Por Carol Pereira
Data de Nascimento: 17/04/1935 – Sankt Wendel - Alemanha
Data de Falecimento: 18/07/1997 – Alfredo Wagner – Brasil
A história de nosso mais querido padre começa na Europa, para sermos
mais exatos, na cidade de Sankt Wendel (São Vendelino) na Alemanha.
Aos quatro anos, o pequeno Alfons, viveu os horrores da 2ª Guerra
mundial, a qual devastou toda a região da Alemanha onde ele e a família viviam.
Seu pai e seu irmão mais velho - com apenas 12 anos - serviram ao exército. Ele,
a mãe e a irmã mais nova passaram três anos vivendo em uma espécie de porão, um
buraco na terra fechado por uma porta, chamado de “buncalo”. A família
Hasenfratz sofreu com a guerra. O irmão mais velho de Alfons morreu de fome, em
batalha. Seu pai era funcionário do Trem Federal da Alemanha, sendo assim,
obrigado a servir ao exército. Após ser capturado pelos russos, teve a língua
cortada, tendo que reaprender a falar quando voltou para casa. Poucos anos
mais
tarde também faleceu em consequência dos ferimentos de guerra. O jovem Alfons e sua irmã mais nova foram
criados pela mãe que fez de tudo para educar bem os dois filhos.
O Jovem Alfons sempre soube que tinha vocação para ser padre, desde
criança sabia que queria ser ordenado e que através da igreja ajudaria muitas
pessoas.
No seminário, apesar de ter muita facilidade com os instrumentos
musicais não se dedicava muito a isso, tocando apenas a flauta e o pistão. A
área que mais lhe interessava era a dos idiomas. Alfonso aprendeu ao longo da
vida seis idiomas – Alemão, Inglês, Grego, Latim, Aramaico e já no Brasil, o
Português.
Após ser ordenado padre, veio para o Brasil no ano de 1962, aos 26
anos de idade. A primeira cidade na qual Padre Alfons se estabeleceu foi Anitápolis,
mas
lá enfrentou muitas dificuldades, principalmente por não compreender o
idioma – português – já que Padre Alfons tentava se comunicar com a comunidade
em Alemão. Saindo de lá passou ainda por algumas outras cidades como: Salete,
Wirtmasum e uma breve passagem por São Paulo. Foi na cidade de Wirtmasum que
Padre Alfonso começou a aprender nosso idioma. Ele teve como professora Valdemira
Tenfem, que o ajudou a aprender o português.
Padre Alfons chegou na cidade de Alfredo Wagner no ano de 1973. A paróquia
de Alfredo Wagner tinha a fama de que por aqui não permaneciam padres por
longos períodos. Nos dez anos antes da chegada de Padre Alfonso tinham passado
por nossa cidade doze padres. Porém, Padre Alfonso mudou isso, permanecendo
aqui por 24 anos.
Ele e a comunidade se entrosaram muito bem. Sempre participativo, foi
durante muitos anos mais do que um padre, um grande companheiro dos moradores
de Alfredo Wagner. Sempre tendo a intenção de ajudar e fazer o bem para a
cidade que adotou como sua.
Para homenagear sua cidade natal, após a separação da comunidade do
Rio Engano, Padre Alfonso sugeriu que o nome da nova comunidade fosse São Vendelino.
Ele encomendou a imagem a escultores de Treze Tilhas e presenteou a comunidade
com a imagem do santo padroeiro.
De tempos em tempos Padre Alfonso voltava para a Alemanha e lá
arrecadava fundos para melhorar a infraestrutura das capelas e também para
ajudar as comunidades. Foi com o dinheiro arrecadado pelo padre que mais de dez
pontes foram construídas entre o final da década de 70 e o início da década de
80 – entre elas as pontes de São Vendelino, algumas pontes no Caeté, Catuíra e
Alto Limeira. Ele conseguia o dinheiro através de doações, organizando jogos de
futebol beneficentes e também doando o salário que recebia como pároco na
Alemanha, quando por lá em suas férias era contratado para celebrar algo.
Tanto na Alemanha como no Brasil, Padre Alfons tinha inúmeros amigos,
principalmente nos jogos de futebol, o esporte que ele adorava. Buscava sempre
unir a comunidade para que juntos a força fosse maior e a solidariedade pudesse
acontecer.
Assim que adoeceu e foi se tratar na Alemanha, Padre Alfons tinha
apenas um pedido: Morrer em Alfredo Wagner. Percebendo que o tratamento não
faria efeito ele retornou ao Brasil e aqui junto de sua amada comunidade e de
seus amigos entre eles Valdemira - uma
amiga de toda a vida, que esteve sempre ao seu lado, lhe ajudando não só com o
idioma, mas também a fortalecer a fé do povo alfredense e a construir diversas
obras que até os dias de hoje servem à comunidade – pode repousar em paz.
No dia 18 de Julho de 1997, o povo Alfredense de despediu dele. Uma
Diabetes emocional matou aos 62 anos o alemão que amava Alfredo Wagner como se no
lugar tivesse nascido. Seu corpo está enterrado ao lado do altar da matriz de
nossa cidade e a lembrança de nosso eterno padre continua na memória de muitos
alfredenses que com ele conviveram e aprenderam a fazer o bem.
Mais algumas obras com a contribuição de Padre Alfons:
Imagens de Igreja e das capelas;
Biblioteca do colégio;
Capela do estreito;
Reforma da casa paroquial;
Salão da paroquia.
Informações transmitidas por:
Valdemira Tenfem
Correções: Ana Paula Kretzer
1 Comentários
Parabéns pelo trabalho
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