Cânion Espraiado


No último sábado dia 03 de junho participei de uma trilha, com o grupo Anunnaki Trilhando, no Cânion do Espraiado na cidade de Urubici, onde o frio contribuiu para deixar o passeio pelos campos da serra ainda mais autêntico.
Cheguei a Urubici as 3:30 da manhã e as 5:40 já estava acordando para dar início aos mais de 20 km de trilha que nos levaram até um dos lugares mais bonitos que já conheci.
O acesso ao cânion fica mais ou menos a uns 40 km do centro de Urubici. O Espraiado tem uma localização privilegiada, estando entre a Serra do Corvo Branco e o Campo dos Padres.
O nevoeiro que teimava em fazer parte da paisagem deixou tudo ainda mais bonito e não impediu que contemplássemos os vales, paredões, cachoeiras e os picos das outras montanhas que davam um ar especial ao local.
Contratamos um guia para nos levar até a borda do Cânion e logo cedo, antes das 8 da manhã o encontramos. Dani nasceu em Israel, mas tem sotaque francês e é muito calmo, permitindo que caminhássemos em nosso ritmo. Além dele dois dogs se juntaram a nosso grupo, a Gaia e o Lobo, um cachorro que é famoso por aquelas bandas, em quase toda postagem ou vídeo sobre o local a gente vê ele citado ou aparecendo nas imagens, como por exemplo naquele vídeo radical do pessoal praticando Highline lá em cima.

Fomos de carro até o Refúgio de Montanha Rio Canoas e depois iniciamos nossa subida. A geada cobria a paisagem e logo no início do nosso trajeto tivemos que atravessar um pequeno riacho, a ideia de cair dentro dele naquele frio fez com que todos tivessem ainda mais cuidado, evitando assim de passar o dia inteiro molhado.

Essa primeira etapa é realizada ao longo da margem do Rio Canoas que em alguns trechos é bem pedregoso. Se por um lado tínhamos o rio para contemplar do outro, imponentemente se encontrava a Pedra da Águia, uma estrutura de arenito com mais de 100 metros de altura. Ficamos sabendo que dá para ir até seu cume, mas infelizmente isso ficou para a próxima vez. Precisávamos continuar nossa caminhada.

O primeiro pedaço do hiking é feito pela estrada, que acredito que só é vencida por carros 4x4 – ou quem sabe o fusca do Evandro - depois passamos também pela RPPN Leão da Montanha, a sigla refere-se a Reservas Particulares de Patrimônio Natural e seu objetivo é a preservação da fauna e flora da região incluindo o nosso Leão Baio. A paisagem é bem bonita, pelo meio das araucárias ou imensas pastagens com búfalos. Não vou negar que senti um pouco de medo quando estávamos passando pela estrada e dois deles começaram a brigar no meio de alguns arbustos, provocando assim um barulhão de mato amassado, os bichos são imensos e se eles avançassem mais alguns passos eu pularia a cerca - não com tanta rapidez quanto a Rejane, é claro, que já estava até tirando a mochila – na ilusão de que uma cerca seria capaz de segurar um daqueles bichos enfurecido.

A primeira imagem do Cânion já nos deixa boquiabertos, ele se revela após uma longa subida e ao observa-lo percebesse que realmente, todo o esforço valeu a pena. Andamos mais uma pouco e chegamos ao Morro da Antena, a partir desse ponto a caminhada foi pelo meio do mato.
Já no platô do Cânion encontramos as turfeiras, tipo de vegetação conhecida para quem anda pelo alto da Serra Catarinense, nesse momento uma bota impermeável faz toda a diferença, mesmo assim é possível sentir a humidade do solo.

Ao chegamos em um pequeno riacho pegamos um atalho para ter a vista de um local incrível. Duas cachoeiras fazem com que o lugar se torne ainda mais bonito e da borda de uma dela é possível ter uma vista deslumbrante do vale que se forma no fundo do Espraiado.

De lá seguimos até a borda do Cânion e foi puro encantamento, que já começa no trajeto. Como já mencionei a neblina contribuiu para deixar todo o cenário ainda mais repleto de beleza, inspiração e paz. Era como se estivessem à beira de um mar de águas brancas e calmas. Ver a neblina subindo calmamente pela borda era um convite a reflexão.
Sem dúvidas o local é um dos mais belos da Serra Catarinense e ganhou meu coração.

Na volta o sono travava uma batalha árdua contra meu corpo e em cada parada que fazíamos eu cochilava, deitada no chão, mas sem dúvidas os mais de 20 km caminhados valeram a pena. Foi um dia perfeito.
A noite para recuperar as energias ainda fomos desfrutar da gastronomia serrana em uma pizzaria da cidade.

Urubici me passa algo místico – não sei se é exatamente essa a palavra que quero usar, mas é algo assim. Eu sinto a força de seu passado, sinto uma energia diferente que sempre me leva reflexões e me traz paz. 

Fotos: Alexandre Brandão e Bell Marduk 



















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