09 de janeiro de 1948
15 setembro 2008
A história da Dona Geni começa muito antes dela. Começa na Europa, quando seus antepassados resolveram dar um novo rumo em suas vidas e vieram da Itália, Alemanha e Luxemburgo para o Brasil. A árvore genealógica dela é basicamente um resumo da genealogia de Alfredo Wagner. Filha de Atilio Mariotti, que carregava o dna das três nações europeias, e de Filomena Alano, também de descendência italiana.
O pai de Atílio, Mathias — Matheus — Mariotti, era filho de italianos e junto com os italianos David Dorigon e Domingos Farias, foi um dos fundadores de Santa Bárbara.
Atilio e Filomena eram daqueles casais de imigrantes tradicionais, que tiveram um punhado de filhos, 15 no total, 11 mulheres e 4 homens. Foi nessa família que nasceu a pequena Geni Mariotti, que depois incorporaria o Santos ao seu sobrenome. Ela nasceu em 09 de janeiro de 1948, na casa da família em Santa Bárbara, pelas mãos de uma parteira em um dia com muita chuva.
Foi na Santa Bárbara que ela viveu toda a infância, sempre trabalhando ao lado dos pais e dos irmãos, afinal de contas, eram muitas bocas para alimentar e eles tinham que trabalhar bastante, para que tivessem fartura na mesa, pois sabem como é... família de italianos.
Naquele tempo era muito difícil ir para escola, principalmente se ela ficasse muito longe de casa e por isso, Geni nunca frequentou as aulas, mas sempre tinha muita vontade de aprender a ler a escrever e mesmo sem instrução aprendeu a escrever seu nome e a soletrar.
A família de Geni viveu na Santa Bárbara durante muitos anos, depois se mudou para a Catuíra e posteriormente para a comunidade da Barrinha, onde dona Filomena, sua mãe, ficou muito conhecida pelas suas orações, benzeduras e remédios caseiros.
Geni conheceu seu esposo Vimar Manoel dos Santos na comunidade de Santa Bárbara, em um pixurum. Ao som da gaita, os dois se encantaram um pelo outro. O amor logo se consolidou e eles se casaram, vindo a ter seis filhos: Eloi, Maria Malvina, Adenilson, Filomena, Adenir e Mileide.
O casal trabalhou muitos anos na agricultura, na localidade de Santa Barbara. Mas esse trabalho árduo não era fácil para Geni, que sempre teve uma saúde muito frágil, então eles resolveram se mudar para o centro da cidade, indo morar no estreito.
Quando se mudaram para o estreito, seu Vilmar passou a trabalhar como guarda noturno. Uma barreira acabou caindo próximo a casa onde eles moravam e eles tiveram que se mudar para o loteamento Valdir Mariotti — que carregava o nome do primo de Geni — e lá eles resolveram montar um bar.
Foi então que Dona Geni, conhecida como Nica, passou a ser conhecida por todos, pois o bar, único do bairro, era referência para todos.
A vó “Nica”, como era conhecida e é lembrada hoje pela família, foi um exemplo de amor e cuidado com o próximo. Jamais custou-se a estender a mão a um familiar, amigo ou vizinho que precisasse.
Seu jeito cativante e extrovertido é lembrado e exaltado por todos que com ela conviviam. Sabe aquela avó das histórias infantis que são tradicionais, bordam, cuidam da casa? Geni era isso tudo, entretanto com uma pitada a mais de energia e diversão. Era a avó que brincava, cantava, entretia os netos. Era a avó que cuidava, levava para passear ou simplesmente passava um tempo vendo TV e comendo alguma guloseima que instruía que fossem, na surdina, buscar no “bar do vô”.
Geni se foi muito cedo, mas deixou um legado muito marcante em sua família. Ensinou a seu esposo Vilmar que devemos sempre olhar o próximo com amor e compaixão, ensinou aos filhos que até o pior dos erros merece perdão e uma segunda chance; ensinou aos netos que a família deve buscar sempre manter-se unida e que não são os bens materiais que possuímos ou as grandes ações que fazemos que vão ficar marcadas na memória das pessoas, mas sim aquelas pequenas atitudes e gestos que mesmo sendo as mais simples, ficarão para sempre em nossos corações.
Vó Nica não frequentou escolas, não possuía quantidade significativa de acesso à cultura e conhecimento, tampouco acumulou bens durante sua vida, mas provou que até mesmo a mais simplória das pessoas, tem muito para nos ensinar.
Informações repassadas por:
Charlene Silva
Eloí dos Santos
Joice dos Santos
das autoras: Carol Pereira e Manuella Mariani
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