Chegando em Montevideo foi como se estivéssemos chegando em casa,
parecia que tudo ia melhorar. O apartamento era bom, com um banheiro e um
chuveiro decente. Na primeira noite resolvi não sair de casa, tentei comer um
purê de batatas – sem êxito e sem sal como tudo em Montevideo– e depois dormir.
Ainda tive muita febre a noite toda e no dia seguinte parecia que eu queria
beber toda a água do mundo. Murilo ia voltar para casa naquele dia, mas antes
precisávamos resolver nossos problemas com a UDE. A visita a universidade foi
melhor do que esperávamos, fomos bem recebidos e eles concordaram com nossos
problemas e reconheceram que era falha deles, saímos de lá mais aliviados e com
a nossa dissertação encaminhada.
Nos despedimos de Murilo e fomos almoçar no Mercado Del Puerto. Como
sempre a comida estava uma delicia e a animação ficou garantida por parte de um
grupo mexicano que cantava de mesa em mesa e na nossa encontrou o que queria,
gente disposta a entrar na brincadeira... as meninas cantaram e dançaram e de
fato foi muito divertido. Na volta do mercado encontramos com Vanessa e sua
prima que também estavam em Montevideo para resolver alguns pontos com a UDE.
A noite eu fui obrigada a juntar todas as minhas forçar e ir até ao
Pony assistir ao show do Koko, afinal, somos suas maiores fãs. O Pony é sempre
incrível e apesar de eu estar um caco e não poder beber foi muito divertido.
Até dancei! Fui embora cedo, mas feliz por ter reencontrado o Pony e velhos
amigos como o Agustin e Koko. A noite voltei a ter febre no dia seguinte sai
para almoçar com Denise e depois fiquei na cama – aproveitei para assistir os
capítulos atrasados de Além do Tempo. A noite as meninas saíram e eu fiquei em casa sem nada conseguir
aliviar minha febre, mas o pior era que o remédio que eu tomava para a febre
não me deixava comer, o que com o passar do tempo me deixou muito fraca. A
noite tive um sonho muito estranho onde alguns incas e uns anciãos faziam uma
espécie de ritual para me curar, foi tenso, pois acordei sem saber se tinha
sido um sonho ou se realmente tinha acontecido - ainda tenho dúvidas, mentira.
No dia seguinte eu e Denise seguiríamos para Buenos Aires, eu nunca
tinha feito a travessia do Rio de La Plata e tinha uma certa expectativa quanto
a como seria a balsa do Buqbus. Primeiro teríamos que tomar um ônibus até Colônia
do Sacramento, a princípio pensávamos em visitar “La porterita”, mas por conta
das minhas condições abandonamos a missão. A viagem de Montevideo até Colonia
del Sacramento leve cerca de 3 horas e algumas peruanas que também estavam
fazendo o trajeto tornaram nossa viagem ainda mais cansativa, não calavam a
boca nem por um momento e ficaram mais da metade da viagem de pé no corredor,
rindo alto e atormentando a todos. Ao cegar em Colonia fomos fazer nosso check
in e aguardar nossa hora de partir.
A balsa é imensa e dividida em classes, lá dentro tem até um free shop, eu estava tendo um dos meus
colapsos de frio e calor e passei boa parte da viagem de olhos fechados,
torcendo para chegarmos logo. Denise subiu até o alto da balsa e voltou para me
obrigar a subir também e assistir a um pôr do sol lindo, daqueles dignos do
Uruguay.
Carol Pereira nasceu em 1987, em Alfredo Wagner (SC). Apesar de ter encontrado na escrita sua grande paixão, é programadora e professora de formação, mestre em Educação - Mentoring and Leadership in Schools - pela Mary Immaculate College, da Irlanda. Foi vencedora do prêmio Professores do Brasil, organizado pelo Ministério da Educação, em 2013, 2014 e 2017. Finalista do concurso The Ogham Stone, na Irlanda, com seu conto em inglês Cailleach Aoife and the Crows of Ireland. É autora de , _Conhecendo Alfredo Wagner, As aventuras de Eva Schneider – fronteiras entre o amor e a guerra, Limerick e o tempo e As aventuras de Eva Schneider e o livro secreto dos jesuítas e Histórias da Nossa Gente. Atualmente mora no Canadá com seu marido.
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