Rio 2016 – Muito mais do que uma olímpiada

Em 2008, surgiram as MPs, mas nem em nossos planos mais otimistas sonhamos que nossa relação seria tão forte, intensa e duradoura. Lá se vão oito anos e nossa viagem para o Rio, em 2016, além de ter objetivos como a formatura da Raíssa, as Paralimpíadas e aquele turismo básico, serviu para consolidar e revigorar nossos laços com a nossa MP mais doutora.



No dia sete de setembro embarquei para essa que está no meu Top 3 de viagens à Cidade Maravilhosa. Que o Rio é uma das cidades que mais amo no mundo e que é a cidade que mais visitei em todos os tempos, todos sabem. Mas sempre há algo novo para se viver na capital fluminense, o que acaba se tornando mais uma razão para se apaixonar por aquele lugar.

Fora uma maquiagem borrada e uma meia rasgada, minha chegara ao Rio foi tranquila. Peguei o tal do Fescão e fui para Botafogo. Não costumo passar medo no Rio, mas quando desci do ônibus, confesso que tive medo. Perdi meu ponto e acabei descendo no meio de um canteiro escuro. Eu era alvo fácil, mas saí em disparada e não demorou até as meninas me encontrarem. Aquela noite comi a lentilha mais deliciosa da minha vida e depois dormi no nosso lar em Botafogo, mas não sem antes me deparar com a cena bizarra do vizinho da janela da frente peladão em frente ao espelho. Foi muito o “Ugly Naked Guy” de F.R.I.E.N.D.S, pois o cara também era feio pra caramba, só que quando fui mostrar para a Paula ela achou que fosse o bonitão que nos olhava da janela de cima do cara pelado, enfim, enquanto espiávamos o cara pelado, o bonitão nos olhava, só nos restou rir da situação.
 
No dia seguinte foi dia de ensinar nossa querida amiga Aline a andar de bicicleta. Tenho vasta experiência nisso porque ensinei meus irmãos, quando ainda eram crianças. Ensinar alguém adulto é diferente – a possibilidade de tombos é maior. Por sorte não houve tombos, apenas um atropelamento e um esbarrão em uma barra de ferro. Aprender a andar de bike com uma vista como a da orla de Botafogo certamente é um privilégio para poucos e Aline pôde desfrutar disso.

Enquanto Aline praticava, seguimos rumo a Copacabana, porém nossa surpresa foi grande quando as ondas não quebravam em Copacabana e sim na Praia Vermelha. Nos enganamos, mas foi um engano encantador. Estar em outra praia, a mesma praia que já foi ponto de partida para nossas tão saudosas trilhas até o topo do Morro da Urca. Para desfrutar da paisagem e da “gastronomia” local, tratamos de comer Biscoito Globo acompanhado de Guaravita – mais carioca impossível. Como de praxe, o local rendeu belas fotos. Ouvir o barulho do mar perto de amigas tão queridas garantiu ainda uma bela sensação de paz.
 
Saindo de lá fomos encontrar Livinha no Catete – CA – TE – TE. Isso mesmo, não faço mais aquela piadinha infame. Ela é uma daquelas amigas dos primórdios, mas certamente nossos laços se estreitaram ainda mais nessa última estadia na Cidade Maravilhosa, especialmente porque ela também dividiu o apê com a gente.

Almoçamos e passamos pelo antigo Palácio do Catete, hoje sede do Museu da República, local onde Getúlio se suicidou. Sem dúvidas a visita é uma pedida para os amantes de história, porém como nossa agenda para o dia já estava preenchida, tivemos que deixar esse passeio para uma próxima oportunidade – com os dedos cruzados para que seja em breve.

A noite estava reservada para a formatura da nossa Rá, a última MP a conquistar o canudo. Eu teria ido para o Rio nas Olímpiadas, mas priorizei participar desse momento tão importante desta que já afirmei ser minha irmã de alma.

Lá foi tempo de reencontros. Reencontramos Tio Mauro, cada dia mais encantador, Tia Márcia, cada dia mais desnuda, e Iago, cada dia mais gato, sem contar as Mello. Vanessa voltou com tudo para as MPs! Anos haviam se passado desde nosso último encontro, e as conversas via redes sociais haviam diminuído drasticamente. Porém, bastou a troca de algumas palavras para todas as distâncias virarem poeira e em minutos estarmos ali, todas as MPs em plena harmonia.



Na formatura, encontramos André, Renata e Paula C, que também se emocionaram com a solenidade. Mas é claro que ninguém se emocionou mais do que eu e minha colega de colações Paula Teixeira, que assim como eu chora até em discurso chato – repetimos o rio de lágrimas da formatura da Aline.

Após a colação foi hora de muitas fotos, de bunda desnuda e é claro, muitas risadas e descontração. A noite acabou na Pizzaria Guanabara, na Lapa, com Livinha se juntando a nós definitivamente. Essa foi a viagem do Uber, que salvou nossa vida e nos reservou belas surpresas, como foi o caso da motorista do carro com os tapetes rosa. Nessa noite, tivemos o prazer de ter a Rê dormindo conosco no nosso apê em Botafogo.

No dia seguinte, Livinha foi trabalhar, Renata foi para casa se aprontar para os passeios vespertinos e nós, como boas turistas, fomos aproveitar o dia no Rio. A princípio iriamos pedalar, mas Aline não estava muito no espírito, então resolveu ir para o Centro, enquanto Paula e eu aproveitamos para pedalar pelo Aterro do Flamengo. Não podíamos nos distanciar muito de Botafogo, pois estávamos esperando Raíssa e Paula C que “se mudariam” para o nosso apê naquele dia. A vista no Aterro é maravilhosa e foi um passeio muito divertido, em especial nas partes em que Paula e eu dividíamos a mesma bicicleta, enfrentando vários desafios, entre eles uma passarela “decapitadora”.

Na viagem o Uber também fez papel de vilão e atrasou Paula C e Rá por mais de duas horas. Na verdade, não o Uber em si, mas a falta dele – é complicado chamar o aplicativo do Galeão e, assim, as meninas acabaram vindo de ônibus. Passeamos, fomos ao banco, tomamos chope e nada das duas chegarem. Eu já estava com o meu coração prestes a se partir pois Aline ameaçava entrar no “Tomorrow Museum” sem nós. No final das contas entre mortos e feridos, salvamo-nos todos e por fim ninguém entrou no Museu, mas aproveitamos muito o Boulevard Olimpico.

O lugar era incrível com um super alto astral, pessoas animadas, música ao vivo e alguns stands incríveis, como a da Samsung. Lá, tivemos a chance de desfrutar de um show tecnológico em 3D em que descíamos por uma das montanhas russas mais incríveis do Six Flags. Valeu a experiência e confesso que sai da atração com as penas bambas, apesar de ter permanecido o tempo inteiro sentadinha sem sair do Boulevard.


Foi lá também que perdemos quase uma hora de nossas vidas em uma fake degustação de cafés tipo exportação ao assistirmos a uma palestra sobre o café produzido no sudoeste do estado do Rio de Janeiro. Após minutos que pareceram horas ouvindo informações sobre o assunto, chegou o momento da degustação. Qual não foi nossa surpresa ao constatarmos que apenas nos serviriam um mísero copinho de café produzido em Varre e sai? Pois é, viajar também tem dessas...

De lá fomos para a casa da Vanessa, ver o Tio Maciel, reencontrar Tia Penha e provar de sua comida maravilhosa. A fruta não cai mesmo longe do pé, pois Vanessa também se tornou uma cozinheira de mão cheia, demonstrando isso com o bolo delicioso que preparou especialmente para nos receber. Foi uma noite e tanto e, para completar, ainda conhecemos Hell, uma amiga da Vanessa, já conhecida de algumas do grupo e que me conquistou logo de cara com sua irreverência tão marcante.



Bom, desde “Além do Tempo” eu sonho em encontrar o homem da minha vida em um metrô do Rio e eis que foi quase dessa vez. Entramos em um vagão que estava quase vazio, Aline e eu fomos para um lado e Livia e Paula para o outro. Havia dois caras sentados e Aline eu sentamos entre eles. Logo de início percebi que o perfume de um deles era um que eu amo e foi quando notei que estávamos no meio de dois gatos, mais que isso, dois gatos que fechavam exatamente com o nosso estereótipo de homem perfeito – que vive só no nosso imaginário, é claro.

O da Aline bem estilo hipster com uma barbinha, um cabelo estilo Esteban de Kubanacan, mais moreno, e o meu aquele padrão de beleza de príncipe da Disney, meio loiro, alinhadinho, barbinha aparada e olhos claros. Queria me matar quando a Paula soltou um “Meninas, vocês querem uma foto no metrô?”. Tivemos que aceitar, seguido de um “Nooooooooossa, queremos! Por lá não tem dessas coisas!”.

Guardamos o registro do momento, infelizmente Felipe e eu e Aline e Cauê – provavelmente eles se chamavam assim, pois nós quatro concordamos – não vivemos várias vidas juntos, mas deu para rir do nosso encontro inusitado nessa vida. Descemos sem trocar uma palavra com os bonitões, mas certamente demorará para eles deixarem de habitar nossas lembranças.



Demos uma esticadinha em um bar, mas como a moçoila aqui já sente o peso da idade, acabei fazendo coro para nos dividirmos e uma parte da turma ir para casa antes, já que no dia seguinte acordaríamos cedo para os Jogos Paralímpicos.

Participar das Olimpíadas teria sido mágico, mas as Paralimpíadas vinham com algo a mais no pacote. Grandes esportistas são quase heróis, porém nossos atletas paralímpicos eram mais que isso, eram exemplos a serem seguidos, eram doses extras de determinação, gratidão e satisfação por poder participar de algo tão mágico quanto aquele evento.



Conhecer o Parque Olímpico foi espetacular, ainda mais no seu dia de maior lotação – incluindo os dias das Olimpíadas – foram 167 mil pessoas que passaram por lá naquele sábado e isso incluía nós 9.... Lá, lindos, sonolentos, famintos, mas super animados. Fomos assistir o basquete feminino e nosso primeiro jogo foi Argentina X Canadá e o segundo Alemanha X Grã-Bretanha. Torci para a Argentina e para a Alemanha, mas as duas seleções perderam. Enfim, foi lindo ver o empenho das atletas que apesar de suas adversidades fizeram todo o ginásio vibrar e torcer.

Durante os intervalos, como de costume nesses jogos, as câmeras que projetavam as imagens nos telões filmavam a torcida. Sempre ficávamos na expectativa, mas a câmera simplesmente pulava a parte do estágio de onde assistíamos. Foi tempo de mobilização. Agitamos tanto, queríamos tanto aparecer que nossa vontade se estendeu por todo nosso bloco e fizemos tanto barulho que roubamos a cena e aparecemos por quase um minuto no telão. Todos vibraram quando finalmente atingimos nosso objetivo. #auniçãofazaforça

O almoço no parque deixou um pouco a desejar, mas nós todos lá, sentados no chão rindo e conversando compensou. A comida estava ruim, mas a cerveja gelada! E após um desencontro no banheiro e uma fila para a cerveja, Paula e eu demoramos para reaparecer e acabamos pregando uma peça no pessoal, que acreditou que estávamos indo para a enfermaria. Foi bom para ver quem realmente se importava com a gente! Huauhauha



Ficamos mais um tempo pelo parque, tirei uma foto com minha tão sonhada tocha e resolvemos retornar. No metrô tivemos uma calorosa discussão – maior do que a do “É bolacha e não biscoito” – onde tivemos que provar por A + B que o sotaque carioca não é o oficial do Brasil. Vejam o tamanho do absurdo minha gente! Por fim, apoiadas por paulistas, portugueses e outros cariocas do nosso vagão do metrô, essa absurda mentira caiu por terra e agora o mundo inteiro sabe que o sotaque carioca não é o oficial.

No caminho para o Leme conhecemos o Beco das Garrafas, local ímpar para minhas gaúchas preferidas, Aline e Paula, que são apaixonadas pela conterrânea delas, a Elis e tiveram o privilégio de visitar o lugar onde a brilhante carreia de Elis Regina se iniciou. Elas ficaram emocionadas e era mesmo de se ficar! O dono do bar foi muito atencioso e elas vibravam a cada detalhe encontrado que remetia a Elis.

Fomos até o Leme, tiramos muitas fotos naquelas máquinas espalhadas pela orla e depois seguimos para um suposto Samba que aconteceria na Rua do Ouvidor no centro. Lá aproveitamos para jantar no Boulevard Olimpico enquanto aguardávamos o dindo da Aline. O samba acabou não acontecendo por ali e fomos em busca de um outro que aconteceria na Pedra do Sal. Não era noite para samba e esse também não se concretizou, o jeito foi encontrar um barzinho para jogar conversa fora.



No domingo já começariam as despedidas, mas antes fomos ao nosso piquenique no Arpoador, ou na Califórnia, como lembrava nas fotos. Só faltou a Vanessa para a festa ficar completa. É sempre muito bom passar momentos assim com amigos tão queridos quanto os meus, que sempre estão dispostos a qualquer programa, a qualquer hora.



Depois fomos até a Pedra do Arpoador para registrar nossas fotos mais lindas da viagem. Enquanto Raíssa, Aline, Paula C e Livinha voltaram para casa de táxi, Renata, André, Paula T e eu fomos de bike. Foi um passeio muito divertido, andando por ruas não tão usuais, já que algumas das principais ruas estavam fechadas para as provas da maratona. Nos despedidos de Aline que estava quase entrando em desespero com a demora do ônibus, e de Rá e Paula C também, que já estavam voltando para Minas.

Fomos almoçar, Renata foi roubar – huahuauha – um protetor solar e após o almoço formos para o Leme. Ver o pôr do sol e curtir um show exclusivo com as músicas do Kid Abelha – na verdade o cantor ao perceber nossa empolgação logo nos primeiros acordes das músicas de nossa banda preferida se empolgou e cantou todas as músicas do Kid que conhecia, incluindo Palpite. Mais marcante que essa trilha sonora só foi o Jingle do Molon, que nos acompanhou durante toda a viagem e ainda hoje não sai de nossas cabeças. Fom Foooooooooooooom!


Vanessa nos encontrou no Leme, mas para nos despedirmos completamente do Rio eu e Paula precisávamos de um banho de mar. A lua já estava alta no céu quando partimos para o nosso mergulho, onde lavamos não só nossos corpos, mas também nossas almas, após dias de muita alegria, amizade e amor genuíno no Rio de Janeiro. Depois do banho ainda dançamos tango no calçadão e depois assustei turistas com meu bronzeado de obreira.
À noite o que restava era comer uma tapioca, aliviar meu coração com uma mensagem que achei necessária e me preparar para o retorno. Me despedir do Rio e deixar lá grandes amigos sempre me deixa triste, o que consola é saber que essa está longe de ser minha última viagem à cidade que já ganhou o meu coração. 




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