Depois do café da manhã reforçado, seguimos para o tour organizado por
Hugo – diga-se de passagem o melhor guia de Bremen, que eu conheço. Estava
muito frio, -2 graus e andar na rua não era algo fácil de se fazer.
Para contar um
pouco sobre o tour, vou tomar emprestada algumas partes de um artigo publicado
pelo Hugo em seu blog - http://brasischland.blogspot.com.br - a bem da verdade, todas as informações
foram tiradas de lá, então se você adorar, elogie o Hugo.
Para você se
situar, se nunca ouviu falar em Bremen, lá vai algumas informações: Assim como
Berlin e Hamburgo, Bremen é uma cidade-estado alemã, independente. Seu
território consiste na própria cidade de Bremen e Bremerhaven, que fica na
costa ao norte separada da cidade principal por 65 km através do estado da
Baixa-saxônia. Está localizada na região noroeste da Alemanha e é uma cidade
média para os padrões brasileiros, com cerca de 550 mil habitantes, o que a
torna a décima cidade alemã mais populosa. Seu nome oficial é Freie Hansestadt
Bremen, e faz referência a sua participação na Liga Hanseática da era medieval.
A cidade também representa um importante centro turístico, de negócios e de
pesquisas na região da Europa Central.
Começamos nosso
tour pela estátua do Elefante, que foi inaugurado como monumento Colonial em
1932 pelo governo alemão, depois da Alemanha ter perdido suas colônias, após a
primeira guerra mundial. Anos mais tarde foi revertido para movimento
anticolonial e o prefeito de Bremen se desculpou pelas atrocidades cometidas
pela Europa na África. Alemanha, juntamente com os ingleses, foi um dos
colonizadores da região da Namíbia. Outra curiosidade é que existe uma lenda
urbana que diz que embaixo do elefante tem um bunker.
Continuamos com destino ao Bürgerpark, que é o
maior parque público da cidade. Um lugar realmente lindo! Na parte mais ao
norte do parque fica o Unisee, um lago muito frequentado durante o verão, e na
parte mais ao sul fica o Parkhotel, em frente a um lago de um azul profundo.
Saindo de lá
fomos caminhando para a parte mais antiga da cidade. Passamos por uma uma
estátua de 1974 do escultor Peter Lehmann que representa um cuidador de porcos
com seu cachorro e os porcos passando pela rua Sögestraße - a rua onde a
estatua está hoje-, que era um lugar onde passavam muitos porcos para serem
vendidos fora da cidade na idade média. Tiramos até uma foto em cima dos
bichos!
Nos encantando com as paisagens, com as pontes que
cruzavam canais e até mesmo com um moinho de vento que parecia estar no país
errado, mas rendeu belas fotos. O moinho faz parte do Bremer Wallanlagen, que é
um parque que cerca toda a Altstadt – lembram de Frankfurt né? Significa algo
como cidade velha.
Chegamos ao Marktplatz, que na era medieval era o
ponto central de negócios da cidade onde havia todo o tipo de barganha. Hoje é
o centro da Altstadt onde ocorrem os mais variados eventos culturais, inclusive
Weihnachtsmarkt, a típica feira de natal alemã.
Lá se concentram alguns ícones da cidade, que
tivemos o privilégio de conhecer, como a Catedral de St. Petri, que é o prédio
mais alto da cidade, o início de sua construção data de 789 - o que torna essa
catedral mais antiga que o Brasil! -, desde então passou por inúmeras reformas.
A última reforma aconteceu no começo do século XX e foi financiada por um rico
comerciante de Bremen chamado Ludwig Roselius.
De acordo com a história, a Igreja quis fazer uma
homenagem a Roselius em retribuição ao investimento, mas ele, como um mecenas
apaixonado, não aceitou nenhum tipo de retribuição. Mesmo assim a Igreja
resolveu dedicar um pequeno espaço para ele numa imagem em uma das portas da
Catedral. A imagem representa um episódio da Bíblia e Roselius aparece como um
homem com um martelo na mão olhando para fora da obra.
Saindo da igreja
fomos até a Spuckstein. Não se assuste ao ver algumas pessoas parando e
cuspindo sobre uma pedra no chão próximo a Catedral de Bremen. A pedra marca o
local onde ocorreu a última execução pública na cidade. Em 1831 foi
guilhotinada a serial killer Gesche Gottfried depois de confessar ter causado a
morte de 15 pessoas por envenenamento. Cuspir sobre a pedra mostra repúdio pela
assassina. Deixe sua marca quando estiver passando por lá. Nós cuspimos, muito
embora eu não saiba se concordo com a ação ou não. Inclusive me babei toda e
fiquei pensando que talvez seja ela o fantasma da casa do Hugo.
Depois paramos na
icônica estátua dos músicos de Bremen - O famoso conto dos irmãos Grimm também
têm seu monumento dedicado na Altstadt bem ao lado da prefeitura. A história
dos quatro animais que partiram para Bremen com o objetivo se tornar músicos
ficou famosa, e apesar deles nunca terem chegado a cidade, o governo local
decidiu erguer a estátua em 1951 cedendo as reivindicações dos turistas que se
perguntavam porque em Bremen não havia uma estátua dos Músicos de Bremen. Hoje
é o local da cidade mais visitado por turistas, porém não muito apreciado pelos
cidadãos que acham a estátua de um estilo um pouco duvidoso. Dizem que é
preciso tocar as duas patas do burro com as duas mãos para dar sorte. É claro
que a gente fez isso!
O prédio da
prefeitura fica bem em frente ao Marktplatz. Foi construído entre 1405 e 1410 e
é um ótimo exemplo de arquitetura gótica, hoje tombado como patrimônio mundial
da humanidade pela UNESCO. No porão da prefeitura há uma adega que vende vinhos
de todas as regiões do país.
Outra curiosidade
- e polêmica - da prefeitura é que durante a reforma protestante na Alemanha
uma imagem foi cunhada na parede do prédio mostrando um homem sentado sobre o
Papa com uma espada enfiada na bunda (???!!!).
A Estátua de
Roland também fica na Marktplatz bem em frente à prefeitura e foi erguida em
1404. Roland foi um paladino que serviu o imperador do Sacro império
Romano-Germânico, Carlos Magno. O monumento representa a independência de
Bremen como cidade-estado. Segundo a lenda, o dia que a estátua cair será o dia
que Bremen deixará de ser livre e, por isso, também dizem que há uma réplica da
estátua no porão da prefeitura para substituir a estátua original caso alguma
coisa aconteça.
A estátua é tão importante para a cidade que
durante a Segunda Guerra Mundial foi construído um bunker de concreto ao seu
redor para protege-la das bombas.
Na ida para o porto Hugo nos contou um pouco sobre
o símbolo da cidade. O povo de Bremen é bem orgulhoso do seu estado de
independência e esse espírito separatista gerou uma certa competição com o
porto vizinho, Hamburgo - É meio Rio e São Paulo, sabe? -. Essa rivalidade se
estendeu ao futebol também, quando o time de Hamburgo joga contra o Werder
Bremen é comparável a um Flamengo x Vasco no Maracanã. Essa rixa é bem antiga e
há até uma história engraçada: Bremen tem como símbolo uma chave, o símbolo da
cidade de Hamburgo é um portão e os cidadãos da cidade dizem que é porque o
porto de Hamburgo é o portão para o mundo, já os cidadãos de Bremen dizem:
“Hamburgo é o portão para o mundo, mas nós temos a chave”.
Para chegar até o porto passamos pela
Böttcherstraße, que já foi uma das principais ruas da cidade e ligava a região
portuária com a praça central, mas foi se degradando com o passar dos anos. No
começo do século XX Ludwig Roselius - ele de novo - decidiu reforma-la com a
ajuda do artista Bernhard Hoetger. No fim, a reforma mostrou duas arquiteturas
distintas: de um lado, prédios no estilo alemão clássico e do outro as
construções são em estilo impressionista. Hoje a rua é um ponto turístico
importante com museus, lojas, hotéis e restaurantes.
Outra curiosidade é que na entrada da
Böttcherstraße, há uma escultura dourada chamada Lichtbringer - aquele que traz
a luz - assinada por Hoetger que representa um guerreiro lutando com um dragão.
Na época do Partido Nazista o rosto na imagem era semelhante ao de Hitler, mas
depois da guerra ele foi modificado para não se parecer mais com o antigo
Führer.
Ao final da rua chegamos ao Rio Weser. É possível
fazer passeios turísticos de barco pelo principal rio da cidade. Hoje o porto
fica em Bremen Nord, a parte norte da cidade, e o porto próximo a Altstadt é
apenas turístico. O rio tem uma área reservada para o lazer, onde há até uma
praia de areia e, como tem águas limpas, está sempre muito frequentada durante
o verão.
O Bremerhaven, é geograficamente, um exclave da
cidade-estado de Bremen e seu nome significa literalmente “Porto de Bremen”.
Fica na costa do Mar do Norte, cerca de 45 minutos de trem de Bremen, e é o
segundo porto mais importante da Alemanha, ficando atrás apenas de Hamburgo. O
distrito abriga um zoológico e alguns museus muito interessantes, como o
Klimahaus e o Museu da Imigração, que não visitei, mas teria vontade. Muitos
dos imigrantes que vieram para Santa Catarina saíram da cidade de Bremen.
Depois passamos por Schnoor. O bairro mais antigo
de Bremen fica nos arredores da Altstadt e hoje é um reduto cultural, com
muitos restaurantes e ateliês. No passado era o local onde viviam as pessoas
mais pobres em casas pequenas, ruas estreitas e, claro, sem coleta de esgoto.
Nos dias atuais ainda conserva algumas ruas e casas da época medieval, além de
ser um dos lugares mais charmosos - e caros - da cidade.
Nesse ponto eu estava congelada. A temperatura
tinha baixado ainda mais e parecia que meus dedos iam cair.
Pegamos um bonde e fomos para um restaurante
asiático, o Seamoon, no Viertel. Là comemos muito bem, eu comi um pato assado
delicioso, com uma porção bem farta! Quando terminamos andamos mais um pouco na
rua mas já era hora de Thomas ir para sua casa, então tínhamos que passar na
casa do Hugo para ele apanhar suas coisas, agradeci, pois eu não tinha mais
condições de ficar na rua.
Hugo fez janta para a gente, comemos Chili,
delicioso, diga-se de passagem. E para pegarmos nosso refri ou cervaja gelada
era só abrir a porta da sacada da rua e apanhar. Pois para gelar as bebidas
basta coloca-las do lado de fora.
Para finalizar o dia, assistimos muitos episódios
de Friends e eu e Hugo colocamos o papo em
dia.
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