos um bilhete bem fofo para Male, que nos recepcionou tão bem em seu apartamento. Saímos com um carinho enorme pelo país, que “mal conhecemos, mas já consideramos pakas”, que com seu jeito modesto e despretensioso, também nos conquistou.         

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