Essa foi sem dúvida a frase mais
ouvida nos últimos dois dias.
Como podem perceber não tenho
tido tempo de escrever meu diário de bordo, a aula me ocupa todo o tempo e ao
contrário do que alguns de meus amigos tem pensado eu não estou vivendo uma
vida de boêmia no Uruguay.
Como relatei nossa primeira
professora foi um amor, realmente encantadora, falava pausadamente e tinha
muita preocupação em se fazer entender e, em nos entender. Tivemos aula com ela
na segunda e na terça. Na aula de terça ela nos levou para visitar O Museu
Pedagógico José Pedro Varela, que é um antigo internato comandado pela igreja
católica onde as moças que tinha a intenção de serem professoras ficavam
estudando e aprendendo o oficio. O lugar é bem interessante e traz um vasto
acervo de materiais que ajudavam no ensino das ciências humanas e naturais nos
séculos passados. Gostei da visita e pudemos até mesmo escrever com um caneta
tinteiro.
Minha turma se mostra bastante
unida, nos preocupando uns com os outros e colaborando com nossos colegas
sempre que possível, acho que temos um certo espírito de cumplicidade, provavelmente
por estarmos todos longe de casa.
Na quarta-feira o bicho pegou.
Acostumados com a cordialidade de Karina, quase morremos quando nos deparamos
com Doutora Diva. Eu e Diego já havíamos percebido na apresentação dos docentes
que a senhorinha seria osso duro de roer, porém nas primeiras horas da aula
pensei que seria impossível roer aquele osso. Brava e com um espanhol incompreensível,
Diva quase me fez chorar de desespero. Bradava sem parar: poner en la carpeta, poner
en la carpeta, poner en la carpeta!!! Onde está reflexão? La reflexión? Donde
esta la reflexión? Enfim, foi terrível, nos passou mil trabalhos e ontem fiquei
até a meia noite passando meus “apuntes” a limpo para entregar na segunda,
lendo e fazendo um trabalho. Diva me parecia uma megera, até que em algum
momento da aula de hoje meu conceito sobre ela mudou, acho que foi depois de ver
ela rindo ou saltitando, na dinâmica proposta por uma das equipes que
apresentaram o trabalho e, o que seria o previsto aconteceu, me encantei pela
velhinha e queria abraça-la.
Acho que ela pouco me entendia,
mas em alguns momento só eu que compreendia o que ela falava e repassava para a
turma. No final das contas parece que ela foi com a minha cara. Doutora Diva
tem coração.
Não sei se foi a situação de
ontem, onde me senti um pouco perdida na aula ou se é a saudade que estou
sentindo de casa, o fato que estou muito carente – pode ser a TPM também – e com
vontade de chorar, não estou conseguindo falar com ninguém lá de casa, a única pessoa
que me responde esporadicamente é Henrique e acha que quero falar com a mãe
porque preciso de dinheiro. =S
Amanhã temos professor novo, vamos ficar na torcida para que
ela não nos deixe em desespero.
A única coisa turística que fiz nesses últimos dias além de
ir ao Museu foi descer até a rambla e ter a linda vista do imenso Rio de La Plata.
0 Comentários