A ilha de Anhatomirim
A ilha de Anhatomirim ("pequena ilha
do diabo" em língua tupi), está situada na baía norte da ilha de Santa
Catarina, atual município de Governador Celso Ramos, no litoral do estado de
Santa Catarina, no Brasil.
Nesta ilha rochosa foi construída, no
século XVIII uma das mais imponentes fortalezas do sul do Brasil: a de Santa
Cruz de Anhatomirim, que, restaurada, constitui-se hoje uma das mais
expressivas atrações turísticas de Florianópolis.
A fauna marinha é rica, com ouriços,
estrelas-do-mar e peixes variados. Uma das grandes atrações são os muitos golfinhos
que nadam em suas águas. Três pequenas praias arenosas completam o seu litoral.
Seu relevo é bastante modesto: a altitude máxima é de 31 metros acima do nível
do mar e a vertente norte apresenta o mais forte declive. Entre a ilha e o
continente a profundidade é inferior a 5 metros, sendo intenso o processo de
sedimentação.
A Ilha de Anhatomirim está contida na Área
de Proteção Ambiental (APA), e a exploração de seus recursos naturais é
severamente limitada pelas leis municipais.
Turismo
A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim,
é um monumento tombado como patrimônio histórico e artístico nacional, desde
1938. Foi restaurada na década de 1980, passando a sediar estações de
aquicultura e oceanografia, exposições de artesanato e de arqueologia, ligados
à Universidade Federal de Santa Catarina, e, nos últimos anos, tem sido
incorporada a campanhas educativas e turísticas, visando a divulgação do
aspecto histórico e cultural das construções militares do litoral sul
brasileiro. Atualmente a expressiva visitação à Ilha, especialmente por meio de
escunas, alcança a cifra de 123 mil pessoas por ano.
Localização:
A Fortaleza está
localizada na Ilha de Anhatomirim, na entrada da Baía Norte, Município de
Governador Celso Ramos, Santa Catarina. Pode-se chegar a esta Fortaleza através
dos serviços de escunas que fazem passeios marítimos na região, partindo de
diferentes pontos do centro de Florianópolis: próximo à Ponte Hercílio Luz,
Trapiche da Beira Mar Norte e da Praia de Canasvieiras. Ainda é possível chegar
ao local saindo da
BR-101, no km 185,
Tijuquinhas, junto à ponte sobre o rio Camarão, e percorrendo cerca de 8 Km até
a Praia do Antenor, onde há sempre algum barqueiro disponível para a travessia
de aproximadamente 600 m até a Ilha de Anhatomirim.
História
Historicamente a ilha de Santa Catarina
foi um dos primeiros locais do litoral sul do brasil a sofrer o processo de
ocupação pelos europeus. A partir do século XVII passou a existir uma
preocupação da Coroa Portuguesa que lhe atribuía grande importância estratégica,
uma vez que Desterro (primitivo nome de Florianópolis) constituía-se num
importante ponto de apoio no trânsito para a Região do Rio da Prata.
Projetada e construída pelo brigadeiro
José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739 —
1745), a Fortaleza de Anhatomirim foi o vértice inicial do triângulo defensivo
da barra da baía norte da ilha, integrado pela Fortaleza de São José da Ponta
Grossa e pela Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, iniciadas em 1740. Esse
sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição
de Araçatuba, na barra da baía sul, iniciada em 1742. Juntas, tinham a função
de proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil,
e atuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a
Colônia do Sacramento.
Sua construção teve início em 1739 e foi
concluída cinco anos mais tarde. Sua arquitetura tem traços de influência
renascentista. Fica em uma ilha com espessas muralhas e seus edifícios se
distribuem de maneira esparsa em diferentes níveis. A maioria dos materiais
utilizados na sua construção é da própria região com exceção feita aos
elementos de cantaria e ao “lioz” – espécie de mármore português existente nas
soleiras das portas, escadarias e algumas bases dos canhões.
A ilha de Anhatomirim era particularmente
interessante pelo fato de possuir ancoradouro seguro para uma esquadra de
navios de guerra, e o porto que a protege permite a entrada de navios com 300
toneladas.
A ilha de Anhatomirim e sua fortificação
foi conquistada e ocupada durante a invasão espanhola da ilha de Santa
Catarina, no início de 1777. A região somente voltou ao domínio português com o
Tratado de Santo Ildefonso, em Outubro do mesmo ano.
Historicamente, a Fortaleza de Santa Cruz
não foi utilizada do ponto de vista bélico nem mesmo durante a invasão
espanhola de 1777. Após este episódio, o sistema entrou em descrédito e passou
a ser progressivamente abandonada. Em 1884, durante a Revolução Federalista,
serviu de prisão e base de fuzilamentos de revoltosos contra o governo de
Floriano Peixoto. No ano de 1907 passou a pertencer ao Ministério da Marinha,
voltou a ser utilizada como prisão em 1932 no desfecho da Revolução
Constitucionalista. Funcionou como base até o final da Segunda Guerra Mundial
quando apareceram novas tecnologias bélicas, tornando-a obsoleta como unidade
militar. Foi desativada, mas a Marinha manteve vigilância até a década de 1960
e a partir desta data foi abandonada e depredada.
Em 1979, a Universidade Federal de Santa
Catarina fez um convênio com o Ministério da Marinha e assumiu a guarda e
tutela da Fortificação de Santa Cruz e começou o processo para restauração das
ruínas históricas. Em 1984, foi possível a sua reabertura para visitação
pública, mas somente em 1991 o “Projeto Fortalezas” conseguiu concretizar a
restauração completa da Fortaleza de
Santa Cruz de Anhatomirim.
Caminhar pelos gramados que circundam a
ilha , observar os detalhes das construções , saborear pratos típicos no
restaurante é sem dúvida uma ótima opção de turismo, e que ainda possibilita um
contato com a nossa história.
O canal entre Anhatomirim e o continente,
chamado Baía dos Golfinhos, é o lar permanente de um grupo de 120
golfinhos-cinza que podem ser observados do barco, mas recomenda-se manter
distância para não importuná-los, evitando assim , que migrem para outro local
mais tranqüilo.
Entre os edifícios mais significativos da
fortaleza destacamos:
Casa do Comandante – é do tipo câmara e cadeia, uma espécie de
sobrado bastante comum nas casas da administração do Brasil Colônia. Esta casa
foi a primeira sede do Governo de Santa Catarina, onde residiu Silva Paes.
Quartel da Tropa – uma construção de grande destaque que
representa o auge da imponência das obras de Silva Paes. O estilo clássico,
determinado por contornos retos, telhas coloniais e doze arcadas térreas
apresentam tal apuro de proporções e detalhes, que raramente deixava de ser
mencionada por viajantes europeus em seus diários.
O lado obscuro da fortaleza
Olhada com certo tabu pelos habitantes
mais velhos de Florianópolis e região , por sua história sempre relacionada com
a invasão espanhola em 1777, na qual não teve a menor utilidade defensiva,
mesmo porque não houve resistência em nenhuma parte.
Todo o sistema de defesa montado para
defender a Baía Norte não passou de um grande fracasso, um erro estratégico
imperdoável. A distância entre os fortes era de 6 Km, enquanto o canhão de
maior calibre tinha um alcance máximo de 2 Km. Em 1777, uma esquadra espanhola,
adentrou o canal com 20 vasos de guerra, 97 navios mercantes, 674 canhões, 12
mil homens e mantimentos para 6 meses de cerco. Ocuparam a ilha e só foram
embora no ano seguinte, após a assinatura do tratado de Santo Idelfonso, no
qual Portugal sedeu a província de Sacramento (atual Uruguai) em troca de
outras terras, entre elas a Ilha.
Mas o episódio que mais contribuiu para
essa lembrança triste que se tem da ilha é o fato de ter servido como presídio
político em 1894 , durante o governo republicano de Floriano Peixoto . Para lá
foram mandados 185 cidadãos da vila do Desterro, como era chamada
Florianópolis. Esses homens favoráveis à criação de uma federação dos estados
brasileiros, foram fuzilados sem nenhuma chance de defesa judicial. Durante a
revolução constitucionalista em 1930 , governo de Getúlio Vargas, a fortaleza
voltou a servir como presídio político.
Curiosidades e lenda
·
Nenhum
tiro foi disparado de qualquer um dos canhões da ilha
·
A
árvore dos enforcados faz parte do Folclore da Ilha de Anhatomirim. A
árvore é um araçazeiro, que segundo a lenda teria sido o local do enforcamento
e fuzilamento de dezenas de prisioneiros no final da Revolução Federalista, em
1894, quando Anhatomirim transformou-se num verdadeiro presídio.
·
Muito
embora existam dúvidas, o tema estimula o imaginário dos visitantes, bem
como o dos guias da Fortaleza, com histórias sobre fantasmas e outras
supertições.
·
Lenda
do túnel – conta-se a lenda que quem passa pelo túnel da ilha muda de sexo.
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