Personalidade: Vanda Schäffer Klauberg


 15 outubro de 1925 

07 de junho de 2019

Vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Dona Vanda, uma pessoa marcante no centro da cidade de Alfredo Wagner, que teve a vida comandada pela fé, pela igreja e pela dedicação à sua família. Ao lado de seu marido, abriu caminhos no comércio e até hoje seus filhos e netos mantêm forte os ramos de negócios em que eles foram pioneiros. O relato foi repassado por Janaina, uma das netas apaixonadas pela avó.

Vanda nasceu em Picadas no ano de 1925, ela era filha de Frida Amália Franz Schäffer e Rufolf Jakob Schäffer e tinha oito irmãos. Sobre a infância ela relatava que sempre, desde muito cedo, ajudava seus pais. Eram uma família de classe média e tinham o necessário para viverem, mas sempre trabalhavam muito. Plantavam, colhiam para comer e trocavam com vizinhos o que tinham de sobra pelo que lhes faltava. Outra parte da renda da família vinha da Ferraria. Eram ferreiros, profissão passada de geração em geração desde seus antepassados na Alemanha, até hoje. — Os Schäffer ainda perpetuam a profissão na cidade, através da Ferraria Schäffer tocada por um dos bisnetos de Rudolf.

Dona Vanda contava sempre que os irmãos homens iam à escola e as mulheres só puderam ir depois deles. Mas que ela sempre queria aprender e assim aconteceu: ouvia debaixo da árvore seus irmãos lendo e escrevendo e só observando se alfabetizou. Vanda era uma criança esperta e que tinha muita vontade de aprender e além de ler e escrever, também foi na infância que aprendeu a costurar, ensinada por sua mãe Frida.

Ela sempre foi uma mulher à frente das outras de sua época. Casou-se cedo, conheceu o marido Audelino Carlos Klauberg, que era de uma família um pouco mais pobre que a sua, em uma domingueira. O casal se apaixonou, mas a família da moça não fazia muita questão do namoro e alertaram ela a “pensar bem”, caso quisesse mesmo levar o namoro a se tornar um casamento. Ela não precisou pensar muito, e logo aceitou o pedido de Audelino e se casaram. Juntos o casal trabalhou muito, passou por muitas dificuldades, mas também teve muitas conquistas. Primeiro moraram em Rio Antinha, depois se mudaram para Picadas e trabalhavam na agricultura. Foi em Picadas que começaram a prosperar e decidiram investir no ramo de comércio, se mudando posteriormente para o centro da cidade. O casal teve cinco filhos: Elito Klauberg, Marli Klauberg Schütz, Adenir Klauberg, Marlene Klauberg e Valdir Klauberg.

Foram os primeiros proprietários do posto de gasolina, posto de lavação, dormitório e rodoviária. Eles abriram as portas para mais tarde seus filhos seguirem os seus passos e tocarem seus negócios. Comércios que perpetuam até hoje.

Além de dona de casa, ela costurava muito bem. Podiam pedir o modelo que fosse, ela fazia com todo amor. Além de costurar, ela tinha mãos de fada para o crochê. Sua casa sempre com toalhinhas de crochê em cima dos móveis. Próximo ao Natal, fazia suas famosas bolachinhas pintadas e enchia as latas para esperar por todos para aquele cafezinho, que até hoje seus netos conseguem sentir o cheiro.

Amava reunir e ter a família sempre perto. Muito de seus filhos moravam e ainda moram no “terreiro”, como carinhosamente ela chamava o espaço próximo à sua casa, bem no centro da cidade.

Ela era uma super avó e deixou muitas lembranças na memória dos netos. Eles relembram que ela adorava cantar hinos de louvor infantil para eles, dizia que era a forma de os aproximar de Deus. Fazia roupinhas para as bonecas, dentaduras com cascas de aipim e os meninos adoravam. Então eles viravam vampiros e corriam atrás das meninas. Dona Vanda também fazia petecas com as penas de suas galinhas. Em sua casa, ela sempre tinha algo para oferecer aos netos, gostava de reciclar e criar. Ela também tinha muito amor por ensinar, nascida no Dia dos Professores, ela sempre foi uma grande mestre para todos de sua família.

Os netos também relembram que ela tinha ciúmes da sua caixinha de botões, mas deixava-os mexer com cuidado, mas depois tinham que guardar exatamente no lugar. Era exigente sem ser braba, tudo o tempo todo com o mesmo tom de voz.

Dois de seus filhos, Adenir, conhecido por Nica, e o Valdir tocavam no grupo dos “Caveiras” e Dona Vanda era quem fazia as roupas do conjunto, ela era a estilista da banda.

Seu marido, conhecido por todos como seu Klauberg, também era muito ativo na sociedade e na igreja. Chegou até mesmo a ser vereador. Também foi, por anos, presidente do Sindicato do Trabalhadores Rurais e foi ele que conseguiu em Brasília o primeiro sino da Igreja Evangélica.

Vanda e Audelino eram muito ligados à religião Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. E Vanda fazia da igreja uma segunda casa. Aos 42 anos, fundou o grupo da “Oase”, Grupo de Mulheres da Igreja. Recebeu muitos prêmios e homenagens por isso. Também foi a fundadora e Professora de Cultinhos Infantil, onde ensinava com todo amor e fé a palavra de Deus às crianças da igreja.

O que ela mais gostava era ler sua bíblia. Fazer suas anotações e orações. Lia sua bíblia em português e em alemão! Falava e escrevia em alemão e tinha uma letra muito linda. Ela também era fã de carteirinha da rádio, pedia todo domingo Hinos de Louvor dedicando aos familiares e amigos.

“Viveu para sua família. Tinha orgulho dos filhos e da família que eles construíram. Se alegrava, vibrava com o nascimento de cada neto, bisneto e tataraneto que ganhava. Tinha a mania de massagear o nariz para que ficassem com os narizinhos arrebitados e lindos! Tive o privilégio de conviver ao lado dela até os últimos momentos. Éramos muito ligadas eu era a sua companheira quando vô saía para suas caçadas. Era uma alegria dormir ao som do relógio cuco, no aconchego da caminha macia e cheirosa, aquele cheirinho de vó que sinto até hoje! Acordar e tomar aquele cafezinho preparado com todo amor, o pão com mel cortadinho em quadradinho que era a maneira que ela encontrava de fazer a gente comer tudo”.

Era conhecida por todos por onde passava. Era dona Vanda do Seu Klauberg, dona Vanda da Igreja, dona Vanda do Coral — sim, a Dona Vanda também cantava —, Dona Vanda das cucas e do pão com mel, Dona Vanda conselheira e amiga. Conhecida e reconhecida por tudo que fazia.

“Vó Vanda sempre foi vaidosa, elegante, sorridente, corriqueira nas lojas, de bem com a vida. Nunca vi ela brava, estressada ou coisa parecida. Vi ela triste e chorando três vezes... quando perdeu seu primeiro neto, meu irmão Renaldo, meu avô seu marido Audelino e sua querida nora Sirley. De bem com a vida, gostava de flores, plantas, cuidar de quintal! Dona de uma inteligência e memória de dar inveja. Sabia datas de aniversário de todos, não esquecia ninguém. Era independente, dona de suas vontades. Com o passar de uns anos, não saía mais de casa, dificuldades de andar, passou a usar cadeira de rodas, mas sua casa estava sempre aberta para assim receber a todos. Tinha em sua casa as cuidadoras, verdadeiros anjos que a cuidaram até seu último suspiro. Vó Vanda nos presenteou com sua vida, seus ensinamentos, sua luz e alegria. Foi minha madrinha de casamento em 2006, foi um dos momentos mais emocionantes da cerimônia, quanto orgulho e amor por meus avós! Muitas tardes juntas, muitos segredos e conversas. Em uma de nossas tardes de conversa, ela me ajudou a escolher o nome do meu segundo filho e foi assim: — Queres um nome antigo da família? Tem muitos: Frederico, Joaquim, Wirto, mas o que mais gosto é Rodolfo! Meu papai, quanta saudade! E ela se emocionou, foi lindo esse momento. E eu então feliz em vê-la radiante disse: — Meu filho que está a caminho será Rodolfo em homenagem ao teu pai. Nossa seus olhos brilharam ainda mais, isso foi em março de 2010.” Conta, emocionada, sua neta Janaina.

Foi fiel a família, amigos e acima de tudo a Deus. Seguidora de seus mandamentos com a bíblia sempre na cabeceira de sua cama, só a deixou de ler aos seus 94 anos quando partiu. Mas mesmo com a sua partida, seus ensinamentos e seu jeito de viver a vida continuam sendo perpetuados por todos que a amavam e que em sua memória carregam lindas e doces lembranças ao lado de Dona Vanda. “Gratidão, gratidão, amada vó Vanda”

Informações repassadas por: 

Janaina Schutz Cechetto 

Maria Ivone Filetti Klauberg 

Biografia presente no livro "Histórias da Nossa gente"
das autoras: Carol Pereira e Manuella Mariani 

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