Floripa - Porto Alegre - Chuí e Cabo Polonio
Meu mochilão não começou nada bem e eu tinha planos de colocar fogo na
minha mochila assim que chegasse em casa. Primeiro que eu não conseguia nem
andar com minhas mochilas nas costas (pesavam 16 kg no total, no início da
viagem), me sentia a Cheryl Strayed, mas não podia tirar nada de dentro.
A aventura começou pegando um bus para Floripa, eu tinha acabado de
tomar a vacina contra a febre amarela e vinha de uma semana na praia, com uma
alimentação nada regrada e uma dor nos rins que eu não sabia explicar a origem.
Meu ônibus atrasou e eu quase perdi o ônibus de Floripa para POA,
chegar a tempo foi uma odisseia, mas se não fosse assim não seria uma viagem
minha, não é mesmo? Só consegui pegar o ônibus por que ele também atrasou.
Nosso ônibus estava sem ar e como fazia um calor extremo tivemos que ir até a
garagem trocar de veículo, o que nos rendeu mais uma hora de atraso.
Durante o trajeto para POA deu para colocar o papo em dia com a Ju e o
Murilo, apesar da dor que me acompanhava foi uma viagem divertida e assim que
chegamos na rodoviária encontramos com Denise e Paty, que já estavam lá a nossa
espera. Jantamos e antes de pegar o ônibus ainda deu tempo de dar um beijo na
Paula e na Aline, que foram até a rodoviária especialmente para me ver.
No ônibus até Chuí o meu drama começou, tive muita dor e febre a noite
inteira, eu não sabia mas estava tendo a reação da vacina contra a febre
amarela. Ju desceu do ônibus em uma parada para comprar remédio e quase ficou,
Denise teve que tentar encontra-la e o motorista quase deixou as duas. Após ser
medicada ainda pudemos presenciar o deslumbramento de Ju com as torres de
captação de energia eólica, foi amor a primeira vista. Falando em amor, Paty
também teve uma relação de amor e ódio com o cara com quem ela dividiu o banco,
amando-o por esquenta-la e odiando-o por espreme-la.
Chegando ao Chuí, foi um choque ver a rodoviária, parecia cena de
filme, um ambiente todo escuro, com um senhor muito idoso vendendo as passagens
com uma lâmpada incandescente em cima da cabeça, era quase assustador... nos
informamos e seguimos até a agencia que nos venderia a passagem até Punta del
Diablo, onde ficamos em uma rodoviária quase tão precária quanto a outra e nos
informaram que o ônibus para Cabo saíria apenas as 14 horas – eram cerca de
7:30 da manhã – então o jeito foi rachar um táxi, encontramos um taxista que
topou levar os cinco e nos apertamos para chegar a Cabo.
Chegando em Cabo logo conseguimos comprar nossas passagens e subir nos
caminhões, eu estava morrendo nem de longe tinha em mim pouco da alegria que eu
sentia da primeira vez que tinha estado lá em janeiro do ano passado. A viagem
foi uma tortura, eu estava com febre e dor, a cada buraco da estrada parecia
meu fim. Chegando ao hostel eu praticamente desmaiei em um sofá na recepção e
só saí de lá para desmaiar na minha cama.
O hostel era super rústico, como tudo em Cabo – nosso hostel não tinha
energia elétrica, o chuveiro não esquentava direito e é claro que internet, nem
pensar. Mas era um lugar encantador, muito aconchegante e com uma magia
especial, como tudo naquele lugar.
Foram dias de muita febre e solidão. Só saí para dar uma volta e ir ao
médico. O lugar ainda continua esplendido, mas eu estava péssima e não pude
aproveitar nada. No primeiro dia fiquei somente no quarto, me trouxeram um
almoço – que nem pude comer – e a noite enquanto eles vinham me contar o quão
legal e escuro estava lá fora eu lutava para não cair em prantos e implorar
para ir embora.
No segundo dia levantei e tomei café, depois fomos dar uma volta até o
farol, antes eu tentei ser atendida por um médico, mas não consegui. Conhecemos um pouco mais do local e por indicação do pessoal do hostel
fomos almoçar em restaurante colombiano, a comida estava uma delícia, mas logo
comecei a passar mal e tive que voltar para a cama. A noite saí para comer
algo, mas enquanto tomava um suco quase desmaiei e revolvi voltar para minha
cama. No dia seguinte iriamos embora.
Fica a vontade de voltar a Cabo e aproveitar tudo o que não consegui
dessa vez. Tomamos um ônibus e seguimos até Montevideo, onde tínhamos reserva
de um apartamento na cidade velha a menos de 4 quadras do El Pony Pisador. A
viagem foi tensa, entre febre e mil paranoias na minha cabeça.
A seguir algumas fotos desse paraíso, que além de lindo tem uma magia toda especial!
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