22 de junho de 1927
01 de agosto de 1993
Quem viveu em Alfredo Wagner entre as décadas 70 e 90, certamente conheceu o seu Raulinho, dono de uma das maiores lojas de secos e molhados da “praça”, a venda do seu Raulino Linder (Linda).
Raulino Linder nasceu no Rio Adaga, em 22 de junho de 1927. Dizem que seus pais, Arthur Carlos Linder e Christina Alvina Berger foram os primeiros a plantar cebola em Alfredo Wagner. Segundo a história, no ano de 1927, eles teriam trocado outras mercadorias por mudas de cebola com um mascate e iniciado a plantação. A história é coerente, pois os locais com registros mais antigos de plantio de cebola no município são comunidades como Picadas e Rio Adaga.
Seu pai era natural de Rio Bonito, em Rancho Queimado, depois morou muito tempo na Boa Vista, RQ, sua mãe já era do antigo Barracão, mas logo depois do casamento eles se mudaram para o Rio Adaga e lá constituíram sua família, tendo três filhos: Raulino, Arnito Arthur e Rainildo Arthur.
Raulino, passou a infância e juventude no Rio Adaga, sempre ajudando os pais na lavoura, especialmente na plantação de cebolas. Foi lá que ele aprendeu a importância do trabalho, do comprometimento e as responsabilidades da vida. Foi lá também que ele aprendeu a negociar.
Casou-se com Erica Klauberg, nascida em 4 de julho de 1929, também do Rio Adaga. O casamento aconteceu em 7 de maio de 1949, quando ela tinha 20 anos e Raulino 22. Do casamento, vieram dois filhos, Ademir e Marlene, e o casal trabalhava junto para dar o melhor para sua família.
Raulino continuava no Rio Adaga, mas ele começou a sentir a necessidade de se mudar para o Barracão. Naquela época, existiam poucas vendas no Barracão, apenas a Venda do Tolda, uma venda da família Berger e a venda que pertencia a Natalício. Natalício quis se desfazer de seu comércio e foi a oportunidade perfeita para Raulino iniciar sua vida como comerciante.
A venda de Secos e Molhados do seu Raulino tinha um grande balcão onde todos eram atendidos. “Se compravam sacos de 60kg e vendiam-se de quilo em quilo. As bolachas vinham em grandes latas e, também, a pessoa pedia o quanto que queria do produto”. Grande parte do que ele vendia, vinha do interior. Galinhas, ovos, milho, feijão eram trocados com os agricultores por outros produtos, como trigo, açúcar, querosene, velas, fumo de corda, cera de abelha etc.
Como o comércio ia muito bem, ele passou a negociar produtos para vender para fora do município. Entre os vários compradores, estavam alguns da cidade de Itajaí. Ele levava produtos como mel, própolis, entre outros para o porto e parte dos produtos eram até mesmo exportados.
Ele foi um dos primeiros a abrir uma máquina de cebola e feijão na cidade, que ficava nas Águas Frias. Raulino comprava e trocava a produção agrícola de quase toda a cidade. Além do comércio e da máquina, ele ainda tinha outros depósitos na cidade e caminhões para transporte da safra.
Sua venda ficava em um local privilegiado, ao lado da cabeceira da Ponte Emilio Kuntze e sua casa bem na esquina com avenida beira rio.
A primeira língua que Raulino aprendeu foi o alemão e depois o português, mas como ele se comunicava muito bem nos dois idiomas, vez ou outra ele era chamado para ser intérprete, quando em locais, como por exemplo a delegacia, aparecia alguém que não falava o português.
Ele era um homem que sabia negociar, mas que também era muito brincalhão e gostava de colocar apelido no povo que pegava. Foi por várias vezes presidente da Igreja Luterana à qual se dedicava com fervor. Nas tardes de sábado, ouvia seu Figueirense no seu antigo rádio de madeira. Sempre brincava: “Vamos comer cebola, para dar preço”. Sempre ajudava quem estava começando no comércio, como por exemplo Dionisio Pauli, o Dionisio da cachaça, foi orientado muitas vezes por ele sobre qual rota fazer e quais produtos vender de Florianópolis até a Lomba Alta.
Faleceu de AVC em primeiro de agosto de 1993, em Alfredo Wagner. Nasceu, casou e faleceu em nossa cidade, gostava do povo e da nossa gente.
Informações repassadar por:
Marlene Linder da Silva
Arleni Melo Linder
Dionísio Pauli
0 Comentários