08 de maior de 1936
03 de janeiro de 1989
Para falar de seu Claudino, o quarto vice-prefeito de Alfredo Wagner, homem muito atuante na comunidade e conhecido por todos, tomamos emprestado o texto do seu Juliano Wagner.
Claudino Mariotti, ou seu Cláudio como era conhecido, nasceu em Sta. Bárbara em 08/05/1936. Era filho de Alíbio Mariotti e de Maria Schiestel Mariotti.
Desde moço, externou aptidão para o trabalho, bem como para as relações humanas. Casou-se com Madalena Borges Mariotti, com quem teve cinco filhos.
Recém-casado, colocou um armazém na vila de Sta. Bárbara que, graças ao seu espírito empreendedor, prosperou. A boa administração do negócio possibilitou que adquirisse propriedade no centro de Alfredo Wagner, onde instalou uma mercearia em sociedade com seu irmão Dico. A sociedade progrediu e foi ampliada para a área dos transportes, contribuindo significativamente para a economia alfredense.
Seu Cláudio era comunicativo, amistoso e muito sensato. Tinha fala mansa e pausada, e era firme em suas convicções. Essas características, aliadas à sua idoneidade moral, legaram-lhe notável credibilidade. Sua palavra tinha valor; sua opinião era considerada.
Não demorou até que fosse indicado a ser candidato a prefeito. Pouco antes das eleições de 1972, seu nome passou a ser cotado de modo contumaz por populares. Na convenção da ARENA naquele ano, para evitar divergências entre os correligionários, decidiu-se que a escolha dos dois principais aspirantes — Claudino Mariotti e Alcebíades Andersen — dois líderes influentes, ocorreria não por sufrágio, mas por sorteio: cara ou coroa. Cláudio ficou notadamente desconcertado, pois vislumbrava chances reais de vitória entre os eleitores do município. Ao perder no sorteio, percebeu-se que ficara chateado, vindo a, em pouco tempo, migrar para o partido oposto, o MDB. Essa agremiação ficou fortalecida com a adesão de Cláudio e de seu irmão Dico, que perdurou por toda a vida de ambos.
Cláudio possuía etnia ítalo-germânica. Seu avô paterno, Matheus Mariotti, era filho de italianos, enquanto sua avó Anna Franz era filha de alemães. Junto com o italiano David Dorigon e Domingos Farias, foi um dos fundadores de Sta. Bárbara. A esposa de Matheus era Anna Franz, filha dos alemães Johann Franz e Katharina Mayer. Embora fosse o patriarca de origem italiana, o idioma que era falado na casa dos primeiros Mariotti da Sta. Bárbara era o alemão, ensinado aos filhos por Anna Franz. Ao se casar com Maria Schiestel, também descendente de alemães, Alíbio manteve a tradição ensinando o alemão aos filhos.
A calma e a ponderação eram virtudes patentes de Claudino. Ao mesmo tempo que sabia conversar, desvelava-se um hábil ouvinte. Na década de 1970, os funcionários da prefeitura contemplavam da janela do Paço Municipal — que se situava defronte à casa dos Mariotti, a jornada semanal à fazenda na Serra: muito cedo, ele encilhava o cavalo para ir inspecionar suas terras, amarrando-o na frente da casa para ir tomar café. Ao voltar e se preparar para montar, encontrava um conhecido — lá se ia meia hora de prosa. Chegava depois um compadre, mais meia hora, um parente, um amigo do Caeté, com quem seu Cláudio dispensava mais um longo tempo de diálogo — desta vez em alemão. Quando, enfim, conseguia sair, o sol já raiava forte.
Desde fins da década de 1970 até sua morte, Cláudio presidiu a diretoria da Igreja Matriz de Alfredo Wagner, dispensando à Igreja desvelo inaudito. Seu Cláudio e seu fiel amigo, o Pe. Alfons Hasenfratz, praticamente revolucionaram o templo católico com projetos que não cessavam. Os cinco valiosos sinos foram trazidos de São Paulo no caminhão do seu Cláudio por seu filho Hélio Mariotti; construiu-se o torreão para os sinos, respeitando-se a arquitetura da igreja; adquiriram-se as imagens em tamanho real dos santos padroeiros — São Cristóvão, São Sebastião e Senhor Bom Jesus —, além do gigantesco crucifixo — o segundo maior do Brasil, no gênero — transportado gratuitamente de Treze Tílias a Alfredo Wagner por seu irmão Valdir Mariotti —, imagem de Nossa Senhora, entre tantas obras que visavam a engrandecer a religião que Cláudio e a família seguiam com tanta devoção.
Meu pai, Norberto Wagner, contava que, embora adversário político de Cláudio, manteve com ele laços de amizade, consideração e respeito mútuos. Os dois eram extremantes com longas áreas de terra no Arroio do Leão. Embora extensas as cercas que dividiam as duas fazendas, jamais houve problema, pois, segundo palavras de meu pai, “pode haver homem sério — honesto — igual o Cláudio, mas mais do que ele, não”.
Seu Cláudio morreu em 1989, após padecer de câncer por longo período. Fui com meu pai ao seu velório. Ele desfrutava de tamanho prestígio que, contrariando o costume da época — em que se usava velar os mortos na sala da casa — o seu funeral ocorreu dentro da Matriz. Foi um singelo gesto de gratidão da Paróquia em retribuição ao extraordinário trabalho e dedicação de seu inesquecível presidente.
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