Para diversificar o conteúdo do meu blog, convidei meu amigo
Hugo - que também tem um blog http://brasischland.blogspot.com.br/ e escreve muito bem - para escrever um relato sobre sua semana na Espanha, onde ele reencontrou
o sol, encantou os mendigos e levou tapas de realidade. Ele prontamente aceitou
e o resultado e você pode conferir...
Saímos de
Bremen numa quinta-feira com destino a Madri. Março é o fim do inverno aqui na
Europa, mas pra mim, que sou Rio, parece que o inverno nunca acaba. A primeira
grande diferença que eu notei ao chegar
na Espanha é a falta de gente loira que nós vemos o tempo todo na Alemanha e
como todo mundo falava muito alto comparado com os nórdicos. Latinos, né? Eu já
estava me sentindo em casa. Compramos o ticket do metrô e fomos para o albergue no centro de Madri. Depois de
atravessar umas 20 estações em três linhas do metrô, chegamos ao nosso destino.
Do quarto eu ouvia uma eterna falação na rua, quase aos gritos. Coloquei a cabeça
pra fora para ver o que estava acontencendo. Nada estava acontencendo, os espanhóis estavam apenas conversando normalmente (bem alto), como
sempre fazem.
Palácio Cibeles: sede da prefeitura de Madri |
Logo depois
fomos à Puerta del Sol encontrar o Ale, um outro amigo brasileiro que mora em
Madri. A Puerta del sol é o ponto mais central da cidade. Com o Ale nós fomos
num bar/restaurante de tapas onde eu comi o croquete de queijo mais delicioso
da minha vida com uma cerveja muito boa. No dia seguinte, fomos ainda de manhã
para a Plaza Mayor nos encontrar com a nossa guia espanhola para um tour
gratuito pela áreas históricas do centro da cidade. O tour foi longo, cerca de
3 horas e muito interessante. Aprendemos bastante sobre a história da Espanha e os pontos mais interessantes
da capital, como o Palácio Real e o restaurante mais antigo do mundo. Apesar do
tour ser gratuito, no fim todo mundo dá uma gorjeta. Eu dei apenas 5 euros,
porque era o que estava ao alcance do meu orçamento de estudante, mas todo o
grupo sempre tem uma família de japoneses que compensam os demais com suas
gorjetas generosas. Durante o passeio também compramos ingressos para um tour
de tapas no dia seguinte.
Plaza Mayor e Palácio Real |
A noite
fomos à casa do Ale, onde a mãe dele fez um delicioso jantar pra gente. Foi
muito divertido e a comida estava ótima. Fazia muito tempo que eu não comia
bacalhau! No fim, cada um tomou uma garrafa de vinho enquanto conversávamos e
ouviámos música brasileira dos anos 80. De lá partimos para a Chueca, o bairro
boêmio de Madri, parando em alguns bares no meio do caminho. No dia seguinte,
uma leve ressaca, mas nada crítico. Saímos para comer os churros espanhóis
deliciosos e visitar o Museu do Prado, um dos mais importantes da Espanha, e
ver um pouco mais da cidade.
Puerta de Alcalá e Museu do Prado |
Madri é uma
cidade realmente linda. Ao visitar a capital a gente consegue ter uma idéia de
quão rico foi o império espanhol. Apesar do inverno, todos os dias estavam
ensolarados, o que tornou tudo mais agradável. No fim do dia fomos ao tour de
tapas. No começo achamos muito barato o valor do evento: 12 euros para visitar três bares de tapas com
bebida e tapas a vontade. Claro que estava barato demais. O nosso guia era um
super picareta e os bares bem fuleiros. Os tapas e as bebidas nao eram realmente
bons, mas foi engracado ver a cara de todo o grupo de turistas meio “putz”
hahaha. No fim, foi divertido e conhecemos gente de vários lugares do mundo, Argentina,
Portugal EUA, Nova Zelândia, Chile…
Domingo foi
o dia de ir para a rodoviária e pegar a estrada rumo a Barcelona. A paisagem da
Espanha é bem mais montanhosa do que o norte da Alemanha e muito mais seca.
Ainda havia neve em alguns lugares. Uma parade em Zaragoza para o almoço e
continuamos a jornada. De repente, o espanhol (castelhano) é substituído pelo
catalão (uma mistura de francês com espanhol) e as bandeiras da Espanha davam
lugar as flânulas da Catalunha. Estávamos chegando. Primeira parada, Albergue
Sant Jordi Hostel Rock Place, sem dúvida o melhor hostel que eu já fiquei na
minha vida. Ambiente super organizado e limpo, atendimento excelente e
barato.
Inverno é
sempre baixa temporada em cidades litorâneas como Barcelona. Não deu pra ver
tudo que a cidade pode oferecer, mas mesmo assim deu pra perceber que é um lugar
incrível. Assim que chegamos, fomos comer uma paella. Apesar do dono do
restaurante ser indiano, estava muito boa. No dia seguinte fomos a mais um tour
gratuito e aprendemos bastante sobre a história de Barcelona e da Catalunha, e
entedemos também um pouco esse sentimento separatista dos Catalães. Era engraçado
como o catalão parece até a língua do Mussum: sucos = sucs, verduras =
verdures, frutas = fruites.
Mirante do Parque Güell |
Museu de arte da Catalunha |
Visitamos
ainda a cidade olímpica, construída para os jogos olímpicos de 1992, o Museu de
Arte da Catalunha, a Sagrada Família (em eterna construção), o mirante no
parque Güell (com a melhor vista da cidade) e algumas outras obras de Gaudí que
estão espalhadas por toda a cidade, um charme extra para Barcelona. Após alguns dias de severo controle de gastos, João e eu resolvemos
relaxar um pouco e, como ele bem colocou, ter uma noite de ricos. Decidimos comer um verdadeiro menu
de tapas num autêntico restaurante espanhol. Nossa noite de ricos comecou tendo
que andar três quilômetros até o restaurante para poupar tickets do metrô, no
caminho vimos um bar com cerveja a dois euros e resolvemos passar lá depois do
jantar. No restaurante pedimos o menu mais barato, mas com direito a uma
sangria (eike riqueza). Depois voltamos no bar e descobrimos como já estava
muito tarde, a cerveja agora custava 4 euros e bebemos apenas metade do que
pretendiamos. No fim, voltando para o albergue, eu tive uma crise de riso no
metrô por causa de uma piada do João e as pessoas a nossa volta começaram a rir
a também, mesmo sem entender o que estava acontecendo, inclusive um mendigo que
nos ofereceu vinho, em inglês, é claro. Em resumo, nossa noite de ricos foi uma
forma da vida mostrar que não devemos tentar ser ricos se não temos dinheiro
pra isso. Saímos para comer tapas e levamos um tapa de realidade.
No último
dia ainda conseguimos ver a praia, comer mais uns tapas e tomar sangria. Depois
de uma semana de sol, voamos de volta para a Alemanha determinados a voltar a
Barcelona no verão. Foi uma viagem bem divertida.
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