No Uruguay a gente vive junto durante muito tempo, por conta disso e
da nossa afinidade imensa acabamos gerando uma espécie de irmandade que
certamente vai nos unir mesmo depois que as aulas acabarem. Em março fomos para
Jaraguá do Sul, mas como o nosso encontro se resumiu em rir, assistir GoT,
tomar um café na Nara e beber na sala da Valéria nem cheguei a escrever uma
postagem – fica para quando explorarmos Jaraguá - quanto ao nosso segundo
encontro sou obrigada a deixar alguns registros.
Bom, o local escolhido para o encontro não poderei ter sido melhor,
Lagoa da Conceição. Quando recebi o convite não sabia se daria certo ou não,
mas assim que a data ficou mais próxima comecei a me empolgar e acho que minha
empolgação atingiu a Denise, que no ato comprou uma passagem e em dois toques
estávamos todos de malas prontas para partir para a capital catarinense: Ju,
Valéria, Murilo, Denise, Anderson e eu – e mais Carola e David. As malas são um
capítulo à parte nesse texto, devido ao frio que fazia no estado nas semanas
anteriores a viagem, enchemos nossas malas com casacos, blusas, gorros e botas,
porém o que nos aguardava eram dias de sol e muito calor com termômetros marcando
quase 30 graus em pleno junho, ou seja... desastre.
Fui de ônibus, Murilo e Denise me apanharam na rodoviária para juntos
seguirmos para a Lagoa onde encontramos Ju e Valéria. O almoço foi sushi -
apenas para relembrarmos o Maki da Ciudad Vieja – de lá seguimos para a Lagoa,
mais especificamente na pousada da dona Zilda, uma senhora simpática que aluga
alguns apartamentos para temporada.
Assim que nos estabelecemos e constatamos que definitivamente não
tínhamos roupas, decidimos ir até o bar do Boni. “O Boni é o nosso Pony” logo
virou bordão. O lugar é lindo. Ele fica no final da Avenida das Rendeiras, no
cantinho da Lagoa. O visual é perfeito, gente alegre, música ao vivo, pequenas
embarcações ancoradas ao redor, um deck sobre a água e um pôr do sol que por si
só já faria o dia valer a pena. Ficamos horas lá e só voltamos para casa quando
já havia anoitecido. Durante a tarde eu deixei cair meu dinheiro em uma das
frestinhas do deck, apenas 10 reais, mas a Ju resolveu ir resgatá-lo, o empenho
foi tanto que quando uma moça que estava em um barco ao lado perguntou o que
tinha caído falamos que tinha sido uma nota de 100, ela ficou apavorada e quase
mergulhou em busca do dinheiro, a princípio não conseguimos recuperar, mas com
as marolinhas o dinheiro acabou saindo de debaixo do deck e a Ju na maior cara
de pau se lançou a água, pegou os 10 reais, olhou para a mulher e disse “10 já
recuperamos!”, valia uma cerveja gente!!!
A noite os planos eram de ir para o Jhon Bull, porém resolvemos dormir
um pouquinho antes e os planos viraram pó, o sono foi maior que a vontade e a
cama mais atrativa!
No dia seguinte café da manhã reforçado com omelete pois nossa trilha
para Naufragados prometia. A ida da Lagoa até a Caieira é bem longa, mas por
sorte não pegamos transito.
A Praia de Naufragados está localizada no sul da ilha de Santa Catarina
em uma área de preservação do Parque Estadual do Tabuleiro com 1,5 Km de
extensão. Suas principais características são águas limpas e frias, mar agitado
com areia grossa, tornando-a muito procurada por amantes do trekking e adeptos
do surf. Pode-se chegar até a praia de Naufragados pela trilha – com cerca de 3
km de extensão, nossa opção – ou contratando o serviço de algum pescador que
faz o trajeto com seu barco. A trilha é leve – apesar de Valéria não
compartilhar dessa opinião.
Um pouco de história: O nome da praia surgiu de um episódio ocorrido
naquela praia com um grupo de imigrantes açorianos, em 1753, que, seguindo
determinações da Corte Portuguesa, partiriam em dois navios para o Rio Grande
do Sul. Uma tempestade inesperada na costa da Ilha de Santa Catarina, porém,
fez com que as naus fossem a pique, próximas da ponta de Naufragados,
sobrevivendo apenas 77 pessoas. Algumas contudo, prosseguiram para o Rio Grande
do Sul, outras permaneceram na Ilha.
Eu já conhecia da trilha, já tinha feito ela no ano de 2001, em si ela
não mudou muito, mas lembro que da primeira vez que fui ela parecia muito maior
e quando chegamos a areia da praia estava tão quente que era difícil pisar
mesmo de sandália. Foi um dia muito divertido e impossível evitar a nostalgia
quando estava lá novamente.
Desta vez – assim como da primeira – não fui até o farol. Chegamos e
ficamos na areia, comendo amendoins, tomando algumas cervejas – antes também
não tinha bar lá – e apreciando a paisagem – incluindo o moço lindo de morrer
carregando dois botijões de gás, um em cada mão – tiramos fotos e eu e Denise
fomos caminhar até o final da praia. A vista é linda, de lá da de ver a Ilha de
Araçatuba, Fortaleza Nossa Senhora da Conceição, Ilha Três Irmãs e a Praia do
Sonho. Quando voltamos da caminhada as meninas tinham feito amizade com uma
“nativa” e estavam contratando um barco para nos levar de volta ao estacionamento
onde tínhamos deixado o carro. A volta de barco também é muito linda e sem
dúvidas vale a pena.
Na volta marcamos de encontrar Murilo na igreja do Ribeirão da Ilha –
construída em 1763 -, para darmos uma volta e finalmente almoçarmos – passando
das 17 horas.
O Ribeirão da Ilha não está inserido no roteiro turístico tradicional
de Florianópolis. Mas é imperdível. Na beira do mar, com vista para as montanhas
altíssimas do continente de Santa Catariana, o Ribeirão propicia um passeio
maravilhoso, a arquitetura açoriana e os verdadeiros manezinhos da ilha
característica que se evidencia pelo sotaque e forma de viver. O Ribeirão É o
segundo distrito mais antigo de Florianópolis, depois de Santo Antônio de
Lisboa. Ali se preservam tradições como a Festa de Nossa Senhora da Lapa, a
produção das rendas de bilro, das canoas e baleeiras, dos balaios e cestos de
cipó. O Ribeirão também me deixou nostálgica, relembrando os muitos verões que
passei lá com meus tios e primos, inclusive das dores de ouvido que tive depois
de passar um verão inteiro mergulhando, pulando da redonda e saltando do
trapiche do ostradmus que na época estava em construção.
A noite retornamos para a Lagoa, encontramos Carola – amiga de Ju que
ficou com a gente - e não tínhamos como escapar da programação noturna, que
seria Forró. Antes de ir eu conheci a famosa Jurupinga e não demorou muito para
estar dizendo a famosa frase “Não te juro amor, te juro pinga”. Bem, forró não
é bem a minha praia mas até que foi bacana. Fomos ao forró São Jorge e deu para
dançar, conhecer gente diferente e se divertir.
No dia seguinte deu vontade de fingir que não ouvimos quando Murilo
bateu a porta, devido ao sono, mas passou e logo estávamos prontos para ir para
a Barra da Lagoa. Mais um lugar maravilhoso da Ilha de Santa Catarina, o dia
estava lindo, céu azul com um sol que lembrava dias de verão. Ficamos lá,
tomando algumas cervejas, colocando o papo em dia e esperando eternamente por
Anderson, para finalmente matarmos um pouco da saudade. Durante a espera
comemos uma sequência de camarão deliciosa e confesso que esperar não foi nem
um pouco difícil, o dia estava muito agradável. Quando Anderson chegou
finalmente conhecemos David e o aprovamos. Ficamos mais um pouco e por ali e
como Murilo tinha compromisso no continente resolvemos ir até a Lagoa para
fugir um pouco do congestionamento. Lá nos despedimos dele e seguimos para
encerar a noite no Bar do Boni.
A noite Ju, Val e Carola foram para o Jhon Bull mas eu não tinha força
para mais nada, a não ser abrir uma garrafa de um vinho chileno delicioso – há
controvérsias – que a Ju trouxe e admirar a encenação do boneco doido. Elas
seguiram para o Jhon e eu e Denise ficamos fazendo analise.
No domingo fomos dar uma caminhada pela lagoa, aproveitar um pouco
aquela paz que só ela consegue transmitir. Carola foi correr e acabou se
acidentando, por conta disso antecipamos nossa volta para casa e resolvemos
preparar nosso almoço no apartamento para depois encontrar com os meninos. Após
almoçar e organizar as coisas seguimos para o sambaqui.
Eu acho que não conhecia aquela região de Floripa, Santo Antonio de
Liboa e o Sambaqui e obvio que assim que der certo terei que explorá-la melhor,
pois é muito linda e histórica. Sambaqui é um bairro tradicional e bem
intimista o que fechou com chave de ouro nossa viagem.
Ficamos no Bar Pitangueiras e conhecemos a namorada do Murilo que
assim como David me pareceu muito simpática.
Como tudo que é bom dura pouco o nosso feriadão já estava acabando e
meu ônibus quase partindo, nos despedimos e renovamos nossa irmandade. Tenho
certeza que esse foi apenas mais um de muitos encontros que ainda virão. Lets
go to las vesgas! =)
A viagem também serviu para eu estrear a minha nova companheira de viagem, se quiserem é só dar play e conferir o resultado, em um vídeo com os melhores momentos do feriadão.
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