Café Pedras Rollantes

Eu já tinha visto uma placa indicando que existia um café na minha rua, mas não sabia onde ficava. Depois em uma reunião do Conselho de Turismo da cidade conheci Tarcísio, o dono do Café. Quase me emocionei quando ele falou: “Eu sempre passava pelo vale do Rio Águas Frias e ficava contemplando o lugar, achava muito lindo e hoje eu tenho oportunidade de morar nesse local”.

Não estou exagerando quando digo que quase me emocionei. Palavras me tocam profundamente, todo mundo sabe o quanto tenho uma forte ligação com a minha rua, Águas Frias, endereço onde minha família sempre viveu. Lembro quando eu era pequena e pegava minha bicicleta e ia pela Água Fria, chegava na estrada de chão e pedalava, pedalava, tentando chegar na BR, nunca cheguei, mas era uma emoção, eu sempre achei aquele lugar maravilhoso e algumas vezes levei a câmera comigo, aquelas antigas de filme e fiz várias fotos – minha vontade de documentar as belezas de Alfredo já vem desde a infância! Ver que alguém também sentia aquilo, um sentimento puro de admiração, me deixou muito feliz.

Suzanne reservou um café para sua família no sábado e me convidou, então finalmente conheci o Pedras Rollantes. O Café fica situado em um sítio e além da deliciosa comida também somos convidados a passear pelo local e conhecer suas belas paisagens. Logo na chegada vieram ao nosso encontro os dois cachorros do casal. Sabe aqueles cachorros de filme, que a gente joga o pauzinho e eles vão buscar?  Já fiquei encantada logo de início. Conhecemos Lu a esposa de Tarcísio, que também é de uma simpatia imensa.

Fiquei impressionada com a casa do sócio do Pedras Rollantes, Tarcísio nos contou a história... que ela é uma casa que foi construída no final do século XIX, originalmente estava situada na cidade de Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, mas foi comprada, desmontada e montada novamente aqui em Alfredo. É uma obra majestosa, em estilo enxaimel, um contraste com o verde que a cerca. Fiquei encantada com a casa e com sua história, mas esse era apenas o primeiro detalhe que chamaria minha atenção nesse passeio.

Tarcísio também nos contou sobre as construções dos chalés, que futuramente abrigarão os turistas, casas feitas com base em conceitos de sustentabilidade, desde sua construção, até sua futura utilização. Existem algumas curiosidades interessantes a respeito dos materiais utilizados para a construção. Os tijolos utilizados nas paredes das cozinhas e dos banheiros pertenciam à casa do Senhor Genésio, que todos de nossa cidade conhecem, e que ficava no centro da cidade em frente à pracinha e ao antigo posto de saúde.

Os tijolos foram fabricados no século passado, na olaria do seu Balcino, outra figura histórica de Alfredo Wagner. As madeiras utilizadas nas construções faziam parte, na década de 30, de Capela São João, no Barro Branco, quando foi construída uma capela nova, essas mesmas madeiras foram utilizadas para construir o salão de festas da comunidade e hoje fazem parte dos chalés. Não é de se admirar que essas madeiras perpassem gerações, afinal, são todas “madeiras de lei”, encontradas, no passado, em grande quantidade em nossa região, caso da imbuia, canela, peroba e araucária.
Os vidros também são reaproveitados, e esses vieram de construções originárias da cidade de Florianópolis. E é assim, pensando em sustentabilidade e mantendo viva algumas lembranças históricas de nossa terra que os chalés vão ganhando forma e deixando o lugar ainda mais bonito.
Fomos conhecer as plantações e o rio. Uma ponte pênsil deu um ar de aventura ao passeio e de cima dela é possível contemplar o Águas Frias que nessa região sempre revela belas paisagens.

Do outro lado conhecemos o pomar, repleto de frutas como pêssego, limões, goiaba, bergamotas e a especialidade do sítio, as clemenules, uma tangerina sem sementes, conhecida na Europa como a rainha das tangerinas. Passeamos pela beira do rio, vimos cavalos e tivemos a certeza de que vale a pena uma visita no verão para entrar na água.

Na volta chegou o momento do café. Tudo preparado de uma forma muito especial, lá até a louça tem uma história... Primeiro vem o chá de clemenules, que ninguém conhecia até então, e, para acompanhar, queijos com geleias e pães tostados com patê de tilápia. Sempre que serve algo, Tarcisio explica a procedência, geralmente proveniente dos pequenos produtores da região, o que dá um gosto ainda mais especial a tudo.
Depois da entrega chega o café, preparado um coador de pano, ali mesmo na mesa. São servidos pães variados, com geleia, uma pasta a base de salame, manteiga... Destaque especial ao pão de tomate e ao cookie de amendoim, produzidos ali mesmo no sitio e que eu adorei. No final, bolo de cenoura ou de chocolate e uma deliciosa sobremesa completa a experiência.

Após o café, permanecemos na mesa conversando sobre assuntos diversos, enquanto a noite chegava e a temperatura baixava. Quando estávamos indo embora, entramos na casa do casal para nos despedir. O ambiente é aconchegante e acolhedor, fomos convidados a subir até o segundo piso e conhecer a vista que se tem da varanda do quarto, algo estarrecedor! Ficamos imaginando como é dormir e acordar com uma paisagem daquelas.
Recomendo a todos o passeio, tanto para quem é de fora como para os alfredenses, pois nós merecemos conhecer mais um pedacinho maravilhoso de nossa terra!

Para mais informações:
Endereço: Rua Águas Frias, Alfredo Wagner - SC

Número de telefone: 4891899982

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2 Comentários

  1. Parabéns, pelo belo texto!!! Quanto ao local e ao café: maravilhoso mesmo! Bem Café no Sítio e delicioso. E sobre o nome "Pedras Rollantes" eu provei literalmente. rsrsrs...

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  2. O texto revela exatamente o que tbm tive o prazer de desfrutar...vontade de quero mais, de novo,tudo outra vez...juro que ainda vou voltar!

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