2017 - São Paulo - Prêmio Professores do Brasil



O ano de 2017 foi o meu ano. Ele começou meio mal das pernas, parecia que não seria um ano bom, mas ele foi. Foi perfeito em vários sentidos. Lancei dois livros, ganhei espaço para mostrar meu trabalho, me libertei de aflições diárias que não me faziam bem e para fechar o ano ainda tive a oportunidade de participar pela terceira vez do Prêmio Professores do Brasil, sendo premiada na categoria regional, ganhando reconhecimento, 7 mil reais e uma viagem para a Irlanda que irá acontecer em maio de 2018. 

Para nós professores o reconhecimento é algo que faz muita diferença em nossas vidas. Reconhecimento vira incentivo para sermos ainda melhores e também de inspiração para que outros professores busquem por novas maneiras de passar o conhecimento.

Ganhar um prêmio é muito relativo, por si só não prova nada. Não diz que somos melhores que os outros, de forma alguma. Tenho colegas que desenvolvem trabalhos infinitamente melhores que o meu como um todo, que cumprem sua função principal, que é a de passar o conhecimento e maneiras para se chegar até ele de forma excepcional, e que não se preocupam em participar de premiações ou algo do tipo. Gente que certamente me serve de parâmetro, inspiração e exemplo! Mas para mim, Carol Pereira, ganhar um prêmio desse calibre faz toda a diferença.  Ainda mais pelo que a pequena Eva Schneider representa em minha vida e pela forma como saí da escola, praticamente chutada pelo governo do estado, quando extinguiu meu cargo.
Partimos no domingo cedo para Floripa, para então pegar o avião para São Paulo. Chegamos ao destino final no meio da tarde e já estávamos com a agenda cheia – o legal desses encontros é conhecer as outras realidades, como por exemplo a do pessoal que já havia saído de casa na quinta feira, para só chegar ao destino no domingo.

Após o almoço fomos para o quarto para nos prepararmos para a entrevista que cada um dos premiados daria para a TV Escola. Óbvio que eu estava muito nervosa, pois morro de vergonha de falar em frente às câmeras, ou falar para o público em geral. A gravação seguia um roteiro simples, baseada em algumas perguntas:
1 - Nome da escola onde desenvolveu o projeto, bem como o estado/município em que está localizada.
2 - Nome do projeto e que segmento de ensino ele atendeu/atende.
3 - Explicação sucinta sobre o projeto (de onde ele surgiu, objetivo, como foi desenvolvido o processo de trabalho, quais atividades foram realizadas, que conteúdos foram abordados, curiosidades).
4 - O desafio enfrentado por você, professor, na realização do projeto.
5 - O que o projeto deixou de lição. Ou seja: qual foi a conquista dele?
6 - Você pretende dar continuidade ao projeto? De que forma?
7 - Uma mensagem para que outros professores compartilhem suas experiências.
Era muito simples, mas a hora da gravação mais parecia um parto, me deu vontade de sair correndo e chorando. Mas o jeito foi tomar um fôlego e fazer de conta que estava achando normal aquela luz e aquela câmera na minha cara. Estou ansiosa para ver o resultado, que tem chance de ser catastrófico.
Após a entrevista saímos para dar uma volta pelo bairro e encontrar algum mercado para comprarmos algumas besteiras e abastecermos nosso frigobar. Depois jantamos no restaurante do hotel e fomos dar uma volta pelo bairro. Nosso hotel o WZ Hotel Jardins - fica ao lado da Oscar Freire, que dispensa comentários e que destoa da São Paulo que eu conhecia. O local parece que fica em outro pais. Um fato engraçado é que saímos do hotel sem celular, com medo de ser assaltados, mas não sabíamos que íamos passear pela Oscar Freire, onde provavelmente seus frequentadores tinham medo era de a gente assaltar eles, já que não combinávamos muito com o ambiente. Voltando ao hotel foi hora de dormir para se preparar para a semana que viria pela frente.

O dia seguinte era o mais aguardado, pois a tarde estava marcada a nossa festa de premiação. Logo que acordamos, recebemos a notícia de que eu e as outras professoras que representavamos o estado de Santa Catarina, éramos capa do Diário Catarinense, o maior jornal do estado. Foi legal!
 Pela manhã tivemos algumas palestras, que de certa forma ajudaram a me conformar com o resultado da tarde. Nossa professora – que eu adorei, mas que pelo que vi não agradou a todos – comentou que nós e os avaliadores, devemos analisar não apenas se o aluno chegou ao ponto final, mas onde ele chegou a partir de onde saiu. Muitas vezes o ponto de partida não é o mesmo e então analisar se o aluno chegou ao ponto final ou não é injusto. É o princípio simples de equidade que nem sempre colocamos em vigor. No prêmio, aparentemente eles usam essa regra.

A tarde a expectativa estava a mil, era hora do nosso momento de gala, de recebermos nossos troféus pelo trabalho que desenvolvemos com centenas de crianças durante nosso trabalho.
                O evento ocorreu na Sala Mário de Andrade na Praça das Artes, o local é super antigo e foi mantido dentro da Praça, com sua arquitetura original. Antes de começar, assistimos ao show de um quarteto de música clássica. Muito bom, mas sabem aquele desenho antigo do Mickey – ou pica-pau -  tentando apagar o fogo que consumia tudo embalado por uma música do Chopin? Então, eu sentia a mesma agonia, só que ao invés de apagar o fogo eu estava tentando controlar a minha ansiedade.

                O dia também foi de reencontro. A minha querida amiga Paula Teixeira foi assistir à celebração e foi muito, muito legal ter alguém que significa tanto para mim na plateia. Nossa vida paralela já comentada tantas vezes em Garopaba estava em voga aquele dia, era como se tivéssemos em uma cerimônia de entrega do Oscar, mas tenho que agradecer que não tínhamos uma câmera em nossa cara na hora do resultado final, pois eu realmente não sei que cara fiz.

                A premiação é um momento que sempre emociona muito. Chorei de felicidade quando a professora do meu lado ganhou o prêmio nacional em sua categoria. Eu não lembro o nome dela, mas ela era uma cidadezinha do Rio Grande do Sul, escola do interior, como as muitas que existiam aqui em Alfredo, nas quais minha mãe dava aula. Foi emocionante ver que o trabalho dela foi reconhecido nacionalmente. Aquela conquista alegrou meu coração de tal forma, que não vencer a etapa nacional foi apenas um detalhe.
                Experiências assim nos fazem conhecer outras realidades, a aprender a sermos menos egoístas, insatisfeitos e individualistas – para o caso daqueles que ainda estão em etapa de aprendizado, como eu.

                O coquetel após a cerimônia foi um luxo. Champanhe rolando solto, alguns petiscos, música boa. Tudo ótimo. Aproveitei a oportunidade para apresentar a Paula para uma professora de Rondônia que desenvolveu um projeto com as detentas de lá. Achei lindo, a paixão com a qual a professora lutava pelo direito delas, de terem acesso à educação. Da paixão com a qual ela falava dos avanços daquelas mulheres que muitas vezes são esquecidas. Óbvio que a Paula também adorou o projeto e ficamos por um bom tempo conversando com a professora e com a sua diretora. Sem sombra de dúvidas um papo edificante.
                Ficamos lá... conversando e aproveitando para conhecer melhor meus companheiros de viagem para a Irlanda. Foi uma festa muito animada, mas acabou cedo. Então fomos para o hotel e decidimos que iríamos sair para jantar, já que o alto do coquetel eram os garçons mantendo as taças cheias, logo, estávamos varadas de fome.

                Fomos em um bar que tinha samba ao vivo, na Vila Madalena. Samba de qualidade, que perdemos quase todo pois a parte onde serviam comida era separada da pista de dança. Pegamos só umas duas músicas, depois o DJ embalou o povo com sucessos dos anos 90, entre eles até mesmo ouvimos: “Bate forte o tambor galeraaa”.
                Voltamos para o hotel e o próximo dia também seria cheio, pois iríamos logo cedo para o instituto Península, onde fomos recebidos como verdadeiros campeões.  Lá assistimos a uma palestra emocionante com Rodrigo Mendes.
Aos 18 anos de idade, ele ficou tetraplégico — sem movimentos do pescoço para baixo — após levar um tiro durante um assalto. Desde então, tornou-se um nome importante na luta pelos direitos de inclusão daqueles que têm alguma deficiência e fundou o Instituto Rodrigo Mendes. Você deve o conhecer, pois ele se tornou a primeira pessoa com tetraplegia a pilotar um carro de corrida usando comandos cerebrais. O veículo foi especialmente projetado pela equipe de tecnologia da TV Globo, como parte da campanha "Tudo começa pelo Respeito", lançada pela emissora em 2016, em parceria com Unesco, Unicef, Unaids e ONU Mulheres.

Após nos emocionarmos com a palestra, fomos conhecer as dependências do Instituto Península, que é o local onde vários atletas olímpicos treinam diariamente.

A tarde foi hora de mais palestras. Começamos a assistir um filme chamado “Vermelho como o céu”, mas não finalizamos, pois não deu tempo.
Jantamos e depois eu e Dona Nazaré, fomos jantar novamente na casa de sua cunhada, que mora ali pertinho.

No outro dia fizemos um city tour pela cidade, o mesmo que eu já havia feito em 2014, quando participei pela 2ª vez do prêmio. Passamos pelo centro, paramos no Colégio e depois fomos almoçar em um restaurante ali por perto. Depois seguimos para o Museu de Arte Contemporânea - MAC USP, para uma visita relâmpago, onde seguimos direto até o terraço para observarmos parte da cidade. Única coisa do museu que vimos foi um gato de pelúcia gigante, logo na entrada. Antes de voltarmos para o hotel paramos para uma foto na estátua em homenagem aos bandeirantes. O Monumento às Bandeiras é uma obra em homenagem aos Bandeirantes, que desbravavam os sertões durante os séculos XVII e XVIII. Foi inaugurada no ano de 1953, fazendo parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.
No hotel finalizamos as palestras, com cada um fazendo um breve relato sobre seu projeto. Sem dúvidas esse momento é um dos mais importantes do prêmio, pois permite uma troca imensa de experiências, alimentando nossa imaginação, pensando em soluções e ideias para projetos.

A noite saímos para celebrar nossa última noite e reencontrei a Marianna – More – que não via fazia anos. Aparentemente não estávamos com muita sorte, pois tivemos que ir em 3 lugares, até encontrar um lugar para a gente ficar. Acabamos indo a um karaokê, onde jantamos e dançamos.
Mais uma vez foi maravilhoso participar dessa grande festa da educação nacional. Foi uma oportunidade única para conhecer gente bacana e ter ótimas ideias para o futuro.






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