Carol Pereira -
EEB. Silva Jardim
Na escola onde eu estudei os professores me ensinaram a ser critica,
lutar por meus objetivos, ter uma postura politica firme, me
ensinaram que juntos somos mais, que unidos somos mais fortes, que em muitas
vezes na história para se conseguir algo, sangue teve que ser derramado. Em
outras vezes também, a conquista veio sem violência, mas não
sem sacrifícios. Hoje eu trabalho na mesma escola onde aprendi tudo isso,
e agora é a minha vez de dar exemplo. Parar com a greve agora iria contra tudo
o que meus colegas, (a maioria deles meus ex professores) já me ensinaram, iria
contra tudo o que eu fui criada para acreditar, seria vender minha dignidade
para não ter minha folha de pagamento zerada.
Quando saímos ontem para Ituporanga, eu estava nervosa,
achando que seria o final da nossa luta, iríamos voltar para as salas de aula
com o "rabinho entre as penas", sem termos ganho nada de muito
concreto e tentando acreditar em uma promessa, feita por um cara que não cumpre
nem a uma Lei Federal. Apenas uma certeza eu tinha... se a greve acabasse
ontem, seria minha última greve, pois eu nunca iria aderir novamente a um
movimento que não gerou resultado algum.
Ao chegamos na assembléia ouvimos as palavras de uma pessoa que conheci
agora e, sem nunca termos conversado pessoalmente, despertou em mim grande
admiração pois, através de suas falas, fez com que todos nós sentíssemos
orgulho de pertencer a essa classe muitas vezes tão humilhada. O professor
Osvaldir Olavo da Silva (Vide) devolveu o entusiasmo a muitos de meus colegas.
Ao final de seu discurso, eu via esperança em muitos olhos, e a história
frustrante de voltar com o "rabinho entre as pernas" começou a tomar
outro rumo.
Outras pessoas falaram, muitas recebendo palmas calorosas, outras não
sendo tão felizes em seus pronunciamentos, provocando um furor sem igual em
nossa recente história de greve, e foi ai que surgiu o professor Nazareno que
com poucas palavras, pelo menos para nós do Silva Jardim, firmou a greve! Entre
outras coisas ele disse "Se eu ficar sem dinheiro vendo minha moto, mas
não minha dignidade", outros discursos se seguiram, lágrimas
rolaram.
A greve esta desgastando a todos, estamos exaustos, acuados e
amedrontados, mas ao menos estamos lutando pelo que é nosso de direito,
pelo que acreditamos e pelo justo. Todos estamos nos sacrificando mas
ainda temos nossa dignidade, e manteremos nossas cabeças levantadas, não iremos
nos humilhar por migalhas, vamos valorizar nossa classe e acima de tudo dar
exemplo a nossos alunos, criando assim uma sociedade menos submissa aos
desmandos de governantes sem caráter. Nossa luta é por dignidade.
Carol Pereira
Carol Pereira
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