1º Encontrão Trip Montanha - Serra Furada e Pirâmides Sagradas




O primeiro encontro do Trip Montanha foi coordenado por Cristian Stassun, com a colaboração dos coordenadores: Ademir Sgroth (SC), Sandra Elize (PR) e Gerson Soares (RS), além do anfitrião e grande conhecedor da região da Serra Geral, Léo Baschirotto.
O encontro aconteceu na cidade Grão Pará, logo abaixo da Serra do Corvo Branco, em Santa Catarina. 
A fazenda onde ficamos, pertence ao senhor Kiki Souza e fica no vale próximo a Serra Furada, espetacular região onde ficam as Pirâmides Sagradas. 
O Trip Montanha é um grupo que surgiu no ano de 2011 e desde então vem reunindo montanhistas, escaladores, fotógrafos de montanha, bikers, pilotos de drone e guias de turismo de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
O encontro reuniu cerca de 100 pessoas de 25 cidades do Sul do país, com destaque para os integrantes das cidades Florianópolis, Rio do Sul, Joinville, Blumenau, Caxias do Sul e Curitiba. Foi um encontro que correspondeu às expectativas tanto dos participantes quanto dos organizadores. Cristian nos conta que “O objetivo principal foi alcançado, fazer todos os membros que se conheciam online, conhecerem-se ao vivo, criando novos laços, reforçando os que haviam e trocando experiência e conhecimento. Salientamos a importância dos guias formados e credenciados como importantes no cenário do ecoturismo catarinense e destacamos nas oficinas, a importância do praticante de trekking amador de conhecer técnicas e tomarem cuidado com os riscos da prática. Ficamos satisfeitos em apresentar esse local maravilhoso, e agraciados por Deus, por ter nos oferecido um dia tão ensolarado para nossa trilha. ”
O encontro tinha uma vasta programação que incluía, hikings, camping, oficinas, luau, costelada, roda de violão, enfim, uma grande confraternização para os amantes das montanhas.
Grão Pará fica a cerca de 120km de Alfredo Wagner, mas por ter um acesso repleto de estradas tortuosas esse percurso leva mais de 3 horas para ser percorrido. Sendo assim acordei cedo e as 5:30 da manhã com meu amigo Lucas que veio de Floripa e seguimos para o local do encontro.
Fomos brindados com um lindo nascer do sol na Serra do Corvo Branco, o que já dava uma prévia das belezas nos estavam reservadas para o final de semana. 


Ao chegar fomos conhecer a galera e montar nosso acampamento. Como eu nunca tinha dormido em uma barraca – na verdade tinha, mas com ela foi montada debaixo de um galpão eu não considero – a expectativa era enorme, pois a previsão era de chuva e vento para a noite, mas antes ainda tínhamos alguns compromissos.




Trilha de reconhecimento do vale, com visão para Serra Furada de Grão Pará


O nome da região se dá a uma formação de arenito, cuja fenda possui 45m de altura por 8m de largura e dá o nome ao Parque Estadual da Serra Furada. Do vale pudemos ter uma visão privilegiada de toda a serra. A trilha tinha um trajeto de pouco mais de 7km, com uma subida muito boa para quem desejava se aquecer para o dia seguinte. O passeio rendeu belas fotos. Entre nós tínhamos ótimos fotógrafos que contribuíram para que o momento ficasse para sempre guardado em nossa memória.


Almoço Coletivo

Na volta ainda fomos gentilmente convidados pelo Elio Merini para desfrutar de um delicioso risoto preparado por ele e sua “equipe”. Estava tudo uma delícia e deu para recuperar as energias para a próxima parte do encontro que foram as oficinas. 




Oficina de Acampamento Básico com Vanessa Franz e Renan Schuller

A primeira oficina da noite foi com o casal de namorados Vanessa Laura Franz e Renan Schuller de Alfredo Wagner e tratava de equipamentos básicos para acampamento.
Vanessa e Renan são guias formados em Rio do Sul e atuantes em toda a região. 
Eles ressaltam que “O guia de turismo é realmente muito importante, é ele quem acompanha, orienta e transmite informações ao grupo durante todo o caminho. Hoje a profissão é regulamentada, para isso o profissional precisa fazer o curso técnico em guia de turismo completo, se cadastrar no cadastur e solicitar a carteirinha. É imprescindível a comunicação, antes, durante e no final do roteiro”. 
Vanessa está começando a guiar nas trilhas em Alfredo Wagner em parceria com Renan Schuller. É também uma das percursoras do grupo Trekking por Elas, Grupo de mulheres que fazem hikkings, trekkings, viagens de mochilão.
Eles deram dicas e apresentaram uma série de equipamentos que são básicos para o camping. A dicas se dividiam em temáticas como: mochilas, barracas, sacos de dormir, isolante térmico, iluminação, kits de higiene, médico e de cozinha, fogareiros, roupas, alimentação e calçados.
Para conferir mais dicas, acesse o link com sugestões preparadas pelos dois guias.


Oficina de Canionismo com Carlos Eduardo Madona acompanhado por Silvio Adriani

Cadu tem 36 anos é publicitário, natural do estado de SP mas hoje mora em Florianópolis, é Canionista há 15 anos formado em 2001 pela Aimberê, empresa que ministra cursos de canionismo entre outras modalidades.
Em 2007 já praticava rapel, de uma maneira autodidata e com muito risco, com o tempo buscou se especializar pois sabia dos perigos da aventura sem uma capacitação. Esse é a porta de entrada de muitos dos camionistas Brasileiros.
Carlos Eduardo nos conta um pouco sobre sua trajetória: “Tenho os cânions como paixão e divulgo a prática segura do Canionismo por vários eventos. Participei de muitas conquistas como ponto focal formando equipes feras em cânions que hoje estão no portfólio Brasileiro e são reconhecidos pela beleza singular, citando alguns como: Paraiso Selvagem, Santa Maria, Tieta, Entalado, Romancine, entre outros , todos na Serra da Canastra MG. O Canionismo é um esporte coletivo e o grau de proficiência de todos os integrantes é importantíssimo para o sucesso da conquista. Juntamente com amigos do meio, organizei 3 encontros nacionais e internacionais, sempre na Serra da Canastra, que foi onde tive a maior atuação: Encontro Mineiro de Canionismo 2007 - pela Amicanion (associação mineira de canionismo)
Encontro Brasileiro de Canionismo 2010 - pela extinta ABCanion (associação brasileira de canionismo) onde era monitor.
RIC Rendevouz International Canyoning - pelo GBcan (Grupo Brasileiro de canionismo) sócio fundador e atuante.”
Em sua oficina o canionista, iniciou falando sobre a história do canionismo, suas técnicas e equipamentos. Falou sobre lugares no Brasil que são polos para a modalidade e a sobre a diferença dos cânions, os quais possuem uma reunião de características especificas. Além disso Cadu nos falou sobre os encontros de Canionismo que acontecem regularmente e o intercâmbio de práticas, técnicas e lugares que esses encontros ajudaram a desenvolver, lugares esses que hoje tem reconhecimento internacional e que recebem além dos esportistas rotineiros, também grandes encontros. Ele diz que acredita no grande potencial da região na qual estávamos para a prática do esporte e se propôs a ajudar a disseminar a prática do esporte na região.  
A apresentação teve o apoio de Silvio Adriani, que é montanhista e grande conhecedor da região, recentemente formado no canionismo e que também está engajado em desenvolver um polo de canionismo na Serra Catarinense.

Alex Winieski e o Projeto “101 Cachoeiras mais lindas de Santa Catarina e 1001 lugares” para visitar em Santa Catarina, SlideShow

O 3º convidado da noite foi Alex Wisnieski de 36 anos, da cidade Jaraguá do Sul. Ele estava lá para falar de seus projetos o “1001 lugares para conhecer em Santa Catarina” e o “101 cachoeiras de Santa Catarina”. 
Entre os anos de 2007 e 2008 ele começou a catalogar pontos turísticos de SC. A ideia do 1001 lugares surgiu no ano de 2013 e o 101 cachoeiras no ano passado. Ele pretende transformar os projetos em e-books o primeiro será sobre as Cachoeiras com a conclusão prevista para o início do ano que vem. Ele faz suas buscas através da internet, mapas turísticos, pessoas, fotos, etc. 
Alex conta que a ideia veio da falta de informações nos sites das prefeituras, SANTUR, mapas/guias turístico e da vontade/paixão por aventuras, conhecer novos lugares, admirar a natureza, se isolar do mundo barulhento, divulgar as belezas naturais do nosso estado... Não é um trabalho simples, demanda bastante tempo e dedicação, mas muito recompensador “principalmente quando as pessoas pedem informações, ajudam ou mesmo me convidam para ir junto”.
No trabalho de preparação do e-book sobre as “101 Cachoeiras de Santa Catarina”, Alex faz o levantamento das informações sobre as cachoeiras e inclui tudo em uma planilha Excel que é uma espécie de catálogo... lá constam informações como: altura, descrição, localização/como chegar, contato, classificação (público, particular com acesso, privado), etc... e é a partir desse “catalogo” que ele faz a seleção das cachoeiras que vão entrar para o livro. No total Alex tem mais de 560 cachoeiras cadastradas.
Conhecendo tantas cachoeiras é claro que Alex também tem suas favoritas, entre elas a cachoeira da Bruaca em Corupá com 96 m, Salto Grande em Corupá com 125 m e Cascata do Avencal sem Urubici com 100 m.
Além de uma explanação perfeita, Alex ainda proporcionou muitas risadas ao grupo com suas colocações sempre hilárias.
  

Bate-papo com Maikon Schroeder, do Grupo de Resgate na Montanha de Joinville (GRM)

Maikon Maximo Schroeder, graduado em enfermagem pela Univali em 2003, pós-graduado em terapia intensiva, urgência e emergência e atendimento pré-hospitalar, habilitado pela Wilderness Medical Associates (WMA) no curso Wilderness Advanced First Aid (WAFA) voltado a medicina de áreas naturais e locais remotos.
Voluntário e Conselheiro Técnico em primeiros socorros em áreas remotas do Grupo de Resgate em Montanha (GRM), grupo de voluntários vinculado à estrutura da Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública de Joinville, grupo que tem como objetivo atuar em operações de busca e salvamento terrestre em montanhas e áreas remotas, além de apoiar os órgãos de primeira resposta como Defesa Civil, Policia Militar, Bombeiros dentre outros.
Criado em 12/01/2012 como Grupo Voluntário de Busca e Salvamento (GVBS) e Núcleo Comunitário de Defesa Civil (NUDEC), hoje o GRM conta com 52 integrantes efetivos, já atuou em 21 operações de busca e salvamento em Santa Catarina e Paraná, além de participar e instruções e simulados junto ao Batalhão de Polícia Militar de Ajuda Humanitária de Santa Catarina e Força Tarefa do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
Das 21 operações de busca e salvamento, o enfermeiro Maikon participou efetivamente de 19 ocorrência, além de participar nas operações de busca, atua diretamente no atendimento as vítimas, prestando atendimento em suporte básico e avançado da vida através dos moldes da telemedicina junto a Médica Daniela Manganelli integrante do GRM.
A importância de ter uma equipe especializada em resgates em regiões naturais, de floresta ou montanha, se dá pela longa distância de hospitais e similares, o que torna ainda mais demorado o início do tratamento definitivo para as vítimas, muitas vezes o tratamento no hospital poderá demorar muitas horas ou até dias para ocorrer. É importante destacar que um GVBS deve ter preparo não somente para realizar as buscas, mas estarem habilitados na prestação do socorro com destreza, competência técnica, científica, ética e legal. Neste contexto o enfermeiro tem a capacidade de prestar uma assistência de enfermagem fundamentada em evidências com uma boa técnica demonstrando o seu conhecimento prático em procedimentos invasivos, auxiliando as equipes na identificação, tratamento e estabilização de vítima grave/crítico com ênfase em emergências com risco à vida no processo de busca e salvamento terrestre.

Ser um voluntário é gratificante e recompensador, sinto-me motivado a enfrentar os desafios que me são apresentados a cada ocorrência atendida, nos mais diversos ambientes e situações, em que a minha própria vida é posta em risco em prol de salvar o próximo. Sempre sigo o lema das equipes de SAR (Search and Rescue) “para que outros possam viver”


Oficina de Escalada com Filipe Ronchi, uso de equipamentos básicos, ancoragem e segurança;

Para fechar a noite de oficinas tivemos a de “Iniciação na Escalada” com Filipe Ronchi. O escalador tem 30 anos e é de Nova Veneza. Ele figura como um dos maiores nomes da escalada do Sul do país e tem um currículo incrível.
Filipe se inspira em “Monstros da Escalada”, como Marius Bagnati - que para ele é o maior escalador de SC -, Waldesir Machado,  Irivan Burda, José Luiz (Chiquinho) do PR,  Alexandre Portela e Alexandre Tartari do RJ. O escalador já teve o privilégio de conquistar vias com alguns desses “monstros” como como por exemplo o Daniel Fernandes aqui de SC com quem recentemente conquistou a via no Funil. 
Filipe tem uma vasta experiência, são muitas escaladas e mais de 50 conquistas de vias. Ele diz que todas as conquistas são especiais, mas entre as mais exigentes e gratificantes estão a última que foi a via Hollywood na Torre do Funil e a via Maluco Sonhador no morro da Mina em Siderópolis. Entre as escaladas estão: Via Arco da Velha com 700m no maior  nos  3 picos de Salinas no norte do Rio de Janeiro, a via Divina Liberdade na Pedra Riscada com 1100m,  leste de Minas, divisa com ES. E a agulha do diabo, com 250m que está entre as 10 escaladas mais lindas do mundo e fica na Serra dos Órgãos também no Rio. Além das escaladas pelo Brasil ele já escalou no Chaltén,  Sul da Patagônia, Cerro Catedral no norte da Patagônia e Cajon de Los Arenales nas proximidades de Mendonza na cordilheira dos Andes Central. 
Sua oficina tratou sobre noções básicas de escalada, equipamentos e utilização dos mesmos. Tinha como intuito familiarizar os presentes quanto a escalada e também possibilitar com que o pessoal conhecesse e manejasse os equipamentos - equipamentos de segurança, cordas... -  Filipe realizou também uma demonstração de utilização da furadeira, colocando uma proteção em uma pedra.
Além de escalador o Filipe tem também uma fábrica de cerveja artesanal. A cerveja é maravilhosa e estava à venda no encontro. A cervejaria Climb – The real drink of the montains – fabrica 8 tipos de cerveja: Blonde Ale, Apa, Ipa, Stout, Golden Ale, Weiss, Witbier e Saison. Não experimentei todas, mas as que provei são realmente de primeira qualidade!

Costelaço de fogo de chão

Para nos alimentar em um intervalo entre as oficinas fomos saborear a Costelada preparada por Eduardo Scwanke e Adriano Mendes (Polho). Valeu a penas todas horas gastas no seu preparo. O costela foi acompanhada por aipim e a claro a cerveja Climb! Demais


Luau

Após as oficinas ainda rolou muita música ao redor de uma fogueira. O pessoal ficou madrugada a dentro, cantando, tomando vinho, cervejas e confraternizando. Os violeiros Djuan e Filipe Ronchi.
Eu não fiquei no Luau, pois estava caindo de sono. Durante a noite choveu bastante e também ventou, muito..., mas a experiências de dormir em uma barraca foi aprovada. 



Trilha do "Vale das Pirâmides"

No dia seguinte acordamos cedinho para a hiking mais esperado.
O do Vale das pirâmides, que segundo o Strava tem um percurso de cerca de 9km, aclive de 600mt a 1200mt de altitude. A trilha é tranquila, lembra a trilha aqui da Pedra Branca em Alfredo Wagner e o visual lá de cima é surreal.
Iniciamos a caminhada por uma estrada, uma grande subida, seguimos o caminho que passa por alguns pinheiros e logo em seguida entramos pelo meio da mata. A medida que subimos a paisagem vais e revelando. Para qualquer lado que olha se avista montanhas com rochas imensas. Vimos também córregos e uma grande cachoeira que nessa época do ano fica quase sem água.
Grande parte da subida é realizada por um caminho de tropa, por onde provavelmente subia e descia gado.
Fomos guiados por Léo Baschirotto e seu pai. O Léo é um querido, paciente e sempre atencioso, subiu conversando conosco e ele é simplesmente demais, uma pessoa boníssima.
Lá de cima a vista é maravilhosa. Se tem uma visão “limpa” das Pirâmides e de todo o resto da serra que fico no seu entorno. São Pedro é dos nossos e nos proporcionou um dia com tempo perfeito.
Ficamos lá em cima mais de uma hora, comemos, confraternizamos e posamos para inúmeras fotos e filmagens de drone.
Devido ao número de participantes, subimos em três grupos. Subi no primeiro e só desci quando o terceiro grupo estava chegando.
Despois de retornar, desmontamos o acampamento, comemos e começamos a nos preparar para vir embora, em um retorno que ainda guardava belas imagens.
Na volta peguei uma carona no carro com o Djuan – proprietário da marca Mind's UP, uma empresa que tem bem a vibe da nossa galera – e com a Patty, que é uma super bikers e uma pessoa gente finíssima, ambos de Rio do Sul e que tornaram as horas que ainda tínhamos pela frente, até chegar em casa, muito mais agradáveis. Na volta passamos pela Serra do Rio do Rastro e foi uma experiência nova ver o visual lá de cima com a iluminação artificial. Foi bacana, valeu a experiência. Fizemos uma parada para lanche, acompanhados por Vanessa, Fabricio, Jéssica e o Fernando que também são de RSL.

Esse encontro ficará muito bem documentado, por imagens e vídeos, mas além disso estar lá, viver aqueles momentos, participar de todas as trocas, compartilhar experiências, criar novos laços e amizades são momentos que apesar de não estarem registrados através de máquinas jamais serão esquecidos. 

Crédito Fotos:
Photom 
Gerson Soares
João Batista G. Lostada
Cristian Stassun
Lucas Bastianello























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