Desde pequena eu tinha o sonho de
conhecer o Rio de Janeiro, sempre quis isso, pois quando pequena vi uma foto do
meu vô no Cristo Redentor, e achei aquilo surreal, aquele monumento imponente
que aparecia nas novelas da globo... Nossa! Meu avô já tinha ido lá. Era
fantástico, fascinante, um dia eu teria que conhecer aquele lugar.
Então em 2008 ocorreu a gravação
do DVD da Paula Toller, minha idola máster e eu no furor da minha adolescência tinha
que participar desse marco na carreira dela. Porém eu era uma pobre
universitária, sem condições, mas cheia de sonhos. Não sei de onde consegui
dinheiro e eu e meu amigo Luciano Werner seguimos de ônibus para a tão sonhada
cidade maravilhosa.
Doze horas até São Paulo e mais
seis de São Paulo até o Rio... As doze horas de Lages a SP pareciam
intermináveis, o ônibus estragou antes de Curitiba, um senhor afrodescendente
acima do peso (vulgo Negão) roncava feito um caminhão com problemas de motor, e
eu, uma menina até então sem caries sofri de uma dor de dente literalmente sem
precedentes. Sofri, penei, mas cheguei a São Paulo. Ao descer na rodoviária
fiquei com vontade de comer no Bob´s mas eu não tinha dinheiro para um luxo
daqueles, tive que comer outra coisa, mas fiquei bastante frustrada ao perceber
que não tinha nada barato para se comer por ali. Mais um ônibus e finalmente a
CIDADE MARAVILHOSA.
Na Barca, com Hugo e Lu
Eu estava afoita, impaciente e
extremamente ansiosa, devo afirmar que a chegada por terra na cidade não é lá
grandes coisas e nem de perto lembra nossa colonização germânica repleta de
detalhes e capricho, mas eu estava em estado de estase e até as favelas
pareciam maravilhosas. Andamos mais um pouco e meus olhos se encheram de
lágrimas quando avistei o Cristo. Mesmo de longe, e com toda a minha miopia,
aquilo era a realização e um sonho e era impossível não se emocionar, mesmo
hoje parecendo um exagero.
Descemos na rodoviária onde Hugo
nos aguardava, finalmente eu conheci aquele menino engraçado que passava horas
comigo no msn, aliais, conheci muita gente nessa viagem, pessoas que fazem
parte da minha vida como Renata, Livia, Wesley, André, entre tanto outros que
já conhecia na internet mas que se tornaram reais nesses dias.
Conhecendo Niterói
Juntamente com o Hugo seguimos de
barca até Niterói, onde supostamente o Lu teria feito nossa reserva no Clube
Naval Charritas, porém ao chegarmos percebemos que não existia reserva alguma e
que estávamos a Deus dará. Minha mãe morreria se cogitasse essa possibilidade.
Por sorte o Pai do Lu estava conosco, e o Hugo como um bom carioca sabia se
virar, então pedimos algumas informações e de ônibus seguimos para o Plaza de
Niterói. Ressalto dois fatos engraçados, no clube Charritas mais tarde
aconteceria o Show da Paula (ainda não era o show da gravação) e uma senhora
perguntou para mim se ali que aconteceria o Show da Paula Trolli... eu achei
muito engraçado, mas depois percebi que sei lá era meio que um sotaque, e
depois no ônibus eu e Hugo fomos perguntar a uma senhora se ela sabia de algum
Hotel de qualidade e não muito caro, e ela nos indicou um Motel ótimo, iríamos
adorar, pois ela e o namorado sempre dão uma escapadinha la... Eu fiquei um
pouco constrangida, acho que o Hugo também, afinal de contas tínhamos acabado
de nos conhecer pessoalmente e não tínhamos a intimidade que temos hoje em dia
para podermos rir disso na hora. Chegamos ao hotel, nos acomodamos, e depois
fomos ao show da Paula, preciso documentar que o palco era muito baixo, e neste
dia notei as celulites da perna da Paula, aliais, todos notaram, e ela notou
que notamos (que frase bem estruturada não é mesmo) e então ela colocou uma
meia. Nada disso importou, ainda a amo.
Pizza - Blé
09/08 – Segundo dia no Rio de
Janeiro. Ao acordar ainda em Niterói pela janela do Plaza vi algumas rochas que
formavam um paredão, lembro que fiquei pensando na formação geológica delas, e
também pensei que eu era muito sortuda por estar ali. De manhã conhecemos um
pouco de Niterói, vimos a estátua de um índio que hoje conheço bem a história
(segundo a doutora Selma) e mais algumas coisas, e a frase que não me saia da
cabeça era: “O que Niterói tem de melhor é a vista da cidade do Rio de Janeiro”.
Almoçamos, e de taxi cruzamos a Ponte Rio-Niterói. Fomos até a Quinta da Boa
Vista, MEU DEUS, A QUINTA. Era um sonho pra mim conhecer aquele lugar, diante
de todo o meu amor por história ainda mais a história do Brasil, poder pisar em
um local que fez parte disso, parte importante, abrigando a Família Real... Empolgação
era meu nome. Infelizmente não pude entrar no Museu, pois como era sábado ele
estava fechado, mas já valeu a pena, passeamos pelos jardins e conversamos. Todos
estavam felizes. Depois fomos a um rodizio de pizza, e eu deixei a felicidade
de lado, pois achei caro, eu comi dois pedaços e me custou 28 reais, e eu nem
gosto de pizza, lembro que eu estava muito econômica, devido a pobreza. Ao
terminarmos fiquei na casa da Vanessa (Mila também estava lá), que ainda morava
na Tijuca, reencontrei Tia Penha e conheci Tio Maciel.
Conhecendo a Quinta da Boa Vista
Robertinho
10/08 – Conheci Robertinho.
Vanessa tinha acabado de virar dinda, ele tinha nascido no dia da minha chegada
ao Rio, então fomos até a maternidade em Laranjeiras conhecer o Bebê. Após isso
conhecemos o Rosa, um grande amigo de Tia Márcia (mãe da Raissa) que também era
fã do Kid Abelha, além de colecionador de CDs e o dono do maior acervo do Kid
que eu já tive o prazer de conhecer, ele nos levou até seu apartamento em Niterói
e compartilhou conosco seu conhecimento, nos mostrou o acervo, nos deu
presentes e ainda nos serviu um sorvete delicioso.
No apartamento do Rosa, morrendo pelo seu acervo
Do alto do Pão de Açucar
11/08 – Visita ao Pão de açúcar –
Na segunda resolvemos fazer uma trilha, no Morro da Urca, para depois pegar o
bondinho até o pão de açúcar. A trilha não é muito pesada, e foi uma experiência
bastante divertida, ao chegar lá em cima a recompensa. A vista é de tirar o
folego. Logo pegamos o bondinho e subimos até o pão, novamente me espantei com
a beleza da paisagem. Era tudo muito bonito, de encher os olhos, e alegrar o
coração.
Praia Vermelha, nos preparando para subir
Rá (L)
12/08 – O DIA DA GRAVAÇÃO – O dia
já começou cheio de emoções, era gente chegando de todos os cantos para o maior
evento de encontro do pessoal da comunidade de todos os tempos. A Karen estava
vindo de São Paulo, supostamente comigo... e a Rá e Tia Márcia estavam vindo de
Minas, fomos pega-las na rodoviária, foi muita emoção. Foi nessa viagem que
constatei que eu tinha mesmo uma irmã que morava em outro estado, tinha nascido
em outra família, neste dia também conheci a “bunda desnuda do Leblon” e
impressionamos o cara do táxi falando em comunidade, acho que ele pensou que
éramos faveladas. Antes do show uma grande reunião na porta do Teatro Oi Casa
Grande no Leblon, após fotos e apresentações curtimos o grande show, de
camarote e ainda muitos de nós tivemos o privilégio ter o rosto estampado na
capa do CD e DVD da cantora. Após o show metade do publico foi dormir na casa
de Vanessa, que parecia coração de mãe, nem sei como coube tanta gente.
Dormimos todos na sala, e tivemos uma momento divã antes de dormir, onde eu com
todo o meio jeito direto deixei a Raissa sem jeito durante a entrevista.
Ressalto que eu havia prometido ligar para a Aline durante esse show, porém não
lembrei, e mais uma vez aproveito o espaço para me desculpar.
Galera da adormecida Comunidade do Kid Abelha
Bunda Desnuda do Leblon
Sonho realizado
13/08 – Cristo Redentor – O dia
já começou saudoso, pois eu sabia que Rá e Tia Márcia logo partiriam. Lembro
que Tia Penha queria esconder a vista da janela com um toalha, para Tia Márcia
não perceber a favela que ficava atrás do Bairro. Não pude acompanha-las até a rodoviária,
após elas partirem esperamos o pai do Luciano chegar para juntos irmos até o
Cristo, houve um atraso, e quando chegamos no alto do Corcovados já era quase
noite, perdemos um pouco do visual, mas ganhamos a vista da cidade iluminada,
com todas suas luzes, vindas das avenidas, dos prédios e das favelas, que
pareciam pinturas, parecia natal, era lindo. Tiramos algumas fotos, e eu
finalmente tinha realizado meu sonho, de conhecer o cristo e assim como o Vô Zé
ter uma foto lá. A alegria havia me tomado, e eu já pensava que teria que
voltar em breve.
Do alto as luzes da Cidade Maravilhosa
Eu matando aula
14/08 – Conheci Copacabana,
Ipanema e o Arpoador – Estava no meu roteiro de lugares que eu precisava
visitar. Como boa sonhadora sempre me imaginei andando pelo calçadão de Copa,
tomando uma água de coco em um sombra curtindo o vai e vem da maré, e assim o
fiz. Minha viagem estava completa, e o Rio de Janeiro realmente era uma cidade
maravilhosa.
Arpoador
E assim encerro o relato sobre a
minha primeira viagem ao Rio de Janeiro, eu tinha certeza de que outras viriam,
tinha certeza de que eu amo aquela cidade, e tinha que voltar lá pra finalmente
tirar minha foto no Paço.
Carol Pereira
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Sobre Carol Pereira
Carol Pereira nasceu em 1987, em Alfredo Wagner (SC). Apesar de ter encontrado na escrita sua grande paixão, é programadora e professora de formação, mestre em Educação - Mentoring and Leadership in Schools - pela Mary Immaculate College, da Irlanda. Foi vencedora do prêmio Professores do Brasil, organizado pelo Ministério da Educação, em 2013, 2014 e 2017. Finalista do concurso The Ogham Stone, na Irlanda, com seu conto em inglês Cailleach Aoife and the Crows of Ireland. É autora de , _Conhecendo Alfredo Wagner, As aventuras de Eva Schneider – fronteiras entre o amor e a guerra, Limerick e o tempo e As aventuras de Eva Schneider e o livro secreto dos jesuítas e Histórias da Nossa Gente. Atualmente mora no Canadá com seu marido.
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