Acordamos bem cedo e o termômetro marcava -4 graus, temperatura ideal
para você sair batendo perna pela rua. Certo?
Tomamos nosso
café da manhã e Hugo nos levou para a rodoviária, para pegarmos nosso ônibus.
Enquanto íamos de ônibus, ele pegou um trem, para nos encontrar lá.
Eu ganhei um
prêmio de pessoa mais azarada em transportes públicos, pois dessa vez sentei ao
lado de um cara, que esse sim, tinha o recorde de pessoa mais fedorenta do
mundo. Esse era sujo, imenso e roncava até acordado – coitado, acho que ele
tinha um grave problema respiratório. Ele era muito fedido. Tentei cochilar,
mas ao ver que eu dormi ele começou a tirar selfie comigo, percebi, mas fiz de
conta que ainda tava dormindo, pois eu não conseguiria brigar com ele em uma
língua que ele compreendesse. Para completar o sujeito começou a soltar gases,
MUITO, MAS MUITO FEDIDOS. Comecei a fazer ânsia de vomito, muita, meus amigos
me jogaram uma sacola e ele percebendo que havia sido por causa dos seus gases,
levantou e saiu.
Quando chegamos
em Hamburgo o nosso ônibus foi parado, revistado, todas as malas passaram pelo
raio x, pegaram nosso passaporte. Parece que eles receberam alguma denúncia e
procuravam por algo. Hugo também já havia chegado e estava a nossa espera, assim
que fomos liberados saímos e nem esperamos para ver o desenrolar da história,
pois já tínhamos perdido uns 40 minutos.
Antes de
começarmos o tour fomos em busca de um café, para nos esquentarmos, pois a
temperatura permanecia 4 graus abaixo de zero. Estávamos passando menos frio do
que no dia anterior, pois tínhamos colocado pelo menos mais uma camada de roupas,
só assim evitaríamos a hipotermia.
Foi nessa
cafeteria que Eva Schneider esteve muito presente. Aquela ideia do “The new
adventures of Eva Schneider” foi muito comentada. Escolhemos nomes para personagens,
pensamos em enredos e sai dali com muitas ideias, que não vejo a hora de ter
tempo para colocar no papel.
Saindo dali nos
encantamos com os canais formados pelo Rio Elba e já iniciamos a sessão de
fotos, seguindo para a prefeitura.
A Rathaus é prefeitura da cidade e fica em uma
região muito central, ideal para conhecer a pé. Em volta do prédio há várias
ruas cheias de lojas e comércios. O prédio da prefeitura em si é lindo, cheio
de mínimos detalhes decorativos e com uma torre central no edifício.
Dali fomos caminhando até o porto e desfrutando da paisagem.
Hamburgo é a segunda maior cidade da Alemanha e foi dessa cidade que a maioria
dos imigrantes alemães partiram em busca de uma vida melhor. Queria ter mais
tempo ali, para poder realizar algumas pesquisas para a minha dissertação, que
trata exatamente da cultura Alfredense, criada a partir da cultura trazida
pelos imigrantes.
No caminho passamos pela Casa de Opera a Elbe Filarmônica,
recém-inaugurada (janeiro/2017) Elbphilarmonie e que já virou um clássico em
Hamburgo. Presente em tudo quanto é fotografia o edifício é atraente e moderno.
Foram anos e milhões de euros gasto na construção. O prédio é formado por duas
partes. A base é um antigo galpão portuário, o Kaispeicher A, que ganhou reforços
na estrutura para suportar o moderno edifício envidraçado no topo.
No porto, Eva
entrou em pauta mais uma vez, posando para uma foto, onde cerca de 100 anos
atrás ela embarcou no navio que a trouxe para o Barracão. Quando escrevi essa
história eu não pensava que teria a oportunidade de conhecer Hamburgo tão cedo.
Foi uma experiência marcante. Adorei.
O frio estava
apertando, muito vento no porto, então resolvemos ir em busca de um restaurante
para almoçar. Encontramos um Italiano, que estava com uma promoção, qualquer
massa, ou qualquer pizza por 6 euros. Um achado. A comida era uma delícia e foi
o menor valor que pagamos em uma refeição durante toda a viagem. Mais barato
até mesmo que no MC.
Saindo de lá
tínhamos a intenção de ir até um antigo campo de concentração que ficava nos
arredores da cidade, mas não teríamos tempo. Então decidimos passear pelo
porto.
A extensão do
porto da cidade é incrível e é uma das melhores pedidas para dar um bom
passeio. Há escadarias, uma estrutura muito bem preparada para as pessoas
caminharem, correrem ou simplesmente observarem o movimento portuário.
Depois passeamos
por uma rua semelhante ao Ligth District de Amsterdam, cheio de prostibulo e
sex shops, entramos em alguns e vimos objetos muito esquisitos. De lá partimos
para perto da rodoviária, já que não existia mais muito para fazer, já que
estava anoitecendo.
Visitamos algumas
lojas de sapatos, depois paramos para um chopp, matando tempo antes de pegar o
trem. Dessa vez fui sozinha no banco, graças a deus sem nenhum fedorento ao meu
lado.
Chegando em
Bremen, passamos no mercado, para comprar produtos para que o Hugo cozinhasse
um strogonoff delicioso. Após a janta ficamos conversando com a Dorian -,
holandesa que também mora na república do Hugo. Aliás a mesca cultural daquela
casa é enorme, tem gente da Holanda, Malásia, Tanzânia e Brasil.
Após a janta
fomos assistir “A rapariga que roubava livro”, digo “A menina que roubava
livros” e a experiência de assistir um filme daqueles na Alemanha foi
fantástica. A escolha não poderia ter sido melhor, eu nunca tinha assistido o
filme – provavelmente nunca mais assista, pois praticamente morre todo mundo.
O sentimento que
tenho perante extremismos como o do nazismo é de profundo repúdio, não da para
entender como um ser humano – vários no caso – consegue pensar que matar alguém
por causa da sua raça, cor ou credo pode ser algo correto. Me dói muito pensar
em todas as pessoas que morreram por uma guerra que não era delas, muitas vezes
sem nem ao menos saber qual era o objetivo da luta. Enfim, chorei de soluçar, e
agora não estou sendo a Carol exagerada e sim, falando exatamente o que
aconteceu.
Minha última
noite na Alemanha, foi marcada pela indignação, pelas guerras no passado. E
pela esperança... a mesma esperança e força que fez com que os alemães
reconstruíssem suas cidades e levassem a vida em frente, apesar de muitas vezes
carregarem no coração a falta, a saudade e dor por ter perdido alguém de forma
tão cruel.
A Alemanha me
surpreendeu, pela sua organização e beleza. Pela hospitalidade de seu povo
disposto e trabalhador. Quero voltar!
Leia
o próximo dia clicando aqui
Para
ler o relato anterior clique aqui
0 Comentários