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O colóquio incluía um roteiro muito
interessante, que nos fez aprender de uma maneira inovadora e ainda conhecer um
pouco mais sobre as belezas e peculiaridades do Uruguay.
Através do itinerário, a proposta era
descobrir o território e sua dinâmica de mudança.
O clima também favorece o plantio de
uvas e de oliveiras e nós fomos conhecer, mas antes fizemos uma parada em um
povoado que vive como se estivesse em outro tempo.
Seguimos viagem.
Concentrados na Serra dos Caracóis e
na Serra de Carapé, na província de Maldonado, os solos férteis e os ventos
oceânicos do leste do Uruguai dão condições para a produção artesanal de azeite
extravirgem de altíssima qualidade. Além de exportar o azeite, produtores abrem
suas porteiras – sim lembramos da Valéria - para receber turistas interessados
na degustação.
Na Finca Babieca conhecemos a
plantação – teve gente até comendo azeitona do pé – como é feita a colheita e
todas as etapas de produção do azeite. Foi muito interessante conhecer todas as
etapas de produção e no final tivemos até uma degustação de azeite – me
antecipei e não esquentei o azeite na mão, para deixa-lo mais suave e por conta
disso até hoje sinto o seu gosto em minha boca.
Depois visitamos Bodega y Viñedos
Alto de la Ballena.
Em 1998, o casal Paula Pivel e Alvaro
Lorenzo, decidiram criar uma pequena vinícola. Sem muita experiência, além de
serem consumidores de bons vinhos, eles começaram uma busca por terras
adequadas para o plantio e por mão de obra especializada para a produção de
vinhos de alta qualidade.
A primeira colheita ocorreu em 2005 e
os primeiros vinhos foram apresentados ao mercado em 2007.
Hoje, os vinhos do Alto de la Ballena
são vendidos em lojas especializadas, espaços gourmet e os melhores
restaurantes do Uruguai, principalmente em Montevidéu e Punta del Este –
inclusive encontramos os vinhos em uma loja de bebida pertinho da UDE. Eles
também estão presentes no México, Brasil, Suécia e em outros países da europa.
Almoçamos na Escuela de Alta Gastronomia
"Dr. Pedro Figari". Fica na praia Manza e é um lugar lindo, com uma
comida deliciosa de frente para o mar. Após o almoço eu e Vanessa não
resistimos e fomos até a praia, que convidava a um mergulho, mas não tínhamos
mais tempo, pois tínhamos que “desbravar” Punta.
Charme e elegância definem Punta del
Este. Apesar do luxo e badalação, a cidade não perde o jeito hospitaleiro de
tratar o turista e conta com uma interessante história e arquitetura.
Se você busca algo além de
badalações, praias e cassinos, Punta também é o seu destino! O balneário também
é conhecido pelas belezas naturais. Pode-se investir em caminhadas pela orla e
até mesmo em um passeio pela Isla de los Lobos, onde vivem milhares de
lobos-marinhos e leões-marinhos ou ainda conhecer o farol de 59m de altura. A
paisagem é incrível, uma exuberância natural.
A soma de todos esses atrativos
contribuiu para que multimilionários de todo o mundo construíssem mansões em
Punta, que podem ser vistas em diversos bairros residenciais como o Bervelly
Hills, que evidenciam o alto poder aquisitivo de seus moradores. São casas
imensas, com nomes próprios e lindos gramados que fazem com que você se sinta
em outro continente.
Fizemos uma parada no “Monumento al
Ahogado” que é uma escultura de cinco dedos parcialmente enterrados na areia,
popularmente conhecido como Monumento Los Dedos ou La Mano.
Como todos sabem a escultura é famosa
e tornou-se um símbolo de Punta del Este, desde a sua conclusão em fevereiro de
1982, e, por sua vez tornou-se um dos marcos históricos mais famosos do
Uruguai.
Foi no Museu que a professora Lídia
fez o lançamento de seu livro “Educación en clave para el desarrollo” e nos entregou
o certificado internacional do colóquio.
O último destino do passeio foi para mim
uma experiência única e quase inenarrável.
Casa Pueblo, de Carlos Paez Villaró. Um espetáculo.
Bom, o passeio foi fechado com chave
de ouro e o domingo de muito conhecimento terminou assim.
Tradução do Poema
“Olá Sol ...!
Mais uma vez você
vem para visitar sem aviso prévio. Mais uma vez em sua longa caminhada
desde o início da vida.
Olá Sol ...!
Com a barriga cheia de ouro
fervendo para distribuir entre as moradias e quintas, capelas camponesas,
vales, florestas, rios e aldeias esquecidas.
Olá Sol ... ! Todo mundo sabe que pertence
a todos, mas prefere dar seu calor aos mais necessitados, aqueles que precisam
de sua luz para iluminar a sua casa de folhas, os que de você
recebem energia para enfrentar o trabalho, pedindo a Deus para nunca perdê-la,
para enriquecer seus plantios, e conseguir as suas colheitas.
É que você, Sol,, é o pão de ouro da mesa dos pobres.
Da minha varanda eu vejo você
vir todos os dias como um anel de fogo de rolamento através
de anos, pontual, essencial, incentivando minha filosofia desde o dia em que
comecei a levantar a Casapueblo e coloquei a primeira pedra e o meu primeiro
tijolo.
Eu me lembro que foi um dia de
inflamada tempestade, o mar tinha substituído a cor azul por um cinza empavonado,
no horizonte um veleiro ancorado afiava atento suas velas para escapar da
tempestade, o céu estava cheio dos gritos dos corvos em voo, vi como a rajada
de vento agitava toda a serra, incomodando tanto à doninha quanto a um coelho.
Mas de repente um anúncio
sobrenatural perfurou o céu e você apareceu. Era um sol nítido
e redondo, perfeito e delineado posto sobre o cenário de minha iniciação
com a força sagrada de um vitral de igreja!
Os mesmos braços
de ouro que ao amanhecer iluminam o céu, que se estendem sobre todos os lados,
aqueciam as montanhas, ou apontando para baixo iluminavam o mar.
A partir daquele momento eu senti
que Deus habita em vós, para que a vossa fé
é
por meio de seus raios transmitida a todos os lugares por onde transitava.
Sol ... Olá! Como eu
gostaria de ter compartilhado sua longa jornada presenteado os outros com luz,
porque o teu toque acariciou a vida de mil povos, compartilhando suas alegrias
e tristezas, conheceu a guerra e a paz, impulsionou a oração
e o trabalho, acompanhou a liberdade e fez durar menos a prisão
da escuridão.
Ao seu comando sol, os lagartos
dormem, os girassóis acordam e os galos cantam. Ronronam os gatos vadios, uivam
os cães e outros saem de suas cavernas.
Ao seu comando há
o suor na testa dos trabalhadores, e no corpo das mulheres que cobertas levam cântaros
de água
para a favela. Com toques de seu coração comove o mar, da música
ao plantio, a usina e ao mercado.
Ao seu comando correm em estampido
búfalos
e antílopes, se desperta o leão, se surpreende a girafa, se desliza a
serpente e voa a borboleta. Ao seu comando canta a cotovia, saiu-se do pântano,
acordou o morcego e se mudou o albatroz.
Sol ... Olá! Obrigado por
ter vindo alegrar minha vida como artista. Porque você me fez menos
solitária a minha solidão. É que eu estou acostumado a sua companhia
e se não tenho você, te busco onde quer que estejas!
É por isso que te reencontrei na Polinésia,
quando você foi coroado rei das ilhas de pérola e recifes de coral, ou também
na África,
quando deu um impulso à suas revoluções libertárias
e se refletia no espelho de seus escudos tribais para injetar coragem.
Eu estou olhando e vejo que você
não
mudou, é sol que reverenciavam os Astecas, o mesmo que pintei em minha
peregrinação pela América, o mesmo que envolveu a Amazônia
misteriosa e secreta, o que me iluminou o caminho sagrado de Machu Picchu no
Peru, e nos vales da Patagônia ou territórios dos Sioux e
o Comanche.
O mesmo sol que me levou a Bornéu,
Sumatra, Bali, a Ilhais musicais ou as areias escaldantes do Sahara. A diferença
dos relâmpagos que apenas projetam na noite chicotes de luz do sei
reinado planetário, teus raios permanecem ativos. Algumas vezes a travessuras
de umas nuvens escondem a sua glória, mas quando isso acontece, nós
sabemos que você está lá, jogando oculto.
Outras vezes, porém,
te vemos sorrir quando as gaivotas te usam de papel para escrever as frases em
seu voo.
Obrigado Sol, por invadir a
intimidade de meu entardecer e mergulhar em minhas águas. Agora será
a luz dos peixes e de seu mundo secreto debaixo d'água. Também
os fantasmas que habitam o ventre dos navios afundados nos trágicos
naufrágios.
Obrigada Sol ...! Por nos
presentear com esta cerimonia amarela. Obrigado por deixar meus muros brancos
impregnados de sua fosforescência. Entre rajadas e rajadas, os
ciclones que atravessam tempestades ou tornados, você pode vir aqui
para ir acalmando silenciosamente os nossos olhos.
Porque a sua missão
é
partir para iluminar outros lugares. Operários, estivadores, pescadores te esperam
em outras regiões onde a noite desaparece com sua chegada. E como respondendo
a um timbre mágico despertará as cidades, acompanhará
os filhos até a escola, colocarás em voo a felicidade dos pássaros,
chamará a missa.
À sua chegada, animou-se o andar de seus
trabalhadores, cantarão os vendedores nas feiras, as margens
dos rios se encherão de lavadeiras e entrará a alegria pelas janelas dos hospitais!
Tchau sol ...! Quando em um
instante você se vai por completo e assim morrerá a tarde. A
nostalgia se apoderará de mim e a escuridão
da Casapueblo. A escuridão,
penetrando com seu apetite insaciável debaixo da minha porta, através
das janelas ou qualquer espaço encontrado para infiltrar-se em meu
estúdio,
abrindo campo para as borboletas noturnas.
Tchau sol...! Eu te amo ... Quando
era criança eu queria te alcançar com a minha pipa. Agora que estou
velho, me resigno a lhe suada enquanto a tarde boceja por tua boca de vime.
Tchau sol ...! Obrigado por
provocar uma lágrima, ao pensar que também iluminou a vida de nossos avós,
nossos pais e entes queridos e de todos os que não estão mais juntos a nós, mas que te
seguem e de você desfrutam de outra altura.
Sol ... Adeus! Amanhã
eu vou te esperar novamente. Casapueblo é a sua casa, pois todos a chamam de Lar
do Sol. O sol da minha vida como artista. O sol da minha solidão.
É
que me sinto um milionário em solas, Eu continuo a esperar que
alcance todos os dias o horizonte.”
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