O Casarão


Meus bisavós maternos, Cristiano e Raquel Schlemper Schlichting, residiam a 800 metros da casa de meus avós e de meus pais e a 400 metros do vilarejo cujo nome era bairro do Rio Jararaca. Entre árvores e flores, num belo recanto situava-se majestoso, o lindo casarão. Era um casarão de madeira construído com paredes duplas. Por fora, era de madeira de lei e por dentro era revestido de pinho. Construída em três planos, a parte inferior contava com 10 dependências amplas, bem iluminadas e arejadas. Já a segunda parte, contava com 5 dependências, e a terceira, mais 3 dependências. Essa construção foi executada por um exímio marceneiro de nacionalidade alemã, o senhor Schneider e planejada e dirigida pelo coronel Napoleão Carlos Poeta. O imóvel era uma construção de estilo colonial clássico, gigantesca para a época e levou vários meses para ser construída. Os últimos retoques aconteceram no ano de 1908, no início do século. Por volta do ano de 1921 o casarão foi vendido para o doutor Ernesto Primo, natural de Porto Alegre, um dos diretores proprietários da Sociedade Colonizadora Catarinense, da qual meu bisavô, Cristiano, foi associado. Anexo ao palacete, ficava o escritório da Sociedade. Era uma dependência independente. Esse escritório funcionava pelo trabalho de dois funcionários eficientes e responsáveis: Paulo Schlichting e Antonio Souza. Nos fundos do casarão havia uma piscina com dimensão quadrada, cercada de pedras e com água corrente que vinha da montanha. Naturalmente, era sempre limpa. A água usada em casa era canalizada também da que vinha da montanha. Muito pura e cristalina. Havia também no casarão um banheiro completo, inclusive com banheira, chuveiro, vaso sanitário e lavatório com instalações hidráulicas em perfeito funcionamento. Por volta do ano de 1942 foi adquirido um gerador de energia elétrica para atender as necessidades da casa. A casa também dispunha de telefone como meio de comunicação. Havia também para as necessidades do casarão um marceneiro permanente que cuidava da conservação do prédio e fazia móveis para a reposição. Era ele o senhor Manuel Senhorinha. Duas áreas enfeitavam o casarão; uma em frente, e outra ao lado. A da frente ficava dentro do jardim; era enfeitada por roseiras, trepadeiras cheias de cachos de rosas miúdas cor-de-rosa. Era nesse casarão que se hospedavam os diretores da Sociedade Colonizadora Catarinense quando vinham a serviço porque era precisamente no segundo plano da casa que havia acomodações adequadas para os hóspedes. Eram dormitórios completos. Ao lado direito do escritório da Colonizadora ficava a residência de Paulo Schlichting, funcionário do escritório. Atrás do casarão ficava a grande garagem, onde eram guardados o Trole e o Ford 1928 do senhor Cristiano Schlichting. Quem dirigia esse Ford era o senhor Alberto Schlichting, filho do senhor Cristiano. Esse casarão, pela sua importância, marcou a história da vila daquela época.


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