Eu não conhecia a comunidade e pelo que pude perceber é muito bem cuidada,
muitas casas mantidas com capricho e as vargens do Riozinho contribuem para deixar
o local ainda mais exuberante.
Evandro nos levou até uma gruta que fica no terreno do seu Ivan
Andersen. A princípio achávamos que seria mais uma cachoeira e achava difícil
que depois da última que tinha visto ainda iria me impressionar, porém, eu não
sabia o que me aguardava.
Estacionamos nosso carro, cruzamos o rio e andamos cerca 150m até
atingirmos a mata. Daí pela trilha de mais 100m chegamos a gruta.
A gruta é um imenso salão, com 47m de comprimento e em alguns pontos
com uma largura de 20,5m. Usávamos a luz
dos celulares e câmeras para explorar o local, podia-se notar pequenas gotinhas
de água se acumulando no teto, que quando refletiam a luz brilhavam feito
pedras preciosas. Naquela escuridão podíamos ver a “fauna” do lugar, formada
por insetos que são acostumados a viver na escuridão. Podíamos perceber que a
gruta possuía um sistema de iluminação, porém, procuramos e não conseguimos
encontrar nenhum tipo de interruptor.
Além da gruta ainda existe uma cachoeira no local, com 25m de altura -
sendo 12m até o nível do abrigo e mais 13m até o fundo do vale – e um altar com
a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Evandro nos contou que é comum a gruta
atrair visitantes na sexta feira santa. O som da cachoeira contribui para
deixar o local ainda mais bonito e enigmático.
Eu estava decidida a voltar e explorar o local com a iluminação,
estava fascinada, encantada por ter “descoberto” um lugar como aquele tão
pertinho de casa.
Resolvemos voltar para o carro, já que pouco conseguíamos ver, foi
quanto Evandro avistou um poste com uma espécie de interruptor, resolvemos
testá-lo – ou deixaríamos alguma casa sem luz, ou iluminaríamos a gruta.
Retornamos para a gruta e o que já era lindo, ficou ainda melhor com a
iluminação.
Com a gruta iluminada, tivemos a real dimensão do local, pudemos ver
algumas estalagmites e estalactites – embora se note que imensa maioria delas
já tenham desaparecido, provavelmente pela ação do homem.
Sem dúvidas os Xokleng e outras fases utilizaram este bom e bonito
abrigo. Informaram moradores antigos da existência de ossos humanos. Seriam dos
Xoklengs? Eles praticavam cremação. Teriam sido os últimos membros da tribo? É
possível. Ou seriam ossos de outras tradições ou fases? (2002, Wagner)
Esse trecho pertence ao livro do alfredense Altair Wagner, chamado
Alfredo Wagner: Terra, água e índios. No livro também encontrei algumas
informações acerca da gruta:
Propriedade: Ivan Andersen
Geologia: arenito –
calcário
Latitude: 27o41’618”
Longitude: 49o25’071”
Dimensões: Trata-se de um
abrigo com área de 650m2 e com uma cachoeira de 25m, A entrada é de
30m. o piso é praticamente todo plano, com pé direito médio de 2,6m e largura
máxima de 20,5m.
O autor também deixa registrado como foi seu primeiro contato com o
abrigo dos índios “ Em 1948, quando
visitei pela primeira vez, havia lindos estalagmites e estalactites, hoje
infelizmente, restam poucos e quebrados. Pelas suas dimensões e
características, este sitio merece que se faça sondagens e pesquisas. É muito
bonito” (2002, Wagner).
Evandro, Suzanne e eu ainda fizemos um picnic antes de retornar para casa. Durante todo o passeio tivemos
uma guia de quatro patas – que pode ser chamada de Caramelo ou Mel. A cachorra
nos acompanhou até a gruta, brincou conosco e até mesmo lanchou com a gente.
Foi um domingo incrível!
Sem dúvidas é mais um lugar precioso de nossa cidade, que fascina pela
natureza, arqueologia e geologia.
2 Comentários
Oi Carol!
ResponderExcluirMeu nome é Diego e trabalho no Cecav (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas). Em setembro estarei aí em Alfredo Wagner para procurar e catalogar as grutas do município e vi que vc conhece bastante a região. Gostaria de saber se vc pode nos ajudar com essa missão...
Por favor entre em contato pelo e-mail diego.bento@icmbio.gov.br
Show de lugares com certeza vou conhecer.
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