A mãe de Joaquina, a esposa de
August havia passado por uma delicada cirurgia e o filho de Albert e Matilda
chamou os pais para que passassem umas duas semanas com eles, para que pudessem
ajuda-lo a cuidar da sogra e também a realizar as plantações, pois era época de
plantio.
No princípio foi difícil para eles convencerem as
crianças de que dessa vez não poderiam ir junto, teriam que ficar com senhorita
Bernard e Tião, mas bastou Tião dizer que eles poderiam o acompanhar, quando
ele fosse buscar o gado que Tio Albert havia comprado de um criador do Queimado
que eles se animaram e resolveram que aceitavam ficar.
Estar em casa sem Albert e Matilda e
Bijuca não fazia o menor sentido. Fazia apenas dois dias que os tios tinham
saído de casa e eles já estavam morrendo de saudade. As horas se arrastavam e a
comida da senhorita Bernard não tinha nem de longe, o sabor da comidinha da
tia.
Finalmente chegou o dia de irem para o Queimado.
Ceci e senhorita Bernard foram de aranha e Eva e Sabu acompanharam Tião a
cavalo, para ajudar a tocar o gado. Eram apenas seis cabeças, mas para as
crianças era como se elas estivessem prestes a conduzir uma tropa inteira.
Sabu se imaginava como um grande
tropeiro conduzindo mais de uma centena de cabeças de gado, como os homens com
os quais eles tantas vezes já tinham conversado e ouvido as histórias, próximo
ao barracão perto da igreja, onde os tropeiros amarravam os cavalos e soltavam
o gado para se alimentarem e passarem a noite.
A viagem foi cansativa, chegaram no
local somente no final do dia, mas eles tinham se divertido. Tião era muito
animado, sempre contando algum causo e fazendo piadas. Senhorita Bernard e ele
se davam muito bem. Ceci via brilho nos olhos da professora cada vez que ele
falava com a moça, mas como Ceci estava sempre procurando por romance, Eva não
deu muita bola quando a amiga lhe contou que achava que a professora sentia
algo por Tião.
Eles tinham planos de retornar no
dia seguinte, mas chegando na propriedade o casal que havia negociado o gado
com Albert estava passando por problemas. A mulher havia entrado em trabalho de
parto, teria seu primeiro filho, mas havia tido complicações, a parteira não
havia conseguido fazer o parto de forma tradicional e foi obrigada a abrir a
barriga da mulher com uma tesoura. O bebe apesar de muito fraco estava vivo,
mas mulher que se chamava Ana, precisava ser levada às pressas para Salto
Grande, onde existia um médico que poderia lhe salvar.
Quando eles começaram a enxergar a
casa de longe, viram o alvoroço. Tião colocou o cavalo a galope, para ir ver o
que estava acontecendo. Chegando lá o marido o colocou a par da situação e ele
prontamente ofereceu a aranha e se ofereceu para ir na frente, tentar encontrar
o médico e ir agilizando tudo para que ela pudesse ser atendida com a maior
rapidez possível. Senhorita Bernard também correu para ajudar a parteira, que
lutava para estancar o sangue que saia do ventre da mulher.
A mãe da moça, Dona Rosa, ficou com
o neto muito pequenino no colo e as três crianças que ela ainda nem conhecia a
seu lado, enquanto os outros corriam estrada afora, com a esperança de salvarem
a vida da moça.
Como já estava quase escurecendo o
jeito foi entrar. As crianças estavam meio sem jeito, pois sem dúvidas não era
o melhor momento para se receber visitas em casa, mas usaram de toda a educação
que receberam e ficaram quietinhos e ainda preparam um chá para a senhora que
estava embalando o bebe, ajoelhada em frente a nossa senhora, pedindo para que
ela salvasse a vida da filha.
Dona Rosa mostrou onde eles poderiam
dormir e eles foram para o quarto. Passava um pouco da meia noite quando todos
acordaram assustados.
- O que é isso, Eva? – Perguntou
Sabu, já pulando para perto da amiga.
- Não sei, é um uivo!? Parece ser um
cachorro, um lobo, não sei. Mas é algo muito grande e parece estar aqui perto.
Não demorou muito para a senhora
Rosa entrar no quarto assustada.
- Vocês ouviram isso crianças?
- Sim, o que é?
- Não faço ideia.
Outros uivos vieram, a cachorrada
começou a latir, as vacas a mugir, cavalos relinchando, as galinhas pareciam
muito assustadas e eles começaram a ouvir o barulho de um bicho que parecia
enorme correndo na rua.
- Minha nossa senhora, o que será
que é isso? – Indagou Ceci.
Dona Rosa embalava a criança que
havia começado a chorar e disse:
- Tranquem a porta do quarto, coloquem a cama na
frente dela e empurrem o armário para a frente da janela.
As crianças não entenderam direito o porquê de se
fazer aquilo, mas naquelas alturas, parecia o melhor a ser feito, sem
questionar fizeram o que a mulher pediu e falaram:
- E agora?
- Agora a gente reza e espera ele ir embora.
E foi o que fizeram. Demorou alguns minutos para o
alvoroço na rua ter fim, mas depois as coisas pouco a pouco começaram a se
acalmar, embora ainda pudessem ouvir um uivo apavorante ao longe. Demoraram a
pegar no sono, e Dona Rosa apenas disse que no amanhã seguinte eles
conversavam, mas ela parecia muito assustada.
Quando o sol raiou acordaram e abriram a porta. O
cenário era medonho. Dois cachorros estavam sem a cabeça, um terceiro estava
todo ferido, com arranhões por todo o corpo que pareciam ter sido feitas por garras
enormes. Algumas galinhas estavam mortas e suas penas voavam pelo ar. A ramada
das vacas havia sido quebrada e não tinha mais nenhuma lá dentro, estavam
soltas pela propriedade, junto com os cavalos. Eva não conseguia ver Artigas e
estava começando a ficar preocupada, quando viu o bicho galopando ao longe, ele
estava vivo, mas parecia muito assustado.
As crianças também, ficaram muito assustadas com o
que viram e trataram que ajudar dona Rosa a organizar as coisas.
Mais ou menos no meio da manhã Tião e Senhorita
Bernard voltaram a propriedade e também se assustaram com o que encontraram.
Eles não traziam boas notícias, a mulher ainda estava muito mal, mas o médico
estava lutando para lhe salvar. Tião iria levar algumas coisas para Ana e o
esposo, pois eles teriam que ficar alguns dias por lá, mas quando viu o estado
da propriedade também ficou preocupado.
- O que aconteceu por aqui? – Perguntou o moço.
- A meu filho, acho que foi o tal do lobisomem. Só
pode ter sido ele.
- Lobisomem? – Questionaram as três crianças em
coro.
- Lobisomem? O que é isso? – Perguntou a
professora.
- A minha gente, eu nunca acreditei muito nisso.
Sempre achei que fosse besteira desse povo falador, mas depois de ontem, acho é
que não tem outra resposta para o que aconteceu.
- Dona Rose, isso é conversa do povo.
- Tião? Ninguém vai me responder? O que diabos é
esse tal de lobisomem? – Questionou novamente a professora.
- Ah minha filha, acho que você vai preferir não
saber.
- Conte, conte Dona Rosa, a professora quer saber
sim. – Falou Eva, se aproximando da senhora.
- Pois bem, vou contar.... Lobisomem é uma mistura
de homem e fera, homem e lobo. Conta a lenda que a transformação ocorre em
noite de Lua cheia em uma encruzilhada. O monstro passa a atacar animais e
pessoas para se alimentar de sangue. Volta a forma humana somente com o raiar
do Sol.
- Ah, já sei... na Inglaterra conhecemos ele por
Werewolf. Mas acho que ele não passa de uma lenda.
- Ah professora, então explica para os cachorros
que perderam a cabeça que isso não passa de uma lenda.
- Ceci, pode ter sido um outro animal que tirou a
vida deles.
- Não professora, nós conhecemos todos os animais
que vivem por aqui, nenhum deles deixa essa pegadas muito menos essas marcas.
- Vocês tem muita imaginação crianças. O que você
acha Tião?
- Eu acho que deve ter sido um outro bicho, um
leão baio quem sabe.
- Bom, vocês não estavam aqui. Leão baio não uiva.
Nem tem essa pata. Veja! Parece uma pata de cachorro, mas é muitas vezes maior.
Só pode ser um lobisomem. – falou Eva apontando para a pegada deixada no chão.
- Se for um lobisomem, você tem que matar ele
Tião. – Disse Sabu, já arregalando os olhos.
- A meus filhos, matar um lobisomem é uma tarefa
muito difícil pois ele é muito ágil e feroz, assim, a única forma segura e
dizem alguns a única forma possível de exterminar um lobisomem é matando-o com
uma bala de prata que deve atingi-lo no coração.
Ficaram mais um tempo de conversa na frente da
porta da casa, até que Tião chamou as crianças para irem em busca do gado e dos
cavalos.
Eles conseguiram juntar a criação, mas faltavam
dois bezerros logo depois do almoço foram a cavalo atrás deles, mas não os
encontraram com vida. Estavam no meio do mato, também se cabeça, com algumas
partes do corpo comida e quase sem nenhum sangue em seus corpos.
Tião analisou o cadáver dos bezerros e resmungou:
“o que será que fez isso com elas? Deve ser um bicho muito grande”.
Eles voltaram para casa, mas no caminho Eva estava
matutando um plano. Ela achava que se tratava mesmo de um lobisomem, mas parece
que eles não acreditariam nisso. Eles precisavam provar! Então chegando na
casa, pegou pás e inchadas e anunciou aos amigos.
- Vamos construir uma armadilha! Vamos cavar um
buraco bem fundo e cobrir com folhas e alguns galhos secos?
- É uma boa ideia, mas temos que ter
uma isca! – Disse Sabu.
- Já sei! Vamos levar uma galinha e
pendurar perto da armadilha? – Respondeu Ceci.
Eva e Sabu acharam boa a ideia de
usarem a galinha. Pegaram-na e foram para o local onde haviam encontrado os restos
dos bezerros.
Começaram a cavar. A terra era macia
e eles estavam muito empolgados com a ideia de pegar o bicho, então nem
demoraram tanto para fazer o buraco. Fizeram um buraco estreito, e um pouco
mais fundo que a altura de Eva. Penduraram a galinha e voltaram para casa. Eva
ficou com muita pena da galinha e até pensou em abortar o plano, mas Ceci a
convenceu de que o bicho não conseguiria pega-la, pois ela estava bem no alto.
Pertinho da noite Tião saiu para
levar as coisas até o hospital, ele só voltaria no dia seguinte. As crianças
não conseguiam dormir. Queriam ficar acordadas para ver se a armadilha havia
funcionado. Mas foram vencidas pelo cansaço e pelo marasmo, pois nada acontecia
aquela noite.
No dia seguinte perceberam que
nenhum animal da propriedade tinha desaparecido. Então correram para o mato e
foram direto para a armadilha.
Quando chegaram lá dela Ceci disse:
- Ué, cadê a galinha?
Eva gritou:
- Olha a galinha, ela está morta e
sem cabeça...
Sabu desceu no buraco e gritou:
- Aqui tem pelos e os rastros são os
rastros são os mesmo que vimos ontem.
Vamos dar uma volta aqui por perto,
para ver se o bicho fez mais alguma vítima. Eles foram seguindo as pegadas do
animal. Eram profundas, o que significava que ele era um bicho enorme.
Seguiram, seguiram, até uma encruzilhada, onde elas simplesmente deixaram de
existir e deram lugar a pegadas humanas.
- Minha Nossa Senhora Aparecida! É
mesmo o tal do Lobisomem! – Exclamou Ceci, que havia ficado pálida.
- E agora? Como vamos matar esse
bicho? – Perguntou Sabu.
- Só tem um jeito! Temos que atingir
o coração dele com uma bala de prata. - Falou Eva.
- Ah, simples! E onde vamos
encontrar uma bala de prata? – Ironizou Ceci.
- Vamos fazer uma!!! – Eva disse
isso e foi encarada por dois pares de olhos arregalados.
- Como assim, fazer uma?
- A gente estudou em química com a
professora Bernard. Sabemos o ponto de fusão da prata. O Sabu já viu centenas
de vezes o tio Albert montar as balas da espingarda. A gente faz um molde com
argila, esquenta ela para deixar ela dura, desmonta uma bala da espingarda,
tira algumas partes e a pólvora e usa para montar a nossa.
- Sério que você pensou em tudo isso
agora, Eva? – Falou novamente Ceci.
- Não! Na verdade eu fiquei pensando
nisso a noite inteira. Não consegui dormir, pensando que a galinha ia morrer e
a gente não ia conseguir pegar o bicho. Nosso buraco não era muito fundo. Então
fiquei pensando em como faríamos isso.
- Tem somente um probleminha Eva,
onde você pretende arrumar prata? Ta sabendo de alguma mina por aqui? –
Ironizou Ceci.
- Não precisamos de uma mina Ceci,
apenas de duas das moedas de prata que encontramos na calçada de pedra.
- Mas você as trouxe?
- É claro! Acha que eu ia deixar
nosso tesouro sozinho no sítio?
- Muito bom! Então vamos lá,
precisamos encontrar uma panela de ferro e fazer muito, muitooooooo fogo!
Primeiro eles precisavam se
certificar de que existia uma espingarda na propriedade. Tinha! Uma igual ao
que o tio tinha no sitio, o que foi ótimo, pois Sabu sabia cada partezinha dela
e de suas balas. Depois foram para o forno, pegaram um monte de lenha e uma
panela de ferro. Eles sabiam que para atingirem o ponto de fusão da prata eles
precisavam de muito calor, muito fogo. Tiveram sorte pois o dia estava bem
abafado e o forno era de pedra, o que ajudava a manter e elevar a temperatura.
Mas não foi fácil, queimaram muita lenha, fecharam a abertura do forno, e ainda
tinham que disfarçar, pois senhora Rosa e senhorita Bernard não poderiam desconfiar
do que elas estavam fazendo.
Quando a prata finalmente ficou no
estado liquido, eles tiveram que ser rápidos. Tinham moldes para duas balas,
despejaram a prata nos dois buracos em forma de bala, fecharam e esperaram
secar.
A ansiedade estava tomando conta
deles e todos, sem exceção estavam com a ponta dos dedos queimados. Foram até o
riacho e pegaram água gelada, para jogar sobre o molde de argila e quando
finalmente “desenformaram” a bala estava ali. Bastou pegar uma lima e lixar um
pouco na borda e ela estava perfeita.
Já estava escurecendo quando Sabu
finalmente terminou de montar as balas. Eles só teriam duas chances.
Ficou combinado que quem atiraria
seria Ceci, pois ela era boa de mira, muito boa. Sempre conseguia atingir o
alvo com o estilingue que Albert havia feito para eles.
Para colocar o plano em pratica eles
ainda precisavam conseguir sair do quarto com a espingarda e irem em busca do
bicho. Mas isso foi fácil, pois senhorita Bernard havia dormido no quarto do
casal com dona Rosa e Tião ainda não havia voltado do hospital, ele tinha
avisado que conforme fosse ficaria com eles por lá, para ajudar. Senhorita
Bernard estava cuidando não só do bebe, mas também de dona Rosa, que estava em
um estado de nervos preocupante.
Então eles esperaram elas dormir e
saíram pela janela. Sabu e Eva levavam cada um facão, para caso o tiro
falhasse, eles terem com o que se defender.
A noite estava clara e não fosse o
medo de dar de cara com a criatura, seria um agradável passeio. Tudo estava tranquilo,
então eles avançaram até o local onde haviam feito a armadilha no dia anterior.
Nem sinal do bicho, então continuaram andando por cerca meia hora até começarem
a ouvir os uivos do animal.
- Meu Deus, Eva! Acho que é ele!!! –
Disse Sabu assustado.
- Sim, acho que é ele mesmo.
Os três estavam apavorados, os uivos
pareciam cada vez mais perto. Eles estavam parados no meio de uma clareira.
Araucárias gigantes os cercavam, uma coruja crocitava no alto de uma árvore e o
tempo parecia que havia começado a correr mais lentamente. Eva conseguia ouvir
o barulho de seu coração compassado com o de Sabu e Ceci.
- Eu acho que é melhor a gente
correr! – Disse Sabu.
- Não, espere! Não sabemos onde ele
está!
Eles ouviam o barulho do bicho
correndo em meio a vegetação. Até que em um salto ele ficou na frente deles.
Era um bicho enorme. O pelo era
preto e empastado de sujeira e sangue. Eles começaram a sentir um cheiro de
morte, de sangue podre que vinha dele. A fera tinha grandes dentes afiados, as
presas eram gigantes. O monstro se ergueu em suas patas traseiras e ergueu as
dianteiras, dando um uivo enorme, de pé ele tinha mais ou menos com 2 metros e
meio de altura
Eva estava apavorada, parecia que ia
desmaiar. Então começou a gritar:
- Atira Ceci, atira!
Mas a menina estava paralisada. Não
se movia, nem parecia estar ouvindo o que Eva gritava. Ela estava com os olhos
fixos na criatura, que de pé parecia ser a imagem do final de suas vidas.
- Vamos sair daqui! – Gritou Sabu,
saindo correndo.
- Atira Ceci! Atira! Meu Deus! – Eva
pegou Ceci pelo braço e começou a sacudi-la, nisso pode sentir que ela estava
gelada e estava da sua cor, de tão pálida.
A criatura saiu correndo atrás de
Sabu, então Eva tomou a espingarda de Ceci, que naquele momento parecia estar
recuperando os sentidos.
Sabu correu, e começou a subir em um
pinheiro. O bicho era grande e pesado, subiu um pouco atrás de Sabu, mas
escorregou, porém ele não desistiu, fez uma nova investira e dessa vez passou
as garras na perna de Sabu. Dava para ver a sua fúria.
- Temos que fazer alguma coisa ou
ele vai pegar Sabu. – Disse Eva.
Ceci ouvindo a amiga, pegou uma
pedra e jogou no bicho! Acertando bem na cabeça.
O animal deu mais um uivo apavorante
e se virou para as meninas.
- Atira Eva! – Disse Ceci.
Eva mirou no animal, deu o tiro, mas
o ricochete da arma a fez voar longe. O tiro passou a metros de distância do
animal, que partiu para cima dela. Ceci, começou a jogar pedra no bicho.
- Sai, sai dai bicho medonho, não!
Sai, sai, sai!
Sabu desceu da árvore em que estava
e partiu para cima do bicho.
- Nãoooo, deixa a Eva em paz!
Ele acertou o facão nas costas do
bicho, que se virou para ele e com a pata dianteira lhe deu um chega para lá, o
jogando longe.
Eva estava tentando colocar a última
bala de prata na espingarda, mas suas mãos tremiam tanto que ela não conseguia
encaixa-la corretamente. O bicho se levantou novamente e uivou
-
AAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUULLLLLLLLLLLL
Partiu para cima de Eva. Ela não
podia errar.
Mirou no bicho, bem no coração.
Fechou os olhos e atirou.
PAH!
O tiro ecoou seco pelo ar e ela
sentiu o peso do bicho caindo sobre o seu corpo. Ela não sabia se havia
atingido o bicho ou não. Então ficou mais um tempo de olhos fechados, enquanto
seus ouvidos zuniam por causa do barulho do tiro.
- Eva, Eva, Eva? Você está bem?
Começou a ouvir Ceci e Sabu a
chamando. Ela sentia gosto de sangue em sua boca, estava coberta de sangue e
sentia dor pelo corpo.
Eles começaram a arrastar o bicho de
cima da menina. Ele agonizava. Eva estava tonta.
- Vamos sair daqui! – Disse Sabu.
- Eu o acertei? – Perguntou Eva.
- Sim! – Corre, corre.
- Não calma, olha foi bem no
coração.
Quando Eva terminou de falar a frase,
ouviram um último gemido do bicho e um ruído vindo do céu.
- Corre! – Disse Ceci.
- Uma bola de fogo caiu em cima do
bicho.
As crianças saíram correndo e no
meio do caminho encontrara senhorita Bernard, dona Rosa e o bebe.
- Meu Deus, o que aconteceu? –
Perguntou a professora.
As crianças correram e a abraçaram.
- Vamos voltar para casa, ouvimos
barulho de tiro e uivos. Acho aquele bicho voltou a atacar.
- Não se preocupe professora. Nós
matamos o lobisomem. – Disse Eva.
- Como assim?
- Fizemos uma bala de prata e
atiramos nele.
- Não posso acreditar nisso.
- Vamos, podemos te mostrar o corpo
dele.
Eles pegaram senhorita Bernard e
dona Rosa pela mão e as levaram até a clareira, onde tudo tinha acontecido. Mas
o espanto foi enorme, quando lá chegaram e não tinha nem vestígio do lobisomem.
- Onde ele está?
- Crianças, aqui não tem lobisomem
nenhum.
- Mas professora, a gente viu o
corpo dele. Veja esse sangue é do bicho, olhe a perna de Sabu, foi o bicho.
- Mas onde ele está, Eva? Um animal
tão grande quanto o que vocês falaram não iria evaporar no ar.
- Professora, deve ter sido a bola
de fogo que caiu do céu! – Disse Ceci.
- Bola de fogo que caiu do céu?
Tenham a santa paciência crianças!
- Não estamos inventando professora,
veja! Olhe aqui.... – Eva se abaixou e tirou do chão a bala de prata. – foi com
essa bala que matamos o bicho.
A professora pegou a bala e a
analisou...
- Foi vocês que fizeram essa bala?
- Sim! Fomos nós, a senhora nos
ensinou sobre ponto de fusão de elementos químicos, a gente fez a prata ficar
liquida e fez essa bala.
A professora olhava para a bala
incrédula. Toda aquela história era muito esdrúxula, mas ela estava orgulhosa.
Terem conseguido fazer uma bala de prata, não era pouca coisa. Então ela disse:
- Então ta tudo bem, já mataram o
bicho, vamos voltar para casa. – Ela falou isso e estava evidente que ela não
estava acreditando em nada que eles falavam.
Eles ficaram muito desapontados,
pois de fato tinha acontecido. Não tinha o que fazer a não ser voltar para
casa.
No caminho dona Rosa ficou para trás
e disse a Eva,
- Bom trabalho minha filha, eu
acredito em vocês!
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