Meta Schelemper Klauberg

Por Carol Pereira
Data de nascimento: 12 de dezembro de 1921
Data de falecimento: 11 de janeiro de 1973

Uma das “parteiras” mais lembradas de nossa cidade nasceu no Rio Caixão – no município de Alfredo Wagner - no ano de 1921 e lá viveu até seu pai adquirir terras no Hamburg e para lá se mudar com toda a família – ela tinha 7 irmãos. A família vivia da agricultura e Meta ajudou os pais até se mudar para o Rio Adaga, onde foi trabalhar como empregada na casa do pastor da igreja Evangélica da comunidade. Como era no Rio Adaga que se concentrava a maior parte da comunidade evangélica da cidade, era lá que ficava a paróquia.
Foi no Rio Adaga, enquanto trabalhava na casa do pastor que ela conheceu Bertoldo  seu futuro marido. O casal vivia da agricultura e tiveram 8 filhos. Meta sempre foi muito calma e paciente e isso lhe ajudou na criação e educação das crianças. Aos 38 anos que descobriu uma vocação que a acompanharia até o último dia de sua vida: parteira.
Tudo aconteceu quando sua filha Bertolina de apenas 16 anos, começou a sentir as primeiras dores de seu primeiro parto, Meta foi ajudá-la. Como não conseguiram encontrar nenhuma parteira disponível ela mesma teve que realizar o parto da filha. Foi um parto complicado... Bertolina estava apenas com 7 meses de gestação, tanto a mãe quanto a jovem estavam assustadas. Assim que Dona Meta retirou o primeiro bebê – uma bela menininha – teve uma surpresa, existia mais uma bebê aguardando sua vez de vir ao mundo. A mãe ficou impressionada, mas mantendo a calma, acalmou a filha e fez o parto da segunda netinha. As gêmeas Enia e Enisia foram as primeiras crianças que vieram ao mundo pelas mãos de sua avó.
Logo a notícia de que Dona Meta sabia fazer partos se espalhou e ela passou a ser requisitada por vários pais que estavam aguardando a chegada de seus bebês. Ela tinha uma espécie de agenda onde marcava quais os partos previstos para cada mês e quando as mulheres entravam em trabalho de parto os pais – ou alguém da família – ia até a casa da parteira para apanha-la. Em sua agenda Meta registrou oficialmente a realização dos partos de 825 crianças, porém ela só passou a registrar os partos após já estar realizando a função a algum tempo, desta forma estima-se que ela tenha realizado mais de 1000 partos entre os anos de 1959 e 1973.
Durante os 14 que atuou como parteira apenas o parto de duas mulheres ela não conseguiu realizar, tendo que ir buscar ajuda no hospital de Bom Retiro – já que em Alfredo Wagner ainda não havia um hospital – foi lá que em conversa com o médico ela aprendeu a usar algumas injeções que ajudavam a apressar os partos, pois até então ela utilizava apenas ervas e a espera podia se estender por horas. Em diversas vezes Dona Meta chegou a realizar mais de um parto por dia. Ela acompanhava a futura mamãe desde as primeiras dores até depois da canja – era costume naquela época que assim que a mulher começasse a sentir as primeira dores uma galinha gorda fosse apanhada no quintal e morta, assim se fazia uma canja que era a primeira refeição da nova mamãe após o parto. Foram inúmeras noites que Dona Meta passou acordada acalmando e cuidando de suas pacientes. Ela não cobrava pelos serviços realizados, mas as famílias sempre lhe davam algum presente, que iam desde roupas, mantimentos, enfeites, até mesmo animais vivos, mas na verdade isso não importava tanto, ela exercia a profissão por prazer.
Naquela época existiam mais algumas parteiras na cidade e elas se dividiam para atender toda a população da cidade – as outras parteiras se chamavam: Clara, Cristina e Matilda.
A profissão de parteira era uma das mais importantes do antigo Barracão, levando em consideração a quantidade de filhos que as famílias costumavam ter e a falta de hospital na cidade. Mesmo após a construção do hospital algumas pessoas ainda preferiam que as crianças viessem ao mundo de forma mais íntima, na própria casa, e para isso contavam com a experiência e a ajuda de Meta, que sempre muito calma, atenciosa e gentil ajudava as crianças a chegarem ao mundo!
O último parto realizado por Dona Meta aconteceu na manhã do dia 1 de janeiro de 1973, no centro de Alfredo Wagner. Após o parto ela seguiu de ônibus até o Rio Adaga e depois do almoço foi vítima de um infarto fulminante.
Mesmo hoje, depois de 40 anos de sua morte, ela ainda é lembrada pelo povo de Alfredo Wagner e pelas mais de 1000 pessoas que ajudou a trazer ao mundo.
Informações repassadas por:
Bertolina Klauberg Fuck

Entrevista realizada por:
Ana Paula Kretzer
Carol Pereira

Correções:
Ana Paula Kretzer.




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8 Comentários

  1. Schelrmper é o sobrenome da minha mãe ela nasceu em Bom Retiro Santa Catarina em um lugar chamado Rio do Caixão se chama Ester Schlemper ainda vive filha de Evaldo Schlemper e Elisa Anderson.

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    1. minha falecida mãe tambem era schelemper e veio de bom retiro sc.

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  2. Parabéns pelo documentário.fico feliz que pessoas se interessam em relatar algumas das inúmeras realidades de Alfredo Wagner.

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  3. Parabéns pelo documentário.fico feliz que pessoas se interessam em relatar algumas das inúmeras realidades de Alfredo Wagner.

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  4. Que história linda! Essa mulher era um anjo na vida das grávidas. ☺❤

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  5. Meu pai que era irmão dela sempre nos falava dessa tia maravilhosa. Meu pai faleceu depois dela. Era o imão mais velho da familia. Eles eram 8 irmaos e duas irmãs. Meus avòs. Emanuel Schlemper e Anna Beppler. Eles tinham 10 filhos no total.

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