Em um dia[1]
em que a nostalgia machucava o coração, Eva saiu para cavalgar com seu fiel
companheiro. Naquele dia os cascos de Artigas batiam forte nas pedras do
estreito caminho que levava às montanhas do alto rio Caeté, onde Eva esperava
abrandar uma saudade pulsante do pai falecido e de uma mãe que sequer conheceu.
Quando já
estava no alto, desceu do cavalo, à beira de uma linda cachoeira, para que
pudessem beber água. Ao se abaixar escorregou e acabou caindo atrás da queda
d’água e desmaiou. Algum tempo depois ela acordou e percebeu que estava em uma
caverna e curiosa começou a percorrê-la. Ela viu uma forte luz ao fundo da
caverna, e motivada pela curiosidade e enfrentando o medo continuou. Quanto
mais ela se aproximava mais forte a luz ficava, então atravessou o enorme
clarão e se deparou com um lindo jardim, com índios em harmonia com o homem
branco, negros e judeus, que pareciam ser orquestrados por uma belíssima jovem
loira que emanava paz. Quando Eva se aproximou a emoção tomou conta dela, a
empatia entre ambas foi tão grande que parecia de uma vida toda. Eterna, como
disse que podia ser chamada, contou que aquele era um mundo onde todos eram
tratados da mesma forma, não havia diferenças entre raças, religiões e classes
sociais Apresentou Eva a todos e passaram várias horas juntas, mas a garota
percebeu que precisava voltar para casa caso o contrário seus tios ficariam
preocupados.
Eva foi a
caminho de Eterna e se despediu:
- Adeus Eterna,
nunca me esquecerei de você!
- Eva... Eu
preciso lhe contar algo: eu sou...
- É o que
Eterna?
- Eva eu sou
sua mãe.
Eva estava
confusa, chorava muito emocionada. Agora ela podia ver, a luz que emanava de
eterna, fazia com que ela não tivesse percebido, mas realmente a mulher se
tratava de sua mãe.
- Eva? Eva
acorde, Evaaaaa!!
Dizia Ceci em
desespero. Com a demora da amiga, ela e Sabú tinham resolvido ir procurá-la,
encontraram Artigas sozinho e resolveram procurar por Eva, também a encontrando
tempos depois, caída com a cabeça sangrando.
Eva acordou
meio atordoada, não sabia se aquilo que vivera havia sido um sonho, uma
alucinação ou se realmente havia acontecido. Ela olhou a caverna vazia, mas
estava um pouco tonta e não conseguia raciocinar direito.
Com a ajuda dos
amigos ela foi para casa, estava estranha... Pensativa...
No dia seguinte
fez muitas perguntas ao tio, sobre sua mãe.
O tio contou
que ele era o irmão mais velho de 3 filhos e a mãe de Eva, Esther, era a
caçula. Eles tinham 18 anos de diferença e logo ele saiu de casa, então não
conviveu muito com a irmã.
Eva tinha um
outro tio, que se chamava August, que nem ela, nem ninguém sabia o paradeiro.
Albert conta
que a irmã foi uma criança linda, loira, olhos azuis, muito branquinha e também
muito esperta e que apesar deles conviverem pouco, sempre tiveram uma forte
ligação, sendo assim trocavam muitas cartas.
Eva perguntou
se podia ler as cartas da mãe, Albert enrolou os bigodes e disse:
- Nem todas! No
entanto há uma que eu gostaria de te mostrar!
“ Querido irmão venho contando novidades.
Finalmente eu e Friedrich realizaremos nosso maior sonho. Estou
grávida e minha alegria é imensa. Lhe escrevi assim que soube, mas como ainda
não obtive resposta, resolvi novamente te escrever.
Já estou grávida de 7 meses, quando estiveres lendo isso,
provavelmente já terás um sobrinho ou sobrinha.
Particularmente espero que seja uma menina e se assim for quero
chamar de Eva. Espero que ela cresça saudável e feliz e que tenha uma infância
tão boa quanto a que eu tive. Que tenha liberdade para descobrir coisas novas,
que monte a cavalo, tenha mais contato com a terra, sinto falta da Pomerania.
Sei que parece um sonho distante, mais eu gostaria que Eva te
conhecesse. Já chamo o bebê de Eva, para mim é certo que será uma menina!
Gerar esse bebê é ter a certeza que tenho dentro de mim a pessoa que
mais amarei no mundo e que ficarei junto dela, até o final de meus dias e
acredito também que ficarei junto dela até depois disso. Ainda nem conheço seu
rosto, mas o amor que sinto já é maior que tudo.
Mande lembranças para Matilda e August, diga que sinto saudades e
sonho com o dia em que nos reencontraremos para que eu possa lhes apresentar a
minha Eva.
Beijos de sua saudosa irmã Esther Schaffer Schneider”
Eva terminou de
ler com os olhos cheios de lágrimas, ela nunca tinha lido nada escrito pela mãe
a seu respeito, sabia que a mãe a amava e que ela tinha sido muito desejada,
mas ler aquilo lhe deixou muito feliz. Foi como se ela estivesse mais perto da
mãe do que nunca.
Ela deu um
abraço no tio que também chorava, tomado pela emoção e pela saudade da irmã.
Ele ficou com Eva no colo, pensando que o desejo de sua irmã se cumpriu, ele
conheceu a sobrinha, ela vivia perto da terra, era uma criança, feliz, livre e
muito interessada em aprender coisas novas, além de ter um coração puro.
Eva saiu novamente
a cavalgar e foi até a cascata onde caiu no dia anterior, ela sentiu novamente
aquela paz e embora não tenha visto nada de diferente pôde sentir que sua mãe
estava junto dela.
[1] A primeira parte do texto é baseado no texto
produzido pela Aluna Helena Cabral, nas aulas do projeto “As Aventuras de Eva
Schneider” aplicado aos alunos das séries iniciais no ano de 2016, na Escola de
Educação Básica Silva Jardim pela professora: Carol Pereira.
1 Comentários
amei, obrigada
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