Um mês longe de casa




Hoje eu completo um mês fora de casa.

Os primeiros sintomas de saudades já começaram a se manifestar e eles aparecem com mais força nos finais de semana. Saudades da comidinha da minha vó, da mãe, dos meus irmãos – insuportáveis -, do meu Biloca, da minha família e dos meus tantos amigos. Me sinto muito privilegiada em ter tanta gente para sentir saudade. Aliás, não escrevi isso antes, mas eu tive aproximadamente 10 festas/encontros de despedidas, algumas delas foram festas surpresas e eu pensei que fosse desidratar de tanto que chorei me despedindo de cada uma dessas pessoas que eu tanto amo.

Eu já me pego cantando “Ninguém compreende a grande dor que sente, um filho ausente a suspirar por ti”, sentindo saudades de Alfredo Wagner. Saudades da minha gente, de dar bom dia pela rua, passar pela Praça da Bandeira, abraçar os conhecidos, ouvir as novidades, conversar sobre banalidades na Rua Anitápolis...

O tempo é muito relativo, 30 dias não é muita coisa, diante de todo o tempo que ainda ficarei aqui, mas olhando para trás, parece que já vivi tanto. É outra vida. Já aprendi muito e já sou alguém em muitos aspectos diferente da pessoa que chegou aqui. Meu aprendizado está indo muito além dos conteúdos acadêmicos ou do próprio idioma, estou aprendendo muito sobre quem sou e sobre quem quero ser no futuro.

Aqui eu descobri que sim, sou mimada... não tenho mais idade para ser, mas definitivamente sou. Descobri também que preciso me ver com os olhos que vejo meus alunos, eu vibro com as pequenas evoluções deles, preciso vibrar mais com as minhas. Descobri que por mais que seja difícil viver longe de tudo o que é cômodo e familiar, eu consigo.

Ainda preciso descobrir algumas coisas, tipo como farei passar um ano comendo ovo e pão ou a entender esse tempo maluco que faz sol e um minuto depois faz chuva, mas para isso ainda tenho tempo.

Nesse um mês aqui, já conheci muitas coisas: castelos, cachoeiras, muitas igrejas, praias e muitos, muitos Pubs - mas como na Irlanda tem aproximadamente 7 mil pubs, ainda temos uma longa estrada pela frente. Já fomos recebidos na sala do reitor e no gabinete do prefeito. Já conhecemos mexicanos, portugueses, italianos, indianos, alemães, poloneses, americanos e muitos irlandeses, que só reforçam a convicção de que esse é mesmo um dos povos mais receptivos, amigáveis e gentis do globo terrestre.

Já formamos uma família aqui dentro, com direito a mãe carinhosa, atenciosa e inteligente, irmãos implicantes, tias loucas, madrinhas relapsas e aquela prima super cool, que aparece de vez em quando, cheia de novidades. Nossa família irlandesa adora passear nos finais de semana e com certeza faz a nossa estadia aqui ficar mais leve e cheia de histórias para contar. 
Temos também muitas histórias de nossas aulas, pois a turma da 6th grade, como todo 6º ano é muito animada e nesse caso especifico, sortuda, pois a professora que nos dá mais aulas é simplesmente, perfeita! A melhor professora que já tive na vida, sem exagero!

Limerick já é a minha cidade e enquanto eu não volto para casa, tratarei de fazer amigos pela O'Connell Ave, de ver o pôr-do-sol refletindo nas águas do Shannon, ficar boquiaberta com a arquitetura de alguns prédios históricos da cidade e não me cansarei de toda vez que eu passar pelo majestoso prédio da Mary Immaculate College, falar: “Gente, eu estudo aqui ó!”, não só pelo prédio ser lindo, mas por tudo o que significa para mim estar aqui, onde a educação está realmente em primeiro lugar.

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